O Rio Grande do Norte vai exportar 140 cabeças de gado Guzerá para o Senegal, na África Ocidental. O negócio foi intermediado por empresas de exportação e logística de São Paulo, que fizeram contato com dois criadores potiguares para a venda. O governo senegalês vai comprar o gado e distribuí-lo entre criadores do país para viabilizar o melhoramento genético do rebanho. A exportação ocorrerá por meio de um avião cargueiro pelo Aeroporto Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante. A data ainda está indefinida. O valor esperado com a exportação não foi informado.
Marcelo AbdonAnimais da raça Guzerá serão compradas pelo governo do Senegal para melhorar geneticamente o rebanho do país: mercado
Esta é a primeira exportação potiguar de gado após o Rio Grande do Norte ser reconhecido internacionalmente como área livre de febre aftosa com vacinação. O reconhecimento ocorreu em maio deste ano. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) não conseguiu confirmar ontem se esta é uma exportação inédita na região Nordeste.
As empresas que intermedeiam a operação são a exportadora de gado GBC Internacional e AID Internacional, de logística. “Esse é um negócio fechado entre Brasil e Senegal. Fomos contratados pelo Ministério [Mapa] através de um programa”, informou o proprietário das empresas, Cristiano Lima.
A operação estava confirmada para ocorrer amanhã (23), com embarque às 3h, mas foi adiada. “Os animais já passaram pelo período de quarentena exigido, o avião cargueiro já está pronto, mas recebemos um pedido do governo do Senegal para adiarmos a data do voo porque eles estão organizando a estrutura para receber esses animais”, explicou Cristiano Lima. A quarentena levou cerca de três semanas, segundo a assessoria de imprensa dos criadores.
Os preparativos no Senegal envolvem questões de estrutura aeroportuária para manusear os animais, relacionadas ao descarregamento e aos caminhões que vão transportar o gado. “Mas vai haver o embarque. Hoje [ontem] mesmo falei com o primeiro ministro do Senegal e o negócio vai acontecer”, garantiu Lima.
O pedido do governo senegalês, diz Lima, foi de adiar o embarque para daqui a duas a três semanas. “Amanhã [hoje] vamos ter uma posição sobre a data”, explicou. Segundo o proprietário das empresas, o gado potiguar foi escolhido para “prestigiar o Rio Grande do Norte”. “Até por ser inusitado, por nunca ter sido feita uma exportação pelo estado, para ser uma operação pioneira”, disse.
Fonte: Tribuna do Norte
Lima acrescenta que, dentro do programa do Mapa, a expectativa de vendas é de em torno de mil cabeças nos próximos cinco anos. “Todas vão sair pelo Rio Grande do Norte, porém vamos selecionar gado do Brasil inteiro. Vamos dar prioridade aos criadores do estado”, informou.
Segundo ele, nos próximos dez dias será definida a data da próxima exportação. “Mas deve acontecer uma a cada três meses”, explicou.
Criadores
Os 140 animais foram comprados dos criadores Camillo Collier e Geraldo Alves. De acordo com a assessoria de imprensa deles, alguns animais chegaram a ser vendidos por R$ 4 mil a cabeça. No entanto, a soma esperada com a exportação não foi revelada. Os criadores foram procurados para comentar a operação, mas, segundo a assessoria, eles estão no Senegal.
Já os animais estão em uma fazenda no município de Monte Alegre, arrendada para reunir o gado. De lá, serão conduzidos em cinco caminhões, em duas viagens, até o aeroporto em São Gonçalo do Amarante, onde currais foram montados para recebê-los na área de cargas.
Bate-papo - Antônio Teófilo
Pte. da Assoc. dos Criadores do RN
“Agora essa barreira está se abrindo definitivamente”
Qual a importância dessa operação de exportação de animais vivos para a pecuária do Rio Grande do Norte?
É a abertura desse mercado, que estava fechado para o Rio Grande do Norte devido à questão da aftosa. Com a barreira fitossanitária desaparecendo, a pecuária norte-riograndense só tem a ganhar porque nós temos várias raças de qualidade no nosso rebanho e temos grandes selecionadores, que com certeza vão entrar no circuito brevemente para exportar.
Passados dois meses da mudança de área de risco médio para área livre de aftosa, algum outro efeito pôde ser percebido?
Isso vai começar a ser sentido a partir de agora. Vamos ter a Festa do Boi, que deve ser um dos atos mais importantes durante o ano para mostrar ao Brasil e aos países do mundo que voltamos a ser exportadores de genética. Só tínhamos feito isso a nível nacional. Agora essa barreira está se abrindo definitivamente.
O senhor tem conhecimento de outras exportações que estejam a caminho, tanto de animais vivos como de outros produtos ligados à pecuária potiguar?
Não, não tenho conhecimento de novas exportações.
Quantos criadores da raça Guzerá existem hoje no RN?
Não sei exatamente, mas acredito que existam algo em torno de 20 selecionadores da raça. Criadores tem mais.
Essa raça é predominante no Estado?
A predominante no Estado é a Nelore, mas depois vem a Guzerá.
Quais são as características da raça Guzerá?
É uma raça zebuína, asiática, que se adapta muito bem as características do Nordeste brasileiro. Por questões climáticas, inclusive na área do sertão.
Existem outros criadores interessados em exportar?
Qualquer criador que tiver a oportunidade com certeza vai pensar em exportar. Existe sim o interesse.
O assunto chegou a ser tema de debate na Anorc?
Foi uma coisa individual dos dois criadores, que conduziram isso através do contato com pessoas que exportam em outros estados, mas com certeza isso vai chegar aos demais em breve.
Fonte: Tribuna do Norte
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