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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Estudantes da Escola Estadual Tristão de Barros, em Currais Novos desenvolvem tecnologia assistiva e são premiados

Imagine uma cadeira de rodas motorizada, recarregável à energia solar. E um mouse que, ao ser aproximado do papel, amplia em 25 vezes a imagem reproduzida pelo computador? Uma bengala para cegos que, ao se aproximar de um obstáculo, emite um sinal de vibração para a pulseira do portador? Objetos que poderiam ser desenvolvidos por qualquer grande indústria – ou pela ficção científica – mas foram elaborados no seridó potiguar por alunos do ensino médio da Escola Estadual Tristão de Barros, em Currais Novos.

A ideia de reutilizar lixo eletrônico recolhido na cidade para desenvolver tecnologia assistiva – recursos que ampliam habilidades funcionais de deficientes físicos – resultou no projeto “Equilíbrio: para uma inclusão sustentável e um meio ambiente melhor”, ganhador de um prêmio internacional da Samsung no dia 8 de dezembro. Desenvolvido por 35 alunos do 3º ano ‘A’ da escola, o projeto foi selecionado entre 360 concorrentes de países da América Latina. Disputaram com 27 mil estudantes do Peru, México, Panamá, Argentina e Chila. Este ano foi o primeiro em que o Brasil entrou na disputa. Os estudantes curraisnovenses desbancaram o projeto do Ceará, que utilizava a folha da carnaúba para criar um filtro para a água.
Magnus NascimentoEquipe mostra bengala que emite vibração próximo a objetosEquipe mostra bengala que emite vibração próximo a objetos
De acordo com o professor de física Ivanês Oliveira Alexandrino, que orientou o projeto, foi observando o cotidiano dos estudantes do programa de Atendimento Educacional Especializado (AEE) que surgiu a inspiração. Dos 24 estudantes com deficiência da escola, dois estavam na sala do 3ºA. Foi quando iniciou-se a discussão com a turma para desenvolver tecnologias que ajudassem aos alunos do AEE. 

“Na sala tínhamos dois alunos: um cadeirante e um com dificuldade de locomoção. Tentamos ajudar os colegas de sala e, depois disso, expandimos para o AEE e depois para a comunidade”, conta o professor Ivanês. A cadeira, que começou a ser desenvolvida em 2013, foi doada para uma cadeirante de Currais Novos.

Dos celulares, pilhas, baterias e câmeras descartados, nascera três protótipos: um mouse de computador que ajuda na leitura ampliada para deficientes visuais; uma cadeira de rodas com motor de parabrisas e bateria recarregável com energia solar, controlada via joystick, e dois protótipos de uma bengala para cegos que emite um sinal de vibração para uma pulseira ao se aproximar dos objetos.

“Recebemos o prêmio por retirar o lixo da natureza e dar um fim adequado a esse lixo. Isso aqui é resultado, produto do projeto”, comenta o professor. “O nome do projeto é Equilívrio por estar sempre em constância: material para fazer esse tipo de produto eu tenho sempre, e sempre estou produzindo esse lixo. Não tem como não ser sustentável.”

Entre os dias 7 e 9 de dezembro, uma equipe de cinco alunos representou a escola na premiação da Samsung, em São Paulo. Para alguns estudantes, como Bruno Henrique de Oliveira, 17 anos, a experiência foi uma sensação única. “Eu só tenho a imagem na minha cabeça porque na hora todo mundo ficou sério, ninguém acreditava. Depois estava todo mundo chorando”, confessa, rindo. De volta à cidade, os estudantes foram recebido em carreata.
O prêmio
O prêmio “Respostas para o Amanhã” é realizado pela Samsung em cinco países da América Latina e premia iniciativas sustentáveis, com foco em matemática ou ciências, que promovam mudanças nas comunidades locais. O Brasil foi incluído em 2014. O projeto “Equilíbrio”, de Currais Novos, foi selecionado entre 360 projetos desenvolvidos por 27 mil estudantes. Como prêmio, a escola ganhou uma sala interativa equipada com TV LCD, 50 tablets e notebook, além de câmeras fotográficas para os alunos participantes.
Fonte: Tribuna do Norte
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