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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Dezessete anos após surgir na capa da National Geographic, a misteriosa refugiada afegã volta a olhar para o mundo

Uma vida revelada através das lentes de Steve McCurry

por Cathy Newman

Matéria de capa da edição de fevereiro de 2002, o reencontro com a garota afegã

Ela se lembra de sua cólera diante daquele homem, um completo estranho. Ela jamais fora fotografada. E, quando voltaram a se ver, 17 anos depois, ela não havia sido fotografada mais nenhuma vez.

O fotógrafo também se lembra daquele instante. A luz descia suave sobre um mar de barracas de um campo de refugiados no Paquistão.

Foi no interior da tenda onde funcionava a escola que ele a viu pela primeira vez. Ao perceber o quanto era tímida, esperou para se aproximar. Até que ela consentiu que fizesse a foto. “Eu não tinha idéia de que a dela seria diferente de tantas outras fotografias que fiz naquele mesmo dia”, comenta Steve McCurry ao lembrar-se da manhã de 1984 em que registrava o drama dos afegãos.

O retrato feito por McCurry é uma daquelas imagens que dilaceram o coração. Em junho de 1985, a imagem foi usada na capa da National Geographic. Os olhos da menina têm a cor de um mar verde-esmeralda. São os olhos de uma criança acuada e nos deixam acuados, pois refletem toda a tragédia de uma terra devastada pela guerra. Na sede da National Geographic ela ficou conhecida simplesmente como a “menina afegã”. Durante 17 anos ninguém tinha a menor idéia de qual era o seu nome.

Em janeiro, uma equipe do programa Explorer, da National Geographic Television, foi ao Paquistão com Steve McCurry com a missão de encontrar a menina de olhos verdes. Eles mostraram a foto dela por toda a área ao redor de Nasir Bagh, o campo de refugiados que ainda existe nas cercanias de Peshawar, onde a menina foi fotografada em 1984.

Primeiro houve um alarme falso. Um professor disse que a garota se chamava Alam Bibi. Num vilarejo das proximidades foi localizada uma mulher jovem com esse nome, mas McCurry logo viu que não poderia ser ela. Um outro afegão apareceu dizendo conhecê-la. Quando pequenos, haviam convivido no campo de refugiados. Segundo ele, ela voltara para o Afeganistão muitos anos atrás e viveria agora nas montanhas próximas a Tora Bora. Ele iria até lá para buscá-la.

Três dias depois ela apareceu. O vilarejo em que mora fica a seis horas de carro e outras três de caminhada para além de uma fronteira que é um sorvedouro de vidas. Quando McCurry a viu entrar na sala, não teve dúvida: era ela.

Fonte: National Geographic

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