Confrontos deste domingo (6) envolveram apoiadores e opositores do líder deposto Mursi
Homem carrega mulher após policiais lançarem bombas de gás lacrimogêneo em Cairo, capital do Egito
Reuters
Subiu para 38 o número de pessoas que morreram neste domingo (6) no
Egito em confrontos entre partidários do presidente deposto Mohamed
Mursi, opositores e forças de segurança durante manifestação para
comemorar o 40º aniversário da guerra árabe-israelense em 1973.
Nenhum policial aparece entre as vítimas fatais, segundo um funcionário
do Ministério do Interior. Trata-se do maior balanço de mortos desde a
repressão iniciada em 14 de agosto para dispersar partidários de Mursi
que pedem sua volta ao poder. Os atos violentos desse dia e da semana
seguinte deixaram mais de mil mortos, a maioria simpatizantes do
islamita.
Pelo menos 32 pessoas morreram no Cairo, quatro em Beni Sueif, uma em
Delga, no centro do país, e outra em Asiut (sul), informou Khaled
al-Khatib, alto funcionário do departamento de emergências do Ministério
da Saúde, sem revelar as identidades das vítimas, ou as circunstâncias
das mortes.
Segundo Khatib, outras 209 pessoas ficaram feridas durante os confrontos deste domingo.
Vários enfrentamentos entre simpatizantes e opositores de Mursi foram
registrados na capital na manhã deste domingo. A polícia usou gás
lacrimogêneo e balas de borracha para dispersas os manifestantes.
No Cairo, centenas de opositores de Mursi se reuniram na manhã deste
domingo na emblemática praça Tahrir, símbolo da revolta que derrubou, em
2011, o então presidente Hosni Mubarak.
Jornalistas da AFP relataram que aviões de caça sobrevoaram a capital
em comemoração ao aniversário de 40 anos da guerra entre israelenses e
palestinos.
Os manifestantes, que foram revistados pelas forças de segurança na
entrada da praça, levaram inúmeros retratos do general Al-Sissi -
comandante do Estado Maior, vice-premier e ministro da Defesa -,
considerado o novo homem forte do Egito.
Na véspera, o Ministério do Interior advertiu que reagiria com
"firmeza" a qualquer sinal de desordem durante as comemorações do 40º
aniversário da guerra de 1973 contra Israel. O conflito de 1973 -
conhecido como Guerra de Outubro, nos países árabes, e Guerra de Yom
Kippur, no Estado hebreu - é lembrado com orgulho no Egito. Junto com as
forças sírias, os egípcios conseguiram surpreender as defesas
israelenses durante a celebração do Yom Kippur (o Dia do Perdão), em
Israel.
Posteriormente, essa ofensiva permitiu a recuperação da Península do Sinai, graças ao tratado de paz firmado em 1979.
A Aliança contra o Golpe de Estado, liderada pela Irmandade Muçulmana,
pediu aos militantes que se encontrassem neste domingo na praça Tahrir.
O movimento encabeçado pela confraria islamita "reitera seu chamado
para que todos os egípcios continuem suas manifestações em todo o país e
se reúnam no domingo, 6 de outubro, na Praça Tahrir para homenagear o
Exército por essa vitória, assim como seus dirigentes".
O movimento Tamarrod, responsável pelas grandes manifestações que
culminaram com a queda de Mursi do poder, também convocou seus
seguidores a "ocuparem todas as praças do Egito" neste domingo para
defender a revolução de 2011.
No sábado, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar estudantes
islamitas, que tentavam chegar à praça Rabaa al Adawiya, no Cairo. Em
agosto, essa praça foi palco de violenta repressão, lembrou uma fonte de
segurança, acrescentando que oito membros da Irmandade foram presos
perto dali.
Quatro pessoas morreram na sexta-feira, e outras 40 ficaram feridas no
Cairo, durante enfrentamentos entre simpatizantes e adversários de
Mursi.
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