Demissões na construção civil e no setor de serviços levaram o Rio Grande do Norte a registrar em outubro o pior saldo de empregos para o mês, em 13 anos.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o total de trabalhadores com carteira assinada demitidos no estado superou em 470 o de contratados, no período. Entre janeiro e outubro, mais de 8 mil perderam o emprego.
Emanuel AmaralSó a construção civil fechou 569 postos de trabalho com carteira assinada, no mês passado
Só a construção civil fechou 569 postos com carteira assinada, no mês passado. No setor de serviços houve mais 344 cortes. Outros 120 saíram da indústria de transformação e 38 da atividade extrativa mineral.
As únicas atividades que empregaram mais do que demitiram, no mês, foram a agropecuária (+346 postos), o comércio (+247), os serviços industriais de utilidade pública (+6) e a administração pública (+2).
Desde 2003, o Rio Grande do Norte só registrou saldo negativo em outubro nos anos 2008 e 2015. Em 2014, nesse mesmo mês, foram criados 732 postos a mais do que foram fechados. Mas, neste ano, outubro não foi o único período a fechar no vermelho. Já são nove meses com mais demissões do que contratações – a exceção foi setembro.
Tendência
Para o professor do curso de Administração da Faculdade Maurício de Nassau, Thiago Marcson, as expectativas de recuperação no saldo de empregos no Rio Grande do Norte são poucas. Os setores que puxam o saldo negativo acumulado no ano - construção civil, indústria de transformação e comércio - devem seguir sofrendo os reflexos da crise.
"As contratações temporárias, muito comuns nesse período de fim de ano nas lojas, estão bastante retraídas. Basta ver que os anúncios com ofertas de emprego diminuíram nesse setor. Com o aumento da inflação, o consumidor perdeu seu poder de compra e o reflexo disso vai impactar as compras de Natal de muita gente e, consequentemente, em novas vagas de emprego no comércio", analisa.
Outro setor prejudicado é a construção civil. De acordo com Marcson, os estoques de imóveis nas construtoras não devem ser reduzidos porque a população não se sente segura para fazer dívidas de longo prazo. "Há um grande endividamento do consumidor, como mostram pesquisas de entidades de crédito".
Por outro lado, outros setores têm boas projeções como é o caso da agropecuária que, em outubro, teve um saldo positivo. O professor explica que isso é resultado do início das exportações de produtos como melão e castanha de caju, movimentando o setor que é beneficiado pela alta do dólar.
Número
732 - Foi o saldo de empregos registrado em outubro de 2014, em direção oposta ao resultado negativo deste ano.
No país, 169.131 perderam o emprego no mês passado
Do Estadão Conteúdo
No mês de outubro, o Brasil fechou 169.131 vagas formais de emprego. Trata-se do pior resultado para o mês da série histórica iniciada em 1992. Os dados são fruto de 1.237.454 admissões e 1.406.585 demissões.
O resultado foi muito inferior ao registrado em outubro do ano passado, quando ficou negativo em 30.283 vagas pela série sem ajuste. No acumulado dos últimos 12 meses, o País fechou 1.381.992 vagas, com ajuste, ou seja, incluindo informações passadas pelas empresas fora do prazo. Desde janeiro deste ano, o saldo de postos fechados é de 818.918, também com ajuste.
O resultado divulgado ontem ficou dentro das expectativas do mercado para o mês passado. De acordo com levantamento do AE Projeções apurado com 17 participantes, a perspectiva era de que o mercado de trabalho com carteira assinada tivesse retração de vagas em outubro, com resultado negativo entre 90.000 a 250.000, sem ajuste. O resultado foi pior que a mediana apurada, que indicava um corte de 156.000 postos de emprego formal no período.
De acordo com os dados do Caged, o setor de construção civil foi o responsável pelo maior número de vagas formais de trabalho fechadas em outubro. No total, foram encerradas 49.830 postos no setor. O número é resultado de 135.605 admissões e 185.435 desligamentos no período.
Mas todos os setores da economia fecharam vagas no mês passado.
Tribuna do Norte
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