Delator do mensalão teve a prisão decretada pelo STF na última sexta-feira e aguarda notificação oficial para se entregar
O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), delator do mensalão, passou a manhã deste domingo passeando em sua moto Harley-Davidson, na cidade de Levy Gasparian, no interior do Rio (Diana Brito/Folhapress)
Enquanto aguarda a notificação oficial da prisão decretada na última sexta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) decidiu aproveitar seus "momentos finais de liberdade" para passear com uma moto Harley Davidson na manhã deste domingo.
Vestindo capacete, jaqueta de couro e calça jeans, Jefferson saiu de casa, em Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio de Janeiro, para passear com sua moto acompanhado de um amigo e ficou fora por cerca de três horas. Os agentes da Polícia Federal que fazem plantão em sua casa desde o início da madrugada de sábado não o acompanharam.
Perguntado por repórteres onde havia ido, o delator do mensalão respondeu: "Estou desfrutando os momentos finais da minha liberdade. Quanto a vocês, curtam sua liberdade, que é o bem mais precioso que vocês têm."
Ao chegar do passeio, Jefferson foi abordado pelo comerciante Afonso Celso Dominguito de Castro, de 55 anos de idade, que o esperava "para ser o primeiro doador" na "vaquinha" lançada pelo delator do mensalão para ajudar a pagar a multa de 720 mil reais estipulada pelo STF. "Vim aqui doar meu dinheiro e mostrar a cara. Acabei de sacar 100 reais no banco e vim aqui entregar pessoalmente ao senhor. Vou lhe dar meu CPF para que seja declarado. Quero ser diferente dos petralhas. Eles estão quebrando esse país", disse Castro.
Surpreso com a atitude, Jefferson agradeceu e convidou Castro para entrar em sua casa. "É um gesto espontâneo. Gente boa!", declarou. Enquanto aguardava o ex-deputado chegar, Castro disse aos jornalistas que a atitude de Jefferson ao delatar o esquema do mensalão no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi "um importante passo para nós, brasileiros".
A condenação – No julgamento de mérito do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa, relator da ação penal, afirmou que Jefferson, então presidente nacional do PTB, recebeu recursos do esquema do valerioduto – foram prometidos 20 milhões de reais e pagos pelo menos 4 milhões de reais – em troca da compra de apoio político de deputados no Congresso Nacional.
"Os repasses e as promessas de pagamento feito pelo PT exerceram forte influência sobre a fidelidade dos deputados do PTB, tendo em vista a importância das somas envolvidas e o consequente desejo de receber o dinheiro em troca de apoio político”, disse o ministro na ocasião. “A partir de dezembro de 2003, o próprio Jefferson aceitou receber recursos pagos pelo PT para conduzir o apoio de seus correligionários em projetos de interesse do governo”, completou.
Apesar de ter recebido 4 milhões de reais diretamente das mãos do publicitário Marcos Valério, Jefferson sustentava a tese de que o dinheiro nunca foi propina, e sim recursos acertados com o PT nas eleições municipais de 2004.
(Com Estadão Conteúdo)
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