Bem-humorado, ele disse que o relacionamento entre os religiosos e os fiéis mudou bastante nas últimas décadas.
Aos 66 anos de idade, sendo 22 deles dedicados aos serviços e aos fiéis da Paróquia de São Sebastião, no bairro do Alecrim, o padre José Freitas de Campos comemora 40 anos de sacerdócio com o lançamento de sua biografia na próxima segunda-feira (02). No dia seguinte, será celebrada missa comemorativa, às 19h30. Ordenado por Dom Nivaldo Monte em 1975, arcebispo metropolitano na época, ele relembra com detalhes como descobriu a vocação para o sacerdócio e o caminho que percorreu durante todos esses anos, até se tornar um dos párocos mais queridos da cidade.
Bem-humorado, ele disse que o relacionamento entre os religiosos e os fiéis mudou bastante nas últimas décadas e que isso possibilitou uma maior aproximação entre eles, favorecendo também uma melhor compreensão da palavra de Deus pelos católicos. Uma prova é o fato de quase não existir mais missas celebradas em Latim ou padres que vivem eternamente de batina. E que, por todo o seu trabalho à frente da Paróquia São Sebastião, feito com muita dedicação e bom humor, é muito requisitado para conselhos, audições e conversas com seus paroquianos.
“Gosto de trabalhar com humor, quebrar o gelo para deixar a vida mais leve, mais tranquila e também fazer com que as pessoas, que hoje levam uma vida tão atribulada com os desgastes do dia-a-dia, possam se sentir bem ao ouvir a palavra de Deus. Antes, a figura do padre era de um ser diferenciado, inalcançável, muitos tinham até mais poder sobre a sociedade que a própria polícia ou o prefeito da cidade, que chamamos de clericalismo e designa a tendência onde o pároco domina tudo. Mas, hoje isso mudou e temos uma igreja onde o protagonista principal é o leigo, parte essencial para a construção desta”, explicou.
Ele disse que essa mudança possibilitou ainda aos religiosos mostrarem que são seres humanos normais, com desejos e medos e que podem e devem ter uma vida semelhante aos fiéis. E disse que participa da vida social da comunidade, frequenta festas e comemorações. No entanto, explicou que só não pode frequentar ambientes relacionados a pecados, mas, por exemplo, beber socialmente é aceitável. “O que não é aceitável é se embriagar ou ter vícios, fazer coisas proibidas pecaminosas. Às vezes, as pessoas se surpreendem, mas eu explico que somos humanos como elas e que temos o direito de ter uma vida normal, claro, desde que longe do pecado”, disse
Padre Campos disse ser muito feliz e satisfeito com sua escolha de vida, feita ainda na infância e que, se tivesse que voltar no tempo, faria tudo novamente. Para ele, uma pessoa que opta por se tornar religioso deve fazer isso por vocação, por amor e com dedicação ao que se pretende fazer, para que seja semelhante a um casamento que foi cultivado com base nos ensinamentos de Deus, que não tem nada para dar errado. “Sou muito satisfeito e feliz por ter me tornado padre e não tenho dúvida alguma de que fui abençoado em minha decisão”, enfatizou.
Vocação surgiu aos dez anos
O lançamento da biografia do Padre Campos ocorrerá às 19h da próxima segunda-feira (03), no salão paroquial da Igreja de São Sebastião, na Avenida Coronel Estevam. O livro relata a infância dele, no município de Senador Elói de Souza, que na época, era chamado de Caiada de Baixo e como o filho do meio do agricultor e escrivão da polícia Renato Cezário Campos e da dona de casa e costureira Maria Jacinto de Freitas chegou a se tornar um dos párocos mais queridos da Capital.
“Ia com minha mãe às missas e eu achava muito bonito o pároco celebrando, então, dizia a ela que queria ser como aquele homem. Isso aos dez anos. Quando fiz 13, meus pais me colocaram em um seminário em Natal e passei 14 anos me preparando para ser padre. Estudei o ensino fundamental e médio, fiz vestibular e me formei em Letras, sendo professor em várias escolas de Natal. Passei três anos em São Paulo, onde fiz disciplinas de Filosofia e Teologia. Quando voltei, fui ordenado e comecei a minha vida como padre”, relatou.
No início de sua vida religiosa, ele passou pelas paróquias dos municípios de Pendências e Ipanguaçu, no Oeste, e depois foi transferido para Tangará, onde passou seis anos. De lá, foi para a Paróquia Sagrada Família, servir aos fiéis dos bairros das Rocas e Santos Reis pro oito anos. Encerrado esse ciclo, foram três anos em Roma, no Mestrado em Teologia e, ao retornar, assumiu o posto que ocupa até hoje na Igreja de São Sebastião.
Escritor e músico
Padre Campos também se revelou escritor, compositor e músico, autor de mais de 200 composições litúrgicas, ou seja, canções voltadas para as missas e celebrações eucarísticas. Gravou vários LP’s e CD’s, sendo que sua discografia começou em 1973, com a edição de “Missa das Bem Aventuranças”, contendo seis faixas. Os outros foram nos anos de 1980, 1985-1986, 1991, 1995-1997, 1999-2007.
Já entre os títulos escritos por ele, estão: “Liturgia: serviço do povo e para o povo de Deus”, “O Ministério da presidência: reflexão e sugestões pastorais”, “Equipes de liturgia e Celebração: Preparar, organizar e formar”, a biografia de Dom José Pereira Alves, sob o nome de “O Mestre das Palarvra”, “São Sebastião: Novena Biográfica”, que cehgou a ser exposto na Feira do Livro de Frankfurt e outros.
Fonte: JH
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