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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Luta de Gabriel para conseguir transplante tem novo capítulo



A defensoria pública vai tentar dialogar com o Estado para o custeio do transplante de rim do garoto Gabriel fora do Rio Grande do Norte. Caso não haja acordo, será ajuizada uma ação para forçar o Governo a pagar a cirurgia.

O NOVO contou a história do menino na edição na edição da quarta-feira passada. Ele sofre, desde que nasceu, de uma doença renal e depende de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para realizar um transplante.

Um amigo da família de Gabriel já se prontificou para ser o doador do órgão, no entanto os hospitais credenciados a fazer a cirurgia pelo SUS não dispõem de UTI pediátrica.
A Secretaria de Saúde Pública (Sesap) informou na quinta-feira que havia conseguido intermediar um contato entre o Hospital Universitário Onofre Lopes e o Hospital Infantil Varela Santiago para viabilizar o procedimento. 

O secretário procurou Hospital Varela Santiago, que tem cunho filantrópico e é conveniado com a Sesap, para receber o paciente na UTI pediátrica logo após a cirurgia. Após o procedimento, Gabriel permaneceria alguns dias no Varela Santiago e, em seguida, seria encaminhado de volta ao Huol, onde concluiria sua recuperação.

Lagreca disse que conversou com os médicos das duas unidades e que a questão estava encaminhada, restando apenas definir os últimos detalhes para que a data do transplante fosse marcada.

Contudo, a superintendência do Hospital Universitário se posicionou contrária ao acordo. A justificativa é de que o procedimento é de risco e a criança não pode ser transferida para outra unidade médica após a cirurgia.

Além do Huol, somente o Hospital do Coração, em todo o Rio Grande do Norte, também é credenciado para operar transplante de rins. Todavia a unidade também não possui UTI pediátrica.

Neste contexto, a defensora pública Fabrícia Gaudêncio, tomando conhecimento do impasse, vai tentar dialogar com o Governo, para que o transplante do garoto seja custeado pelo Estado em outra localidade. Segundo ela, há possibilidade de realização tanto no Ceará quanto em Pernambuco.

Caso não haja negociação, a Defensoria Pública vai entrar com uma ação da Justiça para obrigar o Estado do Rio Grande do Norte a arcar com os gastos, dada a necessidade que o quadro de saúde de Gabriel exige. “A ação na Justiça é a última instância, caso não consigamos acordo”, acrescenta a defensora.

A reportagem tentou entrar em contato com a Sesap, através da assessoria de comunicação, para tentar saber um posicionamento da pasta acerca da proposição da Defensoria Pública, entretanto não conseguiu.

Ainda vivo, Jornalismo segue cumprindo missão

Foto: Argemiro Lima

A história de Gabriel chegou ao NOVO através dos leitores, que procuraram a reportagem através do WhatsApp para informar a equipe sobre a situação do menino.

O NOVO acompanha o caso de Gabriel desde que a família do garoto conseguiu na Justiça o direito de realizar o transplante.
O jornal levantou o assunto nesta semana e fez com que a Secretaria de Saúde Pública do Estado se pronunciasse sobre o tema, tentando agilizar os trâmites para viabilizar o procedimento cirúrgico.

A família de Gabriel recorreu à imprensa depois de tentar, por todas as vias que puderam, conseguir a UTI para o menino.

A mídia acaba sendo a maneira encontrada da população para clamar por seus direitos e denunciar os desmandos que acontecem com os menos favorecidos.
O executivo de conteúdo do NOVO, Everton Dantas, ressalta que o caso do menino Gabriel, nesta relação com o jornal, retrata bem o momento vivido pelo Jornalismo.

“Essa história de Gabrielzinho mostra o quanto o jornalismo ainda pode ajudar pessoas reais, fazendo a ponte entre seus dramas, suas histórias e uma solução”, comenta. 

“Além disso, é imensamente gratificante ver o jornal - que hoje não é só mais um simples jornal - como instrumento de transformação e de melhoria da qualidade de vida de uma família. Essa história mostra bem o atual momento que o NOVO está vivendo, preocupado em se abrir cada vez mais à comunidade local, retratar suas histórias e contribuir para o desenvolvimento do estado”, completa o jornalista.

Os pais de Gabriel afirmaram que o trabalho da imprensa tem contribuído para ajudar a providenciar a UTI para o transplante do menino. 

Depois das reportagens publicadas neste periódico, a família tem mais esperança de que os entraves para a realização do transplante sejam resolvidos. 

“Muito obrigado! Disseram lá no hospital que a matéria de vocês ajudou muito para eles resolverem. A história de Gabriel está abrindo portas para as outras crianças com o mesmo problema”, disse Gleise Ferreira, mãe do garoto.

O drama de Gabriel

A edição da quarta-feira do NOVO trouxe a público o drama da família do garoto Gabriel, que luta para conseguir uma UTI para que ele realize um transplante de rim.
Desde que nasceu, Gabriel é submetido ao processo de diálise peritoneal, por conta da patologia que também veio junto com ele ao mundo. O garoto sofre de rins policísticos, uma doença que compromete o funcionamento dos órgãos que servem como filtro do organismo.

Há um ano e três meses, um amigo da família se dispôs a doar um rim para o menino e, no mesmo espaço de tempo, os pais dele brigam para tentar arrumar uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pediátrica, necessária para os cuidados depois da cirurgia e requisito para a liberação do procedimento.

Enquanto a liberação dia não chega, Gabriel mantém sua rotina diária. São 11 horas por dia de diálise peritoneal, normalmente feita à noite, para não atrapalhar o dia do garoto de 6 anos de idade.

Durante o processo, realizado de domingo a domingo, Gabriel fica ligado por uma mangueira e um cateter à que ajuda a remover os resíduos e o excesso de água do seu corpo.
De maneira automática, o equipamento, que foi cedido à família pelo serviço de saúde pública, controla a quantidade de líquidos para cada troca, a infusão e o tempo de permanência.
Além disso, de segunda a sábado Gleise precisa levar o pequeno Gabriel até um clínica na rua Assu, em Petrópolis, para trocar o curativo depois que é finalizado o procedimento da diálise.
A substituição do curativo não pode ser feita em casa pelo risco de oferece a possibilidade de inflamação.

A família mora no conjunto Nordelândia, na Zona Norte. Para chegar até o ponto de ônibus, o pai de Gabriel, Iramberg Ferreira, precisa levar os dois de moto, porque a distância é muita.
De lá, mãe e filho pegam um coletivo e, por muitas vezes, levam toda a tarde para conseguir chegar em casa novamente.

Além de toda a dificuldade que a patologia impõe, a família de Gabriel não tem condições de custear o espaço em um hospital particular para que a cirurgia ocorra.

Na modesta casa construída pelo próprio Iramberg e seu irmão, moram, além do casal e do garoto, a avó de Gleise, Dona Maria do Carmo, e a outra filha dos dois, Naili, de 8 anos.
A renda da família vem do benefício recebido por Gabriel e do dinheiro que Iramberg faz consertando autofalantes na oficina que montou nos fundos do imóvel.

O amigo da família que se dispôs a ser doador para o garoto, Cláudio Dragão, já perdeu mais de 20 quilos para conseguir adequar as suas taxas e ter a liberação para o transplante. “Já está tudo certo, só falta mesmo a UTI”, reforça Gleise.
Fonte: Novo Jornal

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