Compartilhamento:

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Importância da autoestima na luta contra o câncer

Um problema que surge perto do coração, ali também faz renascer a vida. Na segunda edição do livro “Manual do Câncer de Mama”, de autoria da advogada aposentada Idaisa Mota, de 53 anos, a abertura do capítulo que conta sua trajetória de superação do câncer de mama já dá indícios desse cenário.

“Antes de ter câncer, a nossa vida é em preto e branco, devido à sobrecarga de coisas que a gente deixa acontecer. É o acúmulo mal resolvido de problemas dos outros que pegamos para nós. Depois do câncer, a mulher renasce e aparecem as novas cores. A gente consegue pintar a vida com tons mais vibrantes”.

A narrativa faz um contraste de cores representando o renascer colorido da mulher que supera a doença. Segundo a publicação da jurista, é da presidente do Instituto Neo Mama, Gilze Frasico, e engrossa o discurso de outras mulheres que também foram acometidas pela doença, apontando a possibilidade de ser feliz mesmo após o diagnóstico do câncer e, principalmente, após a cura.

Aqui estão reunidas as histórias de cinco potiguares que podem falar com orgulho: “vida nova”. Apesar de perfis bem distintos, elas compartilham dos mesmos resultados: tornaram-se mais fortes e mais bonitas aos seus respectivos olhos após o câncer de mama.

Viver com menos preocupações e estresses diários. Viver bem e mais alegre. Esses se tornaram os objetivos de Idaisa. “Estou levando a vida com mais leveza. Deixando-a mais leve. É isso que eu tento”, diz. Ela se recuperou de um neoplasma na mama direita. O tratamento durou nove meses.

“É muito importante quando a gente passa por um problema dessa natureza. Você passa a ver a vida diferente. Você passa a valorizar a vida. Antes até valorizava, mas como se ela fosse um presente que está ali e não se acaba nunca. Quando acontece uma coisa dessas, de ficar doente, ai você para pensar e vê que não pode ser assim. Isso que eu valorizava tanto, hoje não tem tanto valor. E aí você passa a ter novos valores. Como se você renascesse, despertasse para a vida”, conta a funcionária pública aposentada, Maria Assunção Fonseca, 72. 

Ela descobriu o câncer na mama direita aos 58 anos durante um autoexame de rotina. O nódulo não chegou a medir 1 centímetro. De acordo com ela, não foi fácil encarar a doença, a sensação foi que lhe faltava chão ao descobrir, mas ela quis a vida, que é o mais importante. “A gente acredita que acontece com qualquer pessoa, mas na hora que é com você, é diferente. Logo, é uma doença que existe um estigma muito forte. Quando se está com câncer logo as pessoas já pensam que é morte imediata. E não é verdade”.

“Aprendi a me amar mais”

Com um sorriso estampado no rosto, a diarista Patrícia Damásio de Souza, 36, descobriu o nódulo durante o trabalho, mas só foi procurar um especialista dois meses seguintes, após perceber que o “caroço” estava aumentando. Mesmo sem saber o que era a doença, ela encarou o desconhecido. 

“O pessoal só chamava de nódulo maligno e eu não sabia que isso era um câncer. Uma amiga que falou. Depois fui ao médico e ele me confirmou. Foi um susto, mas aceitei de boa”, conta.

Patrícia fez um quadrante da mama com esvaziamento das axilas. O processo consiste na remoção cirúrgica de um ou mais grupos de gânglios linfáticos. Ela também fez a redução da mama para igualar os seis.

A experiência a fez enxergar a vida com outro olhar, principalmente frente ao espelho. “Aprendi a me amar mais. A me valorizar mais. Principalmente meu cabelo que eu reclamava tanto dizendo que era ruim. Quando eu me vi sem nenhum fio e vejo hoje meus cabelos eu me acho a mulher mais bonita do mundo. Antes, tudo meu era feio. Agora quando eu me olho no espelho, percebo que aprendi a gostar mais de mim”.

Pressa pelo tratamento 

A professora aposentada Margarida Lopes, 69, descobriu que estava doente em 2005, após apalpar o seio e perceber um nódulo de aproximadamente 1 centímetro. Ela fez um quadrante para retirar o tumor. “Nenhuma mulher quando recebe essa notícia fica tranquila. Comigo não foi diferente. Ninguém pode chegar e dizer que é fácil”, relembra.

Mesmo diante dessa dificuldade a primeira coisa que passou em sua cabeça ao saber do câncer de mama foi tratar com a maior urgência possível. “Eu tinha certeza que se eu tratasse ficaria boa logo”.
Com o obstáculo ultrapassado, os resquícios da doença ainda permeiam o seu dia a dia, mas, desta vez, de forma positiva já que os cuidados com si e com outros aumentaram. 

“Fiquei mais preocupada em cuidar da minha saúde, e também tive a vontade de ajudar as outras mulheres a vencer essa fase já que a proporção que eu ajudo, sou ajudada”. A doença também trouxe momentos de reflexão. “Comecei a pensar que teria que viver a vida com mais intensidade”.
Fonte: Novo Jornal

Nenhum comentário:

Postar um comentário