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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Violência afasta os torcedores

Itamar Ciríaco - editor de Esportes

Os números da pesquisa realizada pela Smart Opinião Pública e Mercado revelam que o medo da violência está afastando os torcedores dos estádios de futebol no Rio Grande do Norte. Segundo o diretor-presidente da empresa, Tadeu Oliveira, 71,52% dos entrevistados creditaram ao problema da insegurança os baixos públicos, superando inclusive o número referente aos preços dos ingressos. Os dados foram coletados em duas oportunidades. A primeira delas no jogo entre América e Ceará, no estádio Nazarenão (26/10) e depois no clássico ABC x América, no estádio Frasqueirão (02/11). Foram feitas 309 entrevistas e a margem de erro é de 4%.

Esses jogos, palcos da pesquisa são emblemáticos, uma vez que a violência registrada nos arredores do estádio Nazarenão, quando quatro pessoas acabaram sendo baleadas, resultaram em uma semana de debates a respeito da violência e fez com que o público esperado para o clássico, no Frasqueirão acabasse sendo reduzido.

“Isso é um indicativo muito sério que precisa ser observado pelos dirigentes dos clubes e também pelos gestores públicos do nosso Estado. Essa pesquisa foi direta que mostrou que a segurança é com certeza uma preocupação importante e é o resultado da diminuição de público nos estádio”, diagnosticou Tadeu Oliveira, diretor-presidente da Smart.
Magnus NascimentoHorários impróprios e transporte contribuem com esvaziamentoHorários impróprios e transporte contribuem com esvaziamento

Diante dessa realidade, o presidente do América, Alex Padang afirma que não adianta mais para o futebol do Rio Grande do Norte realizar reuniões paleativas às vésperas dos clássicos ou grandes jogos. “Precisamos realizar um fórum abrangente sobre o assunto e o momento é esse. Temos que reunir América, ABC, FNF, Polícia, Ministério Público e talvez até algumas pessoas que militam no futebol, mas que estão fora desse contexto que vivemos para tomar medidas concretas e que não sejam meros paleativos para os clássicos”, sugeriu.

Padang identifica o momento atual como primordial para tentar resolver o problema da violência que tem feito os torcedores migrarem dos estádios para as transmissões via TV por assinatura. Os números da pesquisa Smart mostram que 34,95% dos entrevistados apontam a concorrência da TV como um dos motivos de esvaziamento das arquibancadas. “Com certeza o torcedor acaba preferindo a TV. Ele se sente mais seguro e sua família também”, analisou Padang.

O ABC tem uma opinião discordante sobre a questão da violência e atribui à sensação de insegurança, no deslocamento do torcedor e não aos casos de violência propriamente dita nos estádios. “Dentro do estádio não temos ocorrências a muito tempo. O problema é o caminho feito pelo torcedor e essa sensação de insegurança que se acerca disso”, disse Stênio Dantas, executivo de marketing do clube.

Rivais fora de campo, ABC e América também discordam em relação a questão da transmissão dos jogos pela TV. O Alvirrubro afirma, que, reconhece a concorrência, mas ainda vê nos pagamentos feitos pelas emissoras para os clubes um grande negócio, financeiramente falando, apesar da perda de torcedores nos estádios. “Em um jogo normal 40% do público a gente perde para a TV. Em uma decisão cerca de 20%. no entanto, se você observar que a TV para R$ 3 milhões diretamente ao clube, cobre despesas de viagem, hospedagem e alimentação esses R$ 3 milhões viram R$ 6 milhões. Dividindo esse valor por 19 jogos dá cerca de 300 mil por jogo. Pode ter certeza que não teremos, com esse percentual que perdemos para a TV um retorno de 300 mil, logo é sim um bom negócio”, explicou Padang.

O ABC discorda da posição adotada pelo América  e acredita que perde público e que o arrecadado não compensa o que é pago ao Alvinegro pela emissora detentora dos direitos. “Na Série B não compensa. Clubes como o ABC perdem. Já para Palmeiras e Sport eu tem cotas de até R$ 50 milhões é compensador”, reclama Stênio Dantas, executivo de marketing abecedista.

Segundo Tadeu Oliveira, da empresa responsável pela pesquisa, existe uma interligação entre a questão da insegurança, das transmissões de TV e o próprio preço dos ingressos. “Observe que é uma escada, uma sequência de fatos. Você hoje tem mais segurança em um bar e gasta muito menos do que indo a um estádio. Hoje você pega sua família senta em um bar e com R$ 30 a R$ 40 assiste a um jogo de futebol. Ou seja, isso está tirando o público das Séries A e B. É melhor fazer lazer hoje em um bar do que ir a um estádio de futebol”, decreta.


Tribuna do Norte

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