terça-feira, 24 de novembro de 2015

PERIGO: Mais uma parede que sustenta a barragem de Germano teve ruptura

Nível de segurança no dique de Sela, que sustenta a barragem de Germano, está em 35%; mínimo é 50%.
Mais uma das paredes que sustentam a barragem de Germano, a maior do complexo da Samarco em Mariana, na região Central de Minas, sofreu ruptura e passa por reparos. De acordo com especialista em barragens que acompanha de perto as investigações dos órgãos competentes, o dique de Sela também teve danos em sua estrutura após o rompimento da barragem de Fundão, no dia 5 deste mês. O dique é uma espécie de pequena barragem usada para conter os rejeitos das estruturas maiores. O Sela estaria com o nível de segurança em torno de 35%, sendo que o recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é de no mínimo 50%.

Até agora, a Samarco já admitiu danos em duas estruturas: o dique de Selinha, que apresentou trincas e tem nível de segurança de 22%, e a barragem de Santarém, que, com a passagem da avalanche de Fundão, teve problemas de drenagem e de erosões no topo da parede, o que faz a taxa da estrutura permanecer em 37%. A ruptura no dique de Sela mostra que a contenção de Germano ficou mais comprometida que o anunciado. Por isso, medidas de recuperação já estão em andamento no local, segundo o especialista, que preferiu não ser identificado.

Um possível rompimento da barragem de Germano poderia causar estrago quase quatro vezes maior, já que o reservatório tem cerca de 200 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos de minério – enquanto a de Fundão tinha 55 milhões de m³. A diferença é que a de Germano, desativada, tem conteúdo mais sólido do que a de Fundão, que era composta de água e de resíduos. Procurada, a Samarco disse apenas que o fator de segurança no local é de 44% e que as estruturas de barragem encontram-se estáveis.

Ruptura. De acordo com o especialista, quando a lama de Fundão desceu, “puxou” o que havia embaixo dela. Com isso, provocou uma ruptura de cerca de 3 m de largura e 4 m de comprimento em parte da fundação do dique de Sela – uma das quatro paredes que sustentam a Germano. “São rupturas superficiais, mas que, se não forem reparadas, podem causar mais erosão e desestabilizar a barragem”, afirmou.

Ele ainda destacou que obras de contenção foram iniciadas no local desde a semana passada. “Está sendo feito um aterro por debaixo do dique, o que chamamos de ‘contrapilhamento’ e é como uma outra barragem de terra do lado”.

Já o dique de Selinha é o mais comprometido. A estrutura apresentou trincas logo após o rompimento de Fundão. Uma mancha de água no local também foi vista em imagens aéreas, o que pode ser uma infiltração no fundo da bacia, problema ainda mais grave, segundo analistas. A Samarco apresentou um plano de recuperação de barragens ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) na semana passada, que já teria sido aprovado.

Saiba mais
Sobrevoo. Nesta segunda, parentes de vítimas da tragédia puderam acompanhar sobrevoos do Corpo de Bombeiros à procura dos desaparecidos. O objetivo foi mostrar a dificuldade do trabalho de buscas.

Balanço. Até o momento, foram encontrados 12 corpos, sendo que quatro não foram identificados. Ainda há 11 desaparecidos. O corpo do operador de máquinas Samuel Vieira Albino, 34, foi cremado nesta segunda em Contagem, na região metropolitana.

Resgate. A Defesa Civil resgatou, nesta segunda, três pessoas de uma mesma família que estavam ilhadas em Ponte do Gama. Valdemira Inácio Vieira Arantes, 92, Maria das Graças, 57, e Maria da Fátima, 52, foram encontradas e levadas para Mariana contra a vontade.

Polícia Civil. Nesta quarta está programada uma reunião entre os peritos da Polícia Civil para definir como será feito o sobrevoo pelo rio Doce, que vai apurar os impactos da tragédia. A investigação terá ainda visita aos municípios atingidos. Até agora, 12 pessoas foram ouvidas.

Presidente. O presidente da mineradora, Ricardo Vescovi, peça-chave no processo será interrogado pela Polícia Civil. A data não foi informada.

Animais. Cerca de 30 voluntários trabalham em um galpão para cuidar de cerca de 300 animais resgatados.

Fonte: Jornal O Tempo

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