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sábado, 19 de fevereiro de 2022

Eduardo Gosson deixa rico legado sobre a história da Justiça potiguar

Mais do que um intelectual, Eduardo Gosson foi um gentleman. Homem de letras, atencioso com as pessoas, conhecia como poucos a história do Poder Judiciário potiguar. Conversar com ele era como voltar no tempo. Dono de uma memória prodigiosa, sabia de cór várias passagens, histórias, nomes e gente, gente protagonista em mais de um século de existência do Tribunal de Justiça potiguar. Perdemos esta figura, personalidade com ideias e gestos próprios, nesta sexta-feira (18), em uma Natal a lhe dever deferência.

Nesta sexta-feira (18/2), a partir das 14h30, a Rádio Web Justiça reprisa a entrevista dele para o primeiro programa “Memória da Justiça”, gravado em 2018.

Para ouvir a entrevista clique AQUI
O velório acontece às 16h, no Morada da Paz da Rua São José, em Natal.

Filho de Elias Antonio Gosson e Maria Dantas de Araújo, nasceu em 1º de junho de 1959, na Maternidade Januário Cicco, bairro de Petrópolis. Provinha de uma família libanesa. Seus pais aportaram no Ceará e viveram alguns anos em Maranguape, chão natal de Chico Anysio. No jornalismo, Gosson editou o suplemento “Contexto”, em A República. Presidiu durante anos a União Brasileira dos Escritores no Rio Grande do Norte (UBE/RN), conduzindo-a com dedicação, esforço e apoio de alguns colegas da literatura.

Além de criar versos, abraçou a sociologia e a atividade memorialista e durante cerca de duas décadas colaborou intensamente para a preservação da memória do TJ norte-rio-grandense. E não cuidou apenas de processos, livros, fotos e outros utensílios típicos de memorabília. Escreveu, escreveu muito sobre o Judiciário de seu estado afetivo. Entre eles, vem à mente “História do Poder Judiciário do RN” (1998) e “Ministros Potiguares” (2005), essenciais para quem deseja conhecer sobre a trajetória do poder das leis e do direito no estado. Também publicou trabalhos em crônica e poesia. Um dos seus livros mais destacados é “Sociedade e Justiça” (1998).

Idealizou o Memorial do Poder Judiciário Desembargador Vicente de Lemos, com zelo e compromisso. Era um ser humano que ia além das construções físicas, respeita os outros, tinha opiniões e olhar peculiar perante a vida e o mundo e capaz de gestos generosos e afetivos. Professor, poeta, plural.
Rádio Web
Em 27 de agosto de 2018, ele participou do Memória da Justiça, da Rádio Web Justiça Potiguar, na estreia dos programas radiofônicos desta série criada pela Secretaria de Comunicação Social do TJRN, na gestão do desembargador Expedito Ferreira à frente da Presidência do Tribunal. Na oportunidade, ele lembrou do início do Memorial da Justiça Potiguar. “Isso aí foi um sonho (…) começamos a articular as pessoas, as instituições, os estudantes (…)”. O programa foi apresentado pelo jornalista Juliano Freire, produção das jornalistas Neli Terra e Ariane Viana, com a sonoplastia de Marcos Barros.

Na entrevista, ele mencionou que o terreno onde está o prédio do Memorial pertenceu ao médico, filósofo, político e jornalista baiano do século XIX, Cipriano Barata (1762-1838), radicado em Natal. O edifício foi erguido pelo neto e médico Loyola Barata. No decorrer da entrevista, ele fala sobre a preservação de processos históricos como o referente a Lampião e a passagem da Coluna Prestes pelo estado, na década de 1920.

Durante o programa, os advogados e escritores Carlos de Miranda Gomes e Lívio Oliveira falam sobre a pessoa e o intelectual, primeiro entrevistado da série.

Gosson ao ser questionado sobre grandes juristas potiguares, citou Amaro Cavalcanti, que formou-se em Direito em Nova York; foi ministro do Supremo Tribunal Federal; atuou na Corte de Haia e escreveu mais de 50 livros. Além deste símbolo do direito, nascido no RN, mencionou Seabra Fagundes, desembargador aos 25 anos e ministro da Justiça no governo do presidente Café Filho e o jurista Carvalho Santos.

Quando se falar em história da Justiça potiguar, haverá sempre uma página a lembrar de Eduardo Gosson.

NOTA DE PESAR

Em nome de magistrados e servidores, colaboradores e da comunidade jurídica do Rio Grande do Norte, o presidente do Tribunal de Justiça (TJRN), desembargador Vivaldo Pinheiro, lamenta profundamente o falecimento do escritor, sociólogo e professor Eduardo Gosson, que durante anos atuou no Memorial da Justiça Potiguar Desembargador Vicente de Lemos, com extrema atenção, dedicação e visão histórica.

Na percepção do dirigente da Corte de Justiça, não há como se falar em memória do Poder Judiciário do RN sem lembrar deste dedicado servidor. Sua obra e trajetória junto à Justiça estadual permanecerão na lembrança de todas e todos que fazem o TJ e servirão de subsídios para estudos e pesquisas a serem realizadas pelas gerações presentes e futuras.

Aos familiares, amigos, colegas e pessoas próximas ao escritor, Vivaldo Pinheiro dirige sua palavra de solidariedade, sentimentos e respeito neste momento de dor, saudade e memória.

Fonte: TJRN

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