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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A PÁTRIA DE CHUTEIRAS: O QUE ACONTECEU COM OS ESTÁDIOS DEPOIS DA COPA DOIS ANOS DEPOIS

O Mundial de 2014 passou e o chamado legado da copa está aí. O problema é que grande parte dele é ruim para o povo brasileiro, que continua a pagar a alta conta pelas famosas arenas padrão FIFA. Foram gastos nada menos do que R$8,3 bilhões entre construções e reformas de 12 estádios, sendo que desse montante, R$3,815 bilhões saíram dos cofres do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de acordo com balanço do Ministério do Esporte. Muitas arenas estão obsoletas, os chamados elefantes brancos, outras possuem um grande volume de jogos, mas não geram lucros devido ao alto custo de manutenção. Vamos conhecer a seguir um a um, como está a atual situação dos estádios da Copa do Mundo de 2014.
Estádio Mané Garrincha
01 - Estádio Mané Garrincha – O Estádio Mané Garrincha, localizado em Brasília, é o mais caro entre os 12 construídos ou reformados para a realização da Copa do Mundo de 2014. Com custo superior a R$1,5 bilhão bancados com dinheiro público e capacidade para 72 mil pessoas, ele abrigou apenas sete partidas do Mundial. Cabe também ao governo do Distrito Federal a manutenção do local, estimada em R$600 mil por mês causando um prejuízo anual de R$3,6 milhões. Como Brasília não possui nenhum clube nas principais divisões do Campeonato Brasileiro, muitas equipes da Série A são convidadas a mandarem seus jogos para lá, o que gera as maiores rendas do estádio. Além disso, o Distrito Federal decidiu usar o espaço como sede de secretarias do governo para minimizar os danos.

Mineirão
02 - Mineirão – Palco do maior vexame da história do futebol brasileiro, o 7×1 para a Alemanha, o Mineirão também faz feio no que diz respeito às finanças. A reforma para o mundial custou R$677 milhões por meio de uma parceria público privada (PPP) em que o governo de Minas Gerais paga uma parcela para a Minas Arena, administradora do estádio. Uma porcentagem da parcela está atrelada a bons resultados financeiros do Mineirão, o que não acontece. Em quase três anos, a Minas Arena registrou R$85 milhões de prejuízo acumulado. Isso fez com que o governo reduzisse em R$2,9 milhões o valor repassado à empresa em abril deste ano. Se a situação ruim permanecer, os repasses públicos podem diminuir ainda mais.

Beira-Rio
03 - Beira-Rio – O estádio do Internacional foi reformado para ser uma das sedes da Copa de 2014 a um valor de R$330 milhões, o mais baixo de todos. Para modernizar o local, o clube recorreu a uma parceria com a construtora Andrade Gutierrez, que em troca ficaria com o direito de explorar as áreas mais nobres, como camarotes, vagas de estacionamento e praças de alimentação, modelo semelhante ao adotado pelo Palmeiras. O problema é que a construtora está tendo prejuízo nessa operação por conta dos altos juros pagos pelo dinheiro gasto na reforma, R$48 milhões de déficit desde a reabertura do Beira-Rio.

Arena Pernambuco
04 - Arena Pernambuco – O estádio localizado em São Lourenço da Mata, região metropolitana de Recife, é outro mau exemplo de parceria público privada que não deu certo. A administração caberia a Odebrecht por 33 anos, mas não durou nem três. A construtora preferiu devolver a gestão ao Estado por ser deficitária e também por suspeitas de superfaturamento na obra. Foram gastos na construção mais de R$530 milhões e outros R$75 milhões de dinheiro do contribuinte entre junho de 2013 a junho de 2015 para cobrir prejuízos da construtora. Uma cláusula no contrato previa isso caso os três clubes de Pernambuco não jogassem no local, apenas o Náutico optou por mandar seus jogos lá.

Castelão
05 - Castelão – A Arena Castelão foi o primeiro estádio para a Copa de 2014 a ficar pronto, em janeiro de 2013. Construído por meio de uma parceria público privada (PPP) ao custo de pouco mais de R$500 milhões, o local era administrado pelo consórcio Luarenas, mas o Governo do Estado do Ceará reassumiu a gestão em novembro de 2014 por falhas na administração. O Castelão tem capacidade para mais de 60 mil torcedores, mas é difícil ver as arquibancadas lotadas, já que possui uma média de ocupação de 33% mesmo com um dos ingressos mais baratos do país. A falta de um público maior fez com que o estádio fechasse o ano de 2015 com um prejuízo de R$4,4 milhões.

Arena das Dunas
06 - Arena das Dunas – A Arena das Dunas, situada em Natal, não teve um custo alto para ser construída se compararmos com outras arenas da Copa, cerca de R$400 milhões por meio de uma parceria público privada (PPP). Porém, em agosto deste ano, a Justiça determinou a suspensão do pagamento das parcelas mensais do estado do Rio Grande do Norte à concessionária que administra o estádio por conta de um sobrepreço de R$77 milhões na obra do local. Para piorar ainda mais a situação, a arena não é rentável. Fechou o ano de 2015 com um prejuízo de R$16 milhões muito por conta da baixa média de público, apenas 25% de taxa de ocupação.

Maracanã
07 - Maracanã – A Odebrecht foi a empresa escolhida para administrar o Maracanã como concessionária por meio de uma parceria público privada (PPP). A reforma para a Copa de 2014 consumiu R$1,2 bilhão, o dobro do valor previsto. Se não bastasse toda essa quantia gasta, o estádio com capacidade para mais de 78 mil pessoas não é rentável, pois em três anos de operação a construtora registrou um prejuízo acumulado de R$173,4 milhões. Por essa razão, a Odebrecht quer devolver a administração do Maracanã para o governo estadual, que em grave crise financeira, não estaria disposto a arcar com mais essa despesa. No meio desse jogo de empurra, o Flamengo já mostrou interesse em assumir o Maracanã, mas teria que resolver várias questões contratuais para isso.

Arena da Amazônia
08 - Arena da Amazônia – A Arena da Amazônia é o estádio menos utilizado entre os 12 que abrigaram jogos da Copa do Mundo. Ela custou mais de R$600 milhões aos cofres públicos sendo um exemplo clássico de elefante branco, pois o futebol é pouco desenvolvido no Amazonas. Para se ter uma ideia da baixa atividade no local, o estádio sediou só 12 jogos oficiais em 2015, que arrecadaram pouco mais de R$720 mil fechando o ano no vermelho com 4,8 milhões. Houve uma partida válida pela Série D do Campeonato Brasileiro entre Nacional-AM e Náutico-RR com apenas 260 pagantes, muito distante da capacidade total da arena, de 44 mil pessoas.

Arena Pantanal
09 - Arena Pantanal – Outra cidade com pouquíssima tradição no futebol é Cuiabá, onde está localizada a Arena Pantanal. Construído com 100% de dinheiro público para o Mundial, o local custou R$700 milhões e consome mais R$600 mil mensais de manutenção do Governo do Mato Grosso. A arena não foi finalizada até hoje por questões judiciais e é possível ver vários problemas no local como telões apagados, catracas desligadas, falhas no sistema de som e problemas no ar condicionado dos vestiários. O estádio tem uma taxa de ocupação em jogos de futebol de apenas 13%, uma das menores do Brasil e registrou prejuízo de R$4,2 milhões em 2015. Para tentar reverter um pouco os números negativos, o governo estadual tem usado a Arena Pantanal como espaço cultural gratuito para a população e outros eventos, como o futebol americano e futebol amador.

Arena da Baixada
10 - Arena da Baixada – Outro estádio particular que foi reformado exclusivamente para a Copa do Mundo é a casa do Atlético-PR, a Arena da Baixada. Com orçamento inicial de R$184 milhões, a obra saltou para R$395 milhões causando uma divergência entre clube e poder público sobre quem deve bancar a diferença. Se isso não bastasse, a Arena da Baixada ainda gera prejuízo para o Furacão justamente por ter um alto custo de manutenção, cerca de R$100 mil por partida.
Arena Fonte Nova
11 - Arena Fonte Nova – A casa do Bahia foi totalmente remodelada para atender ao chamado padrão FIFA e, para isso, foram gastos mais de R$680 milhões. Odebrecht e OAS dividem a administração do estádio por meio de parceria público privada (PPP) e recebem aporte do governo pela construção do estádio. O consórcio que administra a Fonte Nova registrou prejuízo nos três anos de operação, só em 2015 foram R$24,3 milhões. A utilização do local para grandes shows e eventos poderia reforçar o caixa e amortizar esse déficit, mas uma ordem judicial proíbe esse tipo de atração na arena por conta da lei do silêncio.

Arena Corinthians – O sonho da casa própria do torcedor corintiano está se revelando um verdadeiro pesadelo. O palco da abertura da Copa do Mundo de 2014 custou mais de R$1 bilhão e começou a ser pago pelo Corinthians em julho do ano passado em parcelas mensais de R$5,7 milhões. Isso significa que o clube precisa repassar à Caixa Econômica Federal, agente financeira do empréstimo, cerca de R$70 milhões por ano. Em 2015, quando o time conquistou o hexacampeonato e as arquibancadas estavam sempre lotadas, conseguiu lucro de apenas R$20,8 milhões, muito distante da meta estipulada. A diretoria parou de pagar as parcelas em abril deste ano e pediu um prazo maior de carência para a Caixa, que ainda não foi atendido. Se não aumentar as receitas, o clube corre o risco de perder a gestão do estádio para a Odebrecht por não cumprir as metas estipuladas em contrato.

FONTE: https://esportes.yahoo.com

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