Repúdio aos EUA é reação calculada
Publicação: 27 de Outubro de 2013
Lori Hinnant e John-Thor Dahlburg - Associated Press
Bruxelas (AE) - À medida que os detalhes dos programas de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) se tornaram públicos por meio do ex-agente Edward Snowden, cidadãos, ativistas e políticos em países da América Latina à Europa fizeram fila para expressar choque e ultraje em relação ao que Washington pode saber sobre eles. Políticos, entretanto, também estão usando a ameaça à privacidade de seus cidadãos para turbinar seu desempenho nas pesquisas de opinião pública ou para distrair a atenção de seus próprios problemas domésticos. Alguns até deixaram o assunto de lado para manter boas relações com os Estados Unidos.
Após um jornal francês ter divulgado que a NSA espionou 70,3 milhões de chamadas telefônicas dos franceses num período de 30 dias, o governo francês convocou o embaixador norte-americano para pedir explicações e colocou a questão da proteção de dados pessoais na agenda da reunião de cúpula da União Europeia, realizada na última semana.
Com o governo da Alemanha acusando a NSA de ter espionado as ligações da própria chanceler Angela Merkel, o assunto cresceu e levou o Parlamento Europeu a votar pela suspensão de um programa de compartilhamento de informações sobre “terrorismo” e de dados financeiros com os Estados Unidos. O texto suspende o Programa de Rastreamento de Finanças Destinadas ao Terrorismo, conhecido pelas inicias TFTP, em resposta a suspeitas de que os EUA teriam coletado dados bancários de cidadãos da UE armazenados pela empresa belga Swift. O programa permite aos EUA acesso a dados financeiros de correntistas sob suspeita de “terrorismo”, mas os documentos vazados por Snowden sugerem que os norte-americanos monitoraram informações dentro da rede de transferências sem nenhuma relação com “terrorismo”.
Para o ex-ministro de Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, a posição oficial do governo Hollande de que nações amigas não deveriam espionar umas às outras não pode ser levada ao pé da letra. “A magnitude da espionagem é o que nos chocou”, disse Kouchner em entrevista a uma rádio. “Sejamos honestos, nós também espionamos. Todo mundo está ouvindo todo mundo. Mas nós não temos os mesmos meios que os Estados Unidos, o que nos deixa com inveja. E, em parte, é uma espécie de jogo entre as agências de inteligência descobrir espionagens, muito embora as agências, especialmente as norte-americanas e a francesa, trabalhem juntas de forma muito eficiente”, disse o ex-chanceler da França.
O governo francês, que até a semana passada vinha se mantendo silencioso diante da espionagem generalizada dos EUA em seu território, pode ter tido outras razões para vir a público criticar as práticas norte-americanas. O furor em torno da NSA desviou a atenção da mídia para longe da controversa expulsão de uma família de ciganos num momento em que a popularidade do presidente François Hollande está numa mínima histórica. Apenas 23% dos franceses aprovam o trabalho que ele vem fazendo no comando do país, conforme pesquisa divulgada no último fim de semana.
Bruxelas (AE) - À medida que os detalhes dos programas de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) se tornaram públicos por meio do ex-agente Edward Snowden, cidadãos, ativistas e políticos em países da América Latina à Europa fizeram fila para expressar choque e ultraje em relação ao que Washington pode saber sobre eles. Políticos, entretanto, também estão usando a ameaça à privacidade de seus cidadãos para turbinar seu desempenho nas pesquisas de opinião pública ou para distrair a atenção de seus próprios problemas domésticos. Alguns até deixaram o assunto de lado para manter boas relações com os Estados Unidos.
Yves Logghe/AP/EcMerkel tentou defender EUA, mas Parlamento Europeu terminou suspendendo compartilhamento de informações sobre terrorismo
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Com o governo da Alemanha acusando a NSA de ter espionado as ligações da própria chanceler Angela Merkel, o assunto cresceu e levou o Parlamento Europeu a votar pela suspensão de um programa de compartilhamento de informações sobre “terrorismo” e de dados financeiros com os Estados Unidos. O texto suspende o Programa de Rastreamento de Finanças Destinadas ao Terrorismo, conhecido pelas inicias TFTP, em resposta a suspeitas de que os EUA teriam coletado dados bancários de cidadãos da UE armazenados pela empresa belga Swift. O programa permite aos EUA acesso a dados financeiros de correntistas sob suspeita de “terrorismo”, mas os documentos vazados por Snowden sugerem que os norte-americanos monitoraram informações dentro da rede de transferências sem nenhuma relação com “terrorismo”.
Para o ex-ministro de Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, a posição oficial do governo Hollande de que nações amigas não deveriam espionar umas às outras não pode ser levada ao pé da letra. “A magnitude da espionagem é o que nos chocou”, disse Kouchner em entrevista a uma rádio. “Sejamos honestos, nós também espionamos. Todo mundo está ouvindo todo mundo. Mas nós não temos os mesmos meios que os Estados Unidos, o que nos deixa com inveja. E, em parte, é uma espécie de jogo entre as agências de inteligência descobrir espionagens, muito embora as agências, especialmente as norte-americanas e a francesa, trabalhem juntas de forma muito eficiente”, disse o ex-chanceler da França.
O governo francês, que até a semana passada vinha se mantendo silencioso diante da espionagem generalizada dos EUA em seu território, pode ter tido outras razões para vir a público criticar as práticas norte-americanas. O furor em torno da NSA desviou a atenção da mídia para longe da controversa expulsão de uma família de ciganos num momento em que a popularidade do presidente François Hollande está numa mínima histórica. Apenas 23% dos franceses aprovam o trabalho que ele vem fazendo no comando do país, conforme pesquisa divulgada no último fim de semana.
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