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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Robinson Faria: “Enquanto não devolver eficiência ao serviço público, não vou gastar com obras”

Governador eleito pelo PSD, no último dia 26 de outubro, concedeu entrevista exclusiva ao portalnoar.com
(Foto: Wellington Rocha)












O governador eleito Robinson Faria (PSD) declarou que governará “para o povo do Rio Grande doNorte,independentemente se prefeito apoiou” ou “do mal que fizeram a ele”. Negando qualquer rancor ou sentimento revanchista, o advogado eleito governador no último dia 26 de outubro, concedeu entrevista exclusiva ao portalnoar.com.
Ele falou a respeito da vitória sobre seu adversário com cerca de 142 mil votos de diferença, e a viabilidade de alguns projetos prometidos durante a campanha eleitoral. Os desafios mais relevantes apontados pelo político estão na saúde e na segurança pública, falando em projetos inovadores e avançados para o RN.
Sobre a dificuldade financeira do Estado, ele foi taxativo ao classificar o caso como “falta de gestão” e assegurou que resolverá o problema com uma equipe “técnica e de excelência”. Neste sábado (01), o portalnoar.com publicará vídeo com outras perguntas feitas ao governador eleito.
Abaixo integra da entrevista:
Portalnoar.com – A sua candidatura terminou o primeiro turno da eleição com 76 mil votos de desvantagem e conseguiu reverter a situação para 142 mil votos favoráveis. A que o senhor atribui essa reviravolta?
Robinson Faria – Não houve mudança de discurso e adesões foram poucas. Parnamirim, por exemplo, no primeiro turno eu ganhei por 900 votos e no segundo turno ganhei com 11 mil votos, sem nenhuma adesão. Atribuo a um crescimento natural do meu nome. Uma onda que foi crescendo no meio da população, que foi incorporando o sentimento que fui passando. Mudamos a história política do estado, quebrando o acordão que veio de cima para baixo. Foi uma reflexão que fiz com a população. Quando terminou o primeiro turno, eu estava numa curva de crescimento muito elevada, e o relógio salvou o candidato Henrique Eduardo Alves (PMDB), pois se tivesse mais uma semana de campanha eu teria vencido no primeiro turno.

A campanha ficou marcada por algumas acusações que deixaram o âmbito político para o pessoal. Ficou algum ressentimento?
Sou contra injustiças. Eu recebi diversos dossiês contra o meu oponente e não utilizei nenhum, pois não sabia se eram verdadeiros ou falsos. O que eu combati, combati de frente e com ética, mesmo que em alguns momentos eu tenha dito algo mais duro. Tudo dentro de uma realidade e de fatos públicos. Ao contrário do adversário que contratou um marqueteiro de fora para tentar jogar inverdades contra Robinson, por final, todas desmascaradas. Ainda na campanha ganhei todas, resultando em 15 minutos de direito de resposta. Ganhei a eleição com dignidade e conquistando o voto do povo. Não carrego ódio no coração. Contudo, não tenho medo de enfrentamento.
(Foto: Wellington Rocha)
(Foto: Wellington Rocha)
Na Assembleia Legislativa as coligações que apoiaram a sua candidatura elegeram apenas seis dos 24 deputados estaduais. Como o senhor analisa esta situação de ter uma bancada de minoria?
Fui deputado estadual por 24 anos. Me cite um governo que não tenha tido até hoje maioria? Não teve. Não estou dizendo que a Assembleia seja submissa ao governo, mas ela tem o deputado que tem o compromisso com suas bases, que querem resultados. Sem falar na cobrança da população que quer o avanço do estado. Eu como governador saberei dialogar com os deputados, com o mesmo compromisso social e econômico para salvar o Rio Grande do Norte.
Algum dos 18 deputados que se elegeram em oposição já demonstrou algum interesse em se tornar situação?
Não conversei com ninguém, pois estou cuidando da equipe de transição. Houve dois deputados que me apoiaram no segundo turno, com suas bases.
José Adécio (DEM) e Gustavo Carvalho (PROS)?
Sim.
Uma das principais bandeiras de sua campanha eleitoral foram os investimentos em segurança pública, como o projeto “ronda nos quarteirões”. No seu ponto de vista, a Segurança Pública seria a pasta com maior dificuldade?
Não apenas esse projeto, que se chama polícia de proximidade. Isso é apenas uma das ações que pretendo implantar; como a fronteira digital, investindo em tecnologia e câmeras, onde vou monitorar todas as cidades. Montar um comando de controle, como um CIOSP [Centro Integrado de Operações em Segurança Pública] estadual. Devolver a autoestima ao policial. Não vejo a pasta como sendo a de maior dificuldade, porém, a de maior drama para o povo. Se fizer uma entrevista, 90% da população vai falar em segurança pública, mas sendo bem otimista não acho que seja o mais difícil dos desafios. Considero que seja como na saúde, que existem os casos de urgência e emergência. A segurança pública seria um caso de emergência.
(Foto: Wellington Rocha)
(Foto: Wellington Rocha)
Quando o senhor pretende colocar os projetos em prática?
A curto prazo. Um dos erros de governantes passados era não contemplar a segurança pública no orçamento. Como ter política pública se não tem orçamento, nem para contrapartida para projetos em conjunto com o Governo Federal.
Um dos cargos importantes para a segurança pública é o comandante da Polícia Militar do RN, atualmente exercido pelo coronel Araújo Silva. Ele permanece em sua gestão?
Não vou falar de nomes. Nem do presente nem do futuro.
E na Saúde, quais as iniciativas emergenciais e prazos?
A Saúde é quase igual à Segurança. Primeiro acabar com “ambulaânciaterapia”. Visitei quase todos os hospitais regionais do Estado. É de você sair direto para um psicólogo. Não precisa ir muito distante. Basta ir a Macaíba e a Parnamirim. Equipamentos quebrados, faltam médicos, falta de tudo, ou seja, um verdadeiro caos. Tenho um compromisso de reestruturar todos os hospitais regionais. Existe um erro burocrático prejudicando esses hospitais. O Governo não tem repassado a produtividade e isso causa um prejuízo imenso, levando a falência, pois o hospital perde autonomia e qualidade. O caso dos médicos. Por que falta médico? O Estado criou a carreira de médico e demais categorias. Existe uma solução mais rápida que é implantar a produtividade. Assim ele vai querer ir para o interior. Isso já existe, mas não funciona no RN.
A saúde da mulher é um aspecto importante na sociedade atual. Existe alguma proposta específica?
O maior drama hoje para as mulheres são os exames, como a mamografia. Vou implantar centros de diagnósticos, começando por Natal – um na zona Norte e outro na Sul –, em Mossoró e depois nas cidades polos. Inadmissível uma mulher esperar 3, 6 ou até mesmo um ano para realizar uma mamografia. Às vezes quando vai fazer, não tem mais jeito de tratar o câncer. Eu já vi mamógrafos encaixotados no estado há mais de dez anos. Vi também máquinas de raio-x. Falta gestão.
Temos um projeto interessante também para o idoso, que tem uma atenção especial de meu partido, o PSD, em Brasília. Vamos fazer uma parceria com os Correios para que ele receba o remédio em casa, para não ter que pegar fila e ficar de madrugada na rua. A ideia é tornar a saúde humanitária.
(Foto: Wellington Rocha)
(Foto: Wellington Rocha)
E quanto à reestruturação dos hospitais, qual a proposta?
Vou implantar o hospital de traumas e definir o perfil de cada hospital. Não adianta só quantidade. É preciso dar identidade a cada um, com diretrizes. Qual o perfil do Walfredo? Pelo o que eu estudei, este hospital pode ficar para atendimento cardiológico e neurológico, voltado também para cirurgias eletivas, que existe uma fila enorme de espera. O hospital de trauma para traumas realmente e um hospital terciário, na zona Oeste, que se tiver recurso pretendo construir.
Uma herança do atual Governo será a dificuldade financeira e orçamentária do Estado. O senhor está ciente e preparado para superar isso?
Vou mudar toda a política tributária, atraindo indústria. Vocês vão ver. Eu vim de uma família de empreendedores. Não nasci na política, eu entrei para a política. Eu sei a importância do emprego. O nosso Proadi está sem poder de competição com Pernambuco e Ceará. Precisamos mudar a política tributária para atrair os investidores. Não vou criar tributos novos.
Como isso funcionará, já que o senhor diz que não criará novos tributos e o atual Governo tem dificuldades com os que já existem?
Fazer uma revisão na lei tributária e para isso buscarei técnicos, pois não sou economista.
E o senhor vai fazer a redução do ICMS para o querosene de aviação (QAV), como tanto se falou na campanha, diante de uma crise que envolve a arrecadação de impostos?
Tive um debate com o setor produtivo de Mossoró e isso foi tema da conversa. Em Mossoró, vamos caminhar com duas opções concomitantes: Recuperar o atual aeroporto e já pensar em construir um novo, e a redução do ICMS sobre o QAV, que será de imediato, assim que eu assumir. Mossoró tem potencial para fazer nascer uma forte cadeia de produção com o turismo.
As obras inacabadas ou em andamento estão por todo o Estado, como a barragem de Oiticica, na capital o exemplo do Pró-transporte, prolongamento da Prudente de Morais, Museu da Rampa e Terminal Pesqueiro. O que o governador Robinson pretende fazer a respeito?
Todas as obras são importantes, mas enquanto não devolver a eficiência na saúde, educação e na segurança, não vou gastar recursos com obras de infraestrutura. Meu maior desafio é cuidar das pessoas. O Pró-transporte não depende apenas do Governo do Estado, mas também da iniciativa da Prefeitura de Natal.
O prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT) declarou que o partido ao qual faz parte fará oposição ao Governo Robinson Faria, mas como gestor municipal espera ser parceiro?
Espero que ele tenha sensibilidade e não tenha a atitude radical que ele teve na campanha. Um candidato que eu apoiei em 2012 e que o seu primo – que ele tanto defendeu – tentou derrotá-lo. Aliás, antes queria derrubá-lo no tapetão. Eu fui quem ajudei para não ser cassado. Indiquei até advogado. Depois fez uma campanha radical contra mim. O maior tempo de propaganda eleitoral na TV que ele teve foi graças ao apoio do PSD. Não me apoiou, depois de dar sua palavra, diante do seu pai [deputado Agnelo Alves], do meu filho, da minha esposa e do publicitário Jener Tinôco. O povo não tem culpa disso. Serei governador de Natal, de Mossoró, do RN. Independentemente se prefeito me apoiou, independente do que fizeram comigo.
(Foto: Wellington Rocha)
(Foto: Wellington Rocha)
Sobre o período de transição, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu uma recomendação de que a equipe de transição fosse definida cinco dias após o resultado, ou seja, sexta-feira (31). Quais nomes o senhor tem em mente?
Não vou falar em nomes no momento. Na segunda-feira (03), divulgarei os nomes sem alarde, sem coletiva à imprensa.
Como fica a promessa de indicações técnicas para as pastas do Governo? 
Vou cumprir rigorosamente o que eu disse. Meu patrimônio é minha coerência política. Meu Governo será técnico. É a primeira vez que o povo elegeu um governador descomprometido com partidos políticos e grupos econômicos. Estou totalmente à vontade para escolher meu quadro. Quando fui secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos nomeie uma equipe totalmente técnica, sem nem conhecer as pessoas, me baseando apenas na qualificação. Com essa equipe de excelência consegui atingir as metas do Banco Mundial e deixei para meu sucessor o planejamento para os próximos quatro anos.
O senhor se elegeu com apoio de duas coligações, contudo, a participação do PT foi mais percebida. O PT participará de sua administração à frente do Estado a partir de janeiro de 2015? Já iniciou este diálogo?
O PT possui quadros técnicos e o fato de uma pessoa ser filiado ao partido não a desqualifica. O PT e o PCdoB sabem e defendem minha tese do Governo técnico. Convocarei pessoas que saibam trabalhar em suas áreas. Buscaremos a eficiência do serviço público. Não pedirei um nome, pedirei nomes.
Portal no Ar

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