Número é 625% maior do que o registrado em todo o ano passado, quando quatro presos morreram
Última morte registrada até aqui foi no presídio Raimundo Nonato (Foto: Cedida)
Com as mortes de mais três detentos nas últimas 24 horas, subiu para 25 o número de detentos mortos no sistema prisional do RN em 2015. O número é 625% maior do que o registrado em todo o ano de 2014, quando foram contabilizadas as mortes de quatro presos. Ou seja, um aumento superior a seis vezes.
As mortes mais recentes foram registradas nas últimas 24 horas nos presídios de Alcaçuz, no município de Nísia Floresta, na Penitenciária Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega, o Pereirão, em Caicó, e no Presídio Raimundo Nonato, na zona Norte de Natal.
De acordo com dados da Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (Coine), da Secretaria de Segurança Pública (Sesed), a maioria das mortes registradas nas unidades prisionais do estado está diretamente relacionada aos recentes motins, parte deles motivados por disputa de facções criminosas que agem dentro dos presídios, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Sindicato do RN.
Enquanto apenas um detento foi morto no mês de janeiro e outro no mês de junho, deste ano, outros seis foram mortos somente no mês de agosto, ápice dos conflitos nos presídios do estado. Todas elas aconteceram em meio às brigas de facções nas penitenciárias.
Poder paralelo
De acordo com Vilma Batista, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN (Sindasp), existe um poder paralelo atuando dentro das unidades prisionais do RN.
Segundo ela, os grupos e facções que atuam dentro dos presídios criaram suas próprias regras e agem com rigor para quem as descumpre. “O crime está sendo mais severo no cumprimento de suas regras, do que o estado na cobrança e aplicação de suas leis”, observa Vilma.
Ainda de acordo com a presidente do Sindasp, o número de mortes no sistema prisional é reflexo da falta de pulso e de medidas eficazes o combate ao crime organizado que tem agido livremente dentro dos presídios. “É uma grande desorganização”, declarou.

Maioria das mortes aconteceram durante motins (Foto: Cedida/PortalBO)
Crimes nos presídios
Os números de mortes registradas nos presídios do RN foram responsáveis pela queda da redução das estatísticas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs). Depois que se intensificaram os motins nos presídios do estado, a redução que no início do ano era de 19% caiu para 9% em outubro.
De acordo com Ivênio Hermes, Coordenador do Coine, a redução poderia ser bem maior e ultrapassar os 19%, percentual conquistado entre os meses de março e abril deste ano. Porém, segundo ele, a crise deflagrada no sistema penitenciário do estado fizeram com que os números voltassem a subir.
De acordo com o Coine, além das 25 mortes dentro das unidades prisionais, foram registradas outras 122 com relação direta ao regime prisional, envolvendo ex-presidiários ou crimes encomendados de dentro dos presídios.
“Um número de 10% dos crimes violentos letais intencionais ocorridos em 2015 tem relação com o sistema prisional”, declarou o coordenador do Coine, Ivênio Hermes.
Direitos Humanos
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no RN, Marcos Dionísio, as mortes do sistema penitenciário refletem a falta de gestão do estado.
Segundo ele, falta iniciativa por parte da Secretaria de Segurança Pública em assumir as rédeas da situação. “O governo precisa encarar o sistema penitenciário como um vulcão preste a explodir a qualquer momento”, declarou ele.
Fonte: Portal no Ar

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