Além da agressão, jovens filmaram e compartilharam o vídeo com alunos de outras escolas de Rio Acima e outras cidades
JOSÉ VÍTOR CAMILO
Após pedir silêncio para colegas de sala que faziam bagunça durante uma aula de Ciências, uma garota de 13 anos acabou espancada por um grupo de dez meninas e ainda teve um video das agressões divulgado na internet. O caso aconteceu na porta da Escola Municipal Honorina Gianetti, em Rio Acima, na região metropolitana de Belo Horizonte, na última quarta-feira (14).
Segundo a mãe da jovem, a servidora pública Natália de Jesus, de 29 anos, a filha assistia à aula em que a professora havia levado uma apresentação em Power Point. “A turminha da bagunça estava atrapalhando e minha filha disse 'gente, cala a boca aí'. Uma das alunas ficou ofendida e falou algumas coisas, mas ela ignorou”, relatou a mãe da jovem agredida.
No dia os alunos foram liberados mais cedo e, na porta da escola, de repente, a adolescente viu uma movimentação estranha. “A menina de branco, que foi a que começou a agressão, chegou a despistar, dizendo que iam 'pegar' outra menina e, quando minha filha estava de costas, juntaram as dez jovens batendo nela”, relembrou Natália.
As imagens gravadas mostram as várias jovens batendo simultaneamente na garota enquanto vários outros alunos estimulam a briga ao invés de separar. “Se não fosse a moça de uma loja próxima, que interveio e botou ela para dentro do estabelecimento dela, poderia ter terminado muito pior. Minha filha ainda sente dores e está assustada, mas voltou às aulas nesta segunda-feira (19). Mas tenho que levá-la e buscá-la”, afirmou a mãe.
Além de terem premeditado a agressão por um motivo fútil, as jovens ainda se gabaram da atitude, já que cerca de 1h depois das agressões os vídeos já começavam a circular pelo aplicativo WhatsApp. “Recebemos notícia da imagem ter circulado por escolas de Raposos, Nova Lima e até Belo Horizonte. Se não bastassem fazer a agressão, elas ainda compartilharam o video e uma foto da minha filha sendo agredida”, protestou.
Desde o problema, a mãe da jovem procurou o Conselho Tutelar e confeccionou um Boletim de Ocorrência. Em conversa com a direção da escola, elas foram informadas de que as providências cabíveis seriam tomadas com as agressoras, porém, até o momento nada foi feito. “Não acho certo a minha filha ter que trocar de escola, prejudicar a educação dela, por causa disso, por ela ter pedido silêncio para poder aprender em sala de aula”, disse a mãe.
E escola foi procurada por O TEMPO para tratar sobre o assunto, porém, no horário ninguém foi encontrado. Assim que um posicionamento for recebido ele será publicado.
Aspecto legal
Segundo o advogado criminalista e professor da PUC-Minas Marcelo Peixoto, por envolver somente menores de idade, os autores estão sujeitos ao que prescreve o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é um ato infracional análogo à lesão corporal. “Legalmente falando, as jovens estariam sujeitas a medidas socioeducativas ou até uma internação. Felizmente, elas compartilharam o video que poderá ser usado como prova”, afirma o advogado.
Por as agressoras ainda terem divulgado o video das agressões feitas, é possível que se entre com uma ação judicial pedindo danos morais. “Por as imagens terem sido usadas como instrumento de chacota, ela pode ser indenizada por isso, por ter sido exposta ao ridículo”, garante Peixoto.
Natália de Jesus afirma que pretende representar contra as agressoras. “Houve uma grande comoção, até mesmo de jovens, à favor da minha filha. Acho que entrando com uma ação talvez eu consiga conscientizar estas jovens sobre a gravidade da ação delas. Os pais das agressoras estão afirmando que, por compartilhar no Facebook, estou expondo as filhas deles. Mas foram elas que o fizeram ao agredir uma pessoa e divulgar isso”, finalizou a mulher.
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