Compartilhamento:

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Projeto que divulgará frequência de vereadores na Câmara é aprovado, mas causa discussão

Debate foi motivado por suposta declaração de que vereador 

“ganhava bem”, o que causou a ira de Bispo Francisco de Assis


Por Ciro Marques
Com 17 votos favoráveis, zero contrários e nenhuma abstenção, o projeto de autoria do vereador Sandro Pimentel, do PSOL, que estabelece a divulgação da frequência dos parlamentares municipais no site da Câmara Municipal de Natal. Contudo, apesar de ser uma matéria a qual todos votaram favoráveis, a discussão foi longa e com até certo bate-boca entre colegas. O motivo? O suposto salário dos vereadores.
Segundo o autor do projeto, a ideia foi consequência do fato de que, comumente, as sessões acabam sendo encerradas mais cedo por falta de quórum. Ou seja, vários parlamentares assinam a presença, vão embora e acabam forçando o fim dos trabalhos.
Contudo, a pretensão não é, necessariamente, resolver esse problema mas, pelo menos, dar mais transparência aos trabalhos. “Quando um trabalhador assalariado, que ganha um salário de miséria, falta, é descontado. É ou não é? E o patrão não quer nem saber se o ônibus quebrou, se ele foi assaltado, se caiu um dilúvio ou se o buraco da João Medeiros Filho abriu de novo”, afirmou Sandro Pimentel.
Em seguida, falaram os vereadores Maurício Gurgel, do PHS, e Felipe Alves, do PMDB. “Concordo que essa atividade em plenário não é a única que o vereador tem, mas é um adas mais importantes”, afirmou Felipe Alves, fazendo, depois, o contraponto e dizendo que “não podemos ser rigorosos a ponto de achar que se o vereador faltou ele está descompromissado”.
Foi aí que o vereador Bispo Francisco de Assis, do PSB, pediu a palavra e, se mostrando nervoso, criticou os discursos anteriores, mais precisamente o de Maurício Gurgel, que teria feito referência ao fato do vereador ganhar bem. “Se for para abrir mão do salário e vir para cá só para fazer projeto, eu topo. Eu topo! Agora, vamos acabar com essa hipocrisia que vereador ganha”, reclamou o Bispo, dizendo que Maurício Gurgel afirmou que o parlamentar recebia R$ 15 mil mensais, mas na verdade era apenas R$ 11 mil.
Maurício Gurgel, claro, respondeu. Primeiro, explicou que R$ 15 mil e R$ 11 mil eram o bruto e o líquido dos vencimentos. Depois, negou que tivesse adjetivado seus comentários, ou seja, negou que tivesse dito que isso era um bom salários. “Não sei em que mudo vossa excelência está. Não tem para que isso. Eu não falei que era muito ou pouco. Vossa excelência, melhore”, afirmou Gurgel.
“Proponho descontar R$ 500 do vereador que faltar sem justificativa, principalmente, durante as votações. Vereador que vem aqui só assinar a lista e vai embora”, afirmou o “sempre presente” Adão Eridan, dando mais polêmica ao debate. “Se for assim, vai ter vereador aqui que vai ficar sem salário no final do mês”, previu.
É importante lembrar que os temas frequência e salário são quase dois tabus na Câmara Municipal e, quase sempre que se toca neles, há reclamações. No ano passado, quando o vereador Dickson Nasser Júnior, do PSDB, afirmou que tinha um projeto que criaria sessões plenárias também nas sexta-feiras, o próprio Bispo Francisco de Assis chamou a medida de hipocrisia. Disse que iria, mas que o próprio vereador propositor não iria comparecer.
Além disso, nessa semana, o vereador Luiz Almir, do PV, afirmou que não iria mais participar dos debates na Câmara. Apenas das votações, porque acabava perdendo muito tempo ouvindo pronunciamentos desnecessários. E, desse entendimento, compartilha o vereador Ary Gomes, do PROS. “Tem dia aqui que a gente só discute, houve muito discurso, e não funciona. Fica só na mesmice”, analisou ele.
O último a falar foi o vereador Dagô do Forró, do DEM. “Só perdi uma sessão ano passado e uma sessão este ano, que estava com a barriga meio ruim e não vinha para cá para sofrer”, finalizou o democrata, encerrando quase uma hora de debate sobre um assunto que todos se mostravam favoráveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário