
A expectativa é que o Rio Grande do Norte ultrapasse o registro de 40 casos da Síndrome de Guillain-Barré em 2015. Atualmente já são 33 casos confirmados. De acordo com o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), apenas no primeiro semestre deste ano foram 16 registros de pessoas que chegaram à unidade apresentando sintomatologia compatível com a doença.
Anualmente o número considerado normal no Rio Grande do Norte é de até 20, com poucos retrospectos superiores a isso. Em 2014, por exemplo, foram registrados 23. Nesta semana, o elevado número de registros da Síndrome, sobretudo no Nordeste, foi oficialmente associado ao vírus Zika pelo Ministério da Saúde.
Apesar dos dados locais, o Ministério ainda não dispõe do número total de casos no país, já que a Síndrome não necessita de notificação compulsória, ou seja, não é obrigatória a comunicação de casos individuais às autoridades sanitárias, entretanto, o órgão afirmou que em 2014 foram registrados 65.884 procedimentos ambulatoriais hospitalares no Sistema Únicas de Saúde (SUS) em decorrência da Guillain-Barré.
A enfermidade é autoimune e está ligada a várias doenças infecciosas, podendo provocar fraqueza muscular e, em casos mais graves, até paralisia, inclusive na musculatura respiratória. “A Síndrome de Guillain-Barré nada mais é que uma inflamação dos nervos periféricos. Uma vez inflamados, afetam a musculatura provocando fragilidade e com o agravamento a paralisia”, explica o infectologista Luiz Alberto Marinho.
Mais especificamente, o que ocorre é que o organismo do paciente desenvolve uma reação para combater a infecção e destruir o vírus ou a bactéria que a afetou. Porém, existem estruturas nesses vírus ou bactérias que são muito parecidas com a bainha de mielina, que reveste as células nervosas e, em alguns casos, podem levar o sistema imunológico a criar anticorpos contra essas proteínas, passando a atacar não só o vírus invasor, mas também a bainha de mielina, criando um processo inflamatório que leva à destruição da bainha de mielina, o que bloqueia a passagem dos estímulos nos nervos motores, ocasionando, assim, paralisia muscular com pouca ou nenhuma diminuição da sensibilidade.
Em sua forma mais grave ela pode ocasionar o óbito, mas a incidência é baixa. “Esses casos de maior gravidade geralmente atingem de 3 a 4% das pessoas infectadas, depende muito da resposta de como o organismo do paciente reage à agressão do vírus”, acrescenta o médico.
Geralmente a Síndrome é diagnosticada alguns dias após uma infecção viral como a Zika. Entre os sintomas característicos estão as sensações de formigamento e sensibilidade dos membros acompanhados de fraqueza, principalmente nas pernas e braços, bem como dores musculares, podendo chegar à paralisia.
Tratamento
A doença tanto pode regredir de maneira espontânea, como pode ser necessário um tratamento mais eficaz. Nos dois casos é necessário o internamento do paciente, já que a Síndrome também pode evoluir rapidamente. Com medicação “são administradas doses de imunoglobulina na veia durante cinco dias ou enquanto ele permanecer no hospital”, explica o infectologista Kleber Luz.
Em casos mais graves, segundo o especialista, é necessário um acompanhamento na Unidade de Terapia Intensiva. “Caso a paralisia afete o sistema respiratório, o paciente vai precisar ser submetido a ventilação mecânica”, conta o médico.
Segundo o infectologista Luiz Alberto Marinho, a Síndrome de Guillain-Barré pode ocorrer em pessoas que já tenham nascido e que se infectaram por algum vírus e pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, com maior incidência em crianças e idosos.
FONTE: NOVO JORNAL RN

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