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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Violência sem controle nos estádios



Carlos Arthur da Cruz
Repórter

São punições atrás de punições. Perdas de mandos de campo sucessivas, entretanto, nada muda com relação às brigas de torcidas.  Dos clubes que disputam a Série A, 17 das 20 torcidas estiveram envolvidas em episódios de violência este ano. Na Série B, por conta de uma confusão entre torcedores do Palmeiras e a Polícia ainda em 2012 o clube iniciou a competição perdendo quatro mandos de campo. Em julho, uma nova briga envolvendo duas organizadas culminou com a perda de mais dois mandos de jogo.

Em 2008, a CBF proibiu a venda e consumo de bebidas alcoólicas com o objetivo de coibir a violência entre torcidas. O problema é que as confusões continuam acontecendo. Além disso, os torcedores que ingeriam bebida durante o jogo, agora ficam do lado de fora até próximo do hoário de início da partida consumindo álcool do lado externo do estádio,com isso um número maior de pessoas adentra ao mesmo tempo, podendo causar aglomerações nos portões de entrada.

Durante a disputa do Brasileirão desse ano, por conta de briga entre torcedores, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) determinou punições a Corinthians, Vasco e Palmeiras. São Paulo, Cruzeiro e Atlético podem ser os próximos integrantes dessa lista. O Tricolor Paulista pode perder de 1 a 10 mandos e pagar uma multa de R$ 100 a R$ 100 mil, após a confusão da torcida organizada com a Polícia Militar, no último domingo (15). O Ministério Público de São Paulo informou que vai pedir a extinção das torcidas Gaviões da Fiel, do Corinthians, e Independente, do São Paulo. Em Belo Horizonte, torcedores do Cruzeiro brigaram entre si e atiraram bombas na torcida do Atlético-MG. Como o Galo era o mandante do jogo, também deve ser denunciado pelo procurador Paulo Schimitt.

Percebendo que a atuação do tribunal na punição aos clubes não vem resolvendo os problemas envolvendo brigas, o presidente do STJD declarou que o futebol brasileiro tem uma doença e fala na volta dos jogos com portões fechados. “Estamos convivendo com doentes de torcida organizada. Por mim, o STJD deveria adotar a punição de portões fechados. É a recomendação da Fifa. Queremos sim que a CBF adote isso no regulamento”, disse.
dida sampaioClubes brasileiros mantém ligações com torcidas violentasClubes brasileiros mantém ligações com torcidas violentas

Segundo Zveiter, os órgãos de segurança pública devem atuar na prevenção dos conflitos entre os vândalos. “Quando chega ao STJD, o problema já aconteceu. Nós somos a ponta final e temos por incumbência apenas punir eventualmente um clube, cuja torcida participou de algum tipo de conflito. É preciso cuidar da prevenção”, argumentou. O presidente ainda fez questão de ressaltar o apoio que as torcidas organizadas recebem, afirmando que os clubes também são, em parte, responsáveis pelas confusões protagonizadas por elas.

Discurso afinado com o do Ministério Público do Estado de São Paulo. Roberto Senise Lisboa, promotor do órgão, aponta três motivos principais para o problema da violência no futebol: “Desorganização das torcidas organizadas, a presença em alguns cargos de direção de torcida e mesmo de clube de pessoas que têm antecedentes criminais e os próprios clubes, que demonstraram durante todo esse tempo sua irresponsabilidade quanto às torcidas organizadas. É sabido no futebol que diretores de clube, muitas vezes ligados a torcidas organizadas, subsidiam as torcidas”, disse.

O caso mais emblemático de combate à violência entre torcedores no futebol é o da Inglaterra. Após o episodio conhecido como “tragédia de Heysel”,no dia 29 de maio de 1985, em que um tumulto causado por torcedores ingleses causou 39 mortes no Heysel Park, na Bélgica, pouco antes do inicio da partida final da Copa dos Campeões da Europa, entre Liverpool-ING e Juventus-ITA. Como punição, a Federação Inglesa baniu seus clubes das competições européias por cinco anos. A partir daquela data, seis leis foram implantadas para tentar conter os “hooligans”. A mais recente, de 2000, prevê, alem da prisão, banimento dos estádios por até dez anos, para quem se envolver em alguma confusão. Em caso de reincidência, há previsão de afastamento perpétuo dos campos. Torcedores podem ser punidos até por um xingamento ou tatuagem.

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