César Barros lembrou de casos ocorridos no passado, quando países foram atacados por grupos terroristas, apesar não terem relação com a causa
“O bioterrorismo é uma ameaça real no Brasil”. Este foi o alerta dado pelo médico infectologista da USP, César Augusto Barros, em palestra que ministrou neste fim de semana em Natal, a convite da Associação Médica do Rio Grande do Norte.
Ele lembrou que mais absurdo possa ser um ataque terrorista no Brasil, o País está para sediar um dos maiores eventos esportivos do mundo, a Copa do Mundo, e assim como já ocorreu no passado [Munique, em 1972], grupos terroristas agiram em nações que não tinham qualquer relação com causas ou brigas ideológicas.
César conversou com o portalnoar.com e explicou sobre o que é o bioterrorismo, como ocorrer e quais as dificuldades em seu combate.
O que é bioterrorismo?
Bioterrorismo é o terrorismo praticado por meio da liberação ou disseminação intencional de agentes biológicos, vírus ou toxinas, que podem ser utilizados in natura ou numa forma modificada pelo homem.
Quando surgiu o bioterrorismo?
O episódio mais conhecido é o que chamamos de American Antrax ocorrido em 2001, nos Estados Unidos, quando enviaram o agente químico pelos Correios. Contudo, existe relato de uso de agentes biológicos para atingir inimigos desde antes de Cristo com contaminação de produções agrícolas. Na idade média, século XV com contaminação de vinhos e ainda na Guerra Civil americana.
No Brasil já tivemos casos?
No Brasil o histórico é baixo. Temos casos não comprovados, mas suspeitos, como a disseminação de uma doença em plantio de cacau na Bahia, onde há algum tempo se diz que foi um ato de bioterrorismo pela disseminação da praga de maneira não natural.
Corremos risco durante a Copa?
O risco ele existe e é real. Antigamente quando se falava no assunto muita gente achava que era exagero e não era para se preocupar. Esse conceito mudou. A Polícia Federal já identificou e monitora cinco grupos terroristas, inclusive a Al Qaeda, com intenção de realizar ataques no Brasil. É importante dizer que o alvo não é o brasileiro, mas é fatídico que isso ocorra aqui como já ocorreu em Munique, em 1972 e em Atlanta em 1996.
E como combater essa ameaça?
Temos dificuldade estrutural das autoridades, mas também somos criticados por não termos uma legislação específica para tratar do terrorismo. O terrorismo é muito difícil de prever como ocorrerá. O bioterrorismo, por exemplo, pode acontecer de inúmeras maneiras. Por meio de envelopes, pó químico, contaminação da água, da pecuária ou produção agrícola, ou seja, de maneiras simples, mas com fortes impactos e em defesas das mais diversas causas ou ideias.
Fonte: Portal No Ar
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