Quase 40 mil fiéis lotam santuário

Milhares de fiéis católicos compareceram ao evento em celebração à memória dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, ontem, 3 de outubro, no Monumento aos Mártires, em São Gonçalo do Amarante.

Magnus Nascimento

Ao longo do dia de ontem (3), feriado dedicado aos mártires de Cunhaú e Uruaçu, o santuário em São Gonçalo do Amarante recebeu fiéis de boa parte do Estado e de fora do Rio Grande do Norte

O público, no entanto, foi bem menor que o do ano passado, quando, por causa da grande quantidade de gente, houve enormes engarrafamentos, que se formaram na ida e na volta para a cidade de São Gonçalo. 

Já desta vez, o percurso foi bem tranquilo, sem nenhum congestionamento. Segundo estimativa da Prefeitura de São Gonçalo, o evento reuniu em torno de 40 mil pessoas durante todo o dia, enquanto que em 2013 foram mais de 100 mil participantes, atraídos principalmente pelo padre cantor Reginaldo Manzotti.

Ontem, a atração nacional foi a cantora Elba Ramalho, que animou o público com grandes sucessos de sua carreira. Em mais de uma hora de show, a cantora paraibana cantou clássicos como “Anunciação” (Alceu Valença), “Asa Branca” (Luiz Gonzaga) e “De volta pro meu aconchego” (Dominguinhos e nando Cordel). A artista interagiu o tempo inteiro com o público. Puxou uma oração, cantou música de louvor católica à capela – acompanhada pela plateia –, falou em favor da paz e professou sua grande devoção à religião. “Eu preciso demais de eucaristia”, disse.

A programação do evento em celebração à memória dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu começou cedo, com missas a partir das 7h. O show de Elba Ramalho começou às 16h e logo depois, às 18h, o arcebispo Dom Jaime Vieira Rocha celebrou a missa de encerramento, iniciada com a reabertura oficial do processo de beatificação do Padre João Maria.

Magnus Nascimento

Cantora paraibana Elba Ramalho foi a atração nacional da festa em São Gonçalo do Amarante. Ela puxou uma oração, cantou música de louvor católica à capela – acompanhada pela plateia – e falou em favor da paz

A celebração foi acompanhada por milhares de fiéis. Muitos deles saíram de Natal, em ônibus, ainda de manhã cedo para garantir um bom lugar. Caso de Francisca Vieira da Silva, 62, que chegou às 8h, temendo pegar engarrafamento, como aconteceu no ano passado. “Dessa vez, não teve nenhum problema. Foi tudo ótimo. Estou adorando”, disse ela. 

Mártires

As homenagens religiosas aos mártires de Cunhaú e Uruaçu começaram no ano 2000, com a beatificação dos Protomártires do Brasil pelo então papa João Paulo II. Os 30 mártires foram assassinados em 1645 durante a invasão holandesa no Brasil.

O primeiro massacre aconteceu no engenho de Cunhaú, em Canguaretama, e o segundo, três meses depois, em Uruaçú. De acordo com historiadores, as ações aconteceram durante missas, porque os holandeses não aceitavam as celebrações católicas.

Para lembrar o morticínio, foi erguido um monumento na localidade de Uruaçu, próximo de onde ocorreu o martírio, denominado Monumento aos Mártires, que foi inaugurado no dia 05 de dezembro de 2000 com a presença de aproximadamente 15 mil pessoas.

O Monumento aos Mártires foi projetado pelo arquiteto Francisco Soares Junior, tendo capacidade para receber 20 mil peregrinos. Atrás do palco há um painel medindo 30 metros. O Capelão do monumento é o Padre Antônio Murilo de Paiva, que durante a celebração lembrou que o Monumento se encontra receptivo a todos que buscam visitar o local que foi palco do grande massacre e reafirmar sua fé. No dia 03 de outubro, é feriado estadual em comemoração ao Dia dos Mártires de Uruaçu e Cunhaú.

Católicos falam sobre devoção aos mártires:

Devota dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu e também do padre João Maria, dos quais garante já ter alcançado graças, a dona de casa Francisca Vieira da Silva, 62, está todos os anos no evento. “Venho há uns seis, sete anos e fico até terminar a última missa”, contou ela, que já pagou a promessa aos mártires, mas ainda está devendo a do Pe. João Maria.

Milton Veira, 61, roda o Brasil todo atrás de eventos religiosos, onde sempre leva suas faixas, bandanas e outros produtos com dizeres religiosos. “Sou designer e faço essas coisas pra vender”, disse Milton, que esteve no evento dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu pela primeira vez no ano passado. Ele gostou tanto que resolveu voltar.

No ano passado, a agente de saúde Josineide Santos de Lima chegou a sair de casa, no bairro Nazaré, em Natal, mas, por conta do engarrafamento, não conseguiu chegar ao evento. Ontem, porém, não houve trânsito e ela estava lá entre os milhares de fiéis, colocando fitinhas coloridas no Monumento aos Mártires. “Cada uma é um pedido. A família é grande”, disse.