sábado, 2 de janeiro de 2016

Verão 2016 deve ser o mais quente dos últimos anos, prevê a Emparn

O ano começa com uma previsão pouco animadora para quem já vem sofrendo com o calor dos últimos meses em Natal. As temperaturas registradas em 2015 não devem parar de subir e teremos, muito provavelmente, um verão ainda mais quente que nos anos anteriores – sobretudo entre janeiro e fevereiro. O clima, no entanto, deve ficar mais ameno que no interior do estado, onde os termômetros também devem bater recorde de marcação durante o mesmo período.

De acordo com um prognóstico divulgado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) no início dessa estação, que começou oficialmente às 1h48 do último dia 22 de dezembro, as temperaturas máximas na Grande Natal irão ficar 1º Celsius acima do habitual, que normalmente gira em torno dos 31ºC nessa época do ano.

Durante o verão cresce o risco de doença de pele ocasionada pela exposição do corpo aos raios ultravioletas emitidos pelo sol.

Entretanto, essa elevação pode ser ainda mais alarmante, chegando a registrar um aumento de até 2ºC, com temperaturas oscilando entre 32ºC e 33ºC no verão natalense. A informação é do meteorologista da Emparn, Gilmar Bistrot, que alerta também para a umidade acima do normal, o que contribuí para ampliar ainda mais a sensação de calor, podendo ser aliviada ocasionalmente com pancadas de chuva.

Segundo ele, a anomalia térmica também está afetando o Oceano Atlântico Sul, elevando a temperatura das águas e causando um efeito estufa natural sobre o litoral potiguar. “Isso está fazendo os dias ficarem mais abafados e, obviamente, mais quentes com sensação de mais calor ainda”, esclarece.

O meteorologista também explica que a anormalidade no clima é ocasionada pelo fenômeno El Niño presente no Oceano Pacífico Equatorial. O evento causa um aquecimento desproporcional das águas superficiais e sub-superficiais, diminuindo a ocorrência de chuvas no continente e aumentando as temperaturas.

Com o aumento do calor também é recomendável o uso de chapéus, bonés e viseiras

“Outro fator que colabora para a sensação térmica elevada é que as temperaturas mínimas também estão acima do normal. E não é pouca coisa, mas até 2ºC”, acrescenta Gilmar Bistrot, dizendo que, se antes eram registradas mínimas de 23ºC na capital, hoje os termômetros marcam 25ºC no horário mais ameno do dia. “Os dias estão esfriando menos e isso dificulta a formação de chuvas e brisas. A manhã já começa quente”, afirma.

Apesar do profissional da Emparn dizer que a tendência é que a temperatura comece a cair após o mês de fevereiro, o comerciante Genesis Ferreira de Arruda, 52, que trabalha há quase duas décadas na praia de Ponta Negra, vendendo cerveja e petiscos para os banhistas, declara estar sentindo essa diferença no clima já há alguns anos.

“Antes, quando a gente armava a barraca na areia, por volta das 7h da manhã, não estava tão quente. Hoje, a gente levanta às 6h com o sol que deveria estar fazendo às 9h”, compara.

Genesis, que é proprietário de um quiosque na orla da praia, uma das mais visitadas por turistas em Natal, também explica a forma curiosa que desenvolveu para poder comprovar a mudança no clima: o aumento na temperatura das pedras instaladas na areia para conter o avanço do mar no calçadão.

“A gente tem que passar por elas direto, pra buscar alguma coisa no quiosque, e tem hora que não dá, tem que passar pulando ou então queima os pés. O nosso termômetro aqui são essas pedras”, diz.

Sol forte 

Também atuando na praia de Ponta Negra, o autônomo Jacinto de Souza, de 59 anos e que trabalha há 30 como vendedor ambulante na região, declara ter notado a diferença com o passar do tempo. “Mas este ano está ainda mais quente”, atesta.

Ele lembra a importância de se proteger dos efeitos dos raios solares, assegurando que nunca esquece o protetor solar e a camisa de manga comprida para evitar queimaduras na pele. Jacinto atualmente vende óculos de sol para os banhistas e avisa que, no verão, o item é essencial para quem vai visitar a praia. “Sem eles eu fico logo com a vista ardendo. É bom até mesmo para descansar os olhos, que não se esforçam tanto para enxergar algo contra o sol”, coloca.

Temperaturas tão altas quanto as que estão previstas para o verão desse ano não eram sentidas desde 1998, quando chegou a ser registrado até 35ºC em Natal. No interior, as máximas devem ultrapassar essa marca, elevando-se cerca de 1ºC acima da média e variando entre 36ºC e 37ºC nas cidades e regiões mais quentes do estado. 

Dermatologista recomenda cuidados para se proteger do sol 

Com o verão mais quente, muitas pessoas tendem a procurar mais as praias e piscinas para se refrescarem. É nesse momento que surge o risco do surgimento de alguma doença de pele ocasionada pela exposição do corpo aos raios ultravioletas, emitidos pelo sol.

Apesar de não ter relação direta com a temperatura, é no período de veraneio em que mais são registrados problemas como câncer ou envelhecimento precoce de pele. De acordo com o demartologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Arnóbio Pacheco, é preciso tomar certas precauções durante esse período.

Arnóbio Pacheco, médico demartologista: precauções

“A primeira recomendação é para as pessoas não irem com tanta sede ao pote e reduzam o tempo de exposição ao sol, pelo menos inicialmente”, determina, acrescentando que o corpo tem uma proteção natural contra os raios UV, mas que ela precisa de tempo para se desenvolver e uma exposição muito demorada pode gerar queimaduras.

“Outra forma de prevenção é o uso de filtro solares, de preferência meia hora antes da exposição aos raios, o uso de roupas com proteção UV e chapéus, bonés e viseiras para evitar acidentes em áreas sensíveis”, explica. Com o aumento do calor, também é recomendável a ingestão de muita água, para evitar que ocorram problemas de desidratação.

Temperatura global registra elevação em quatro anos 

O aumento na temperatura não é um fenômeno recente. Nos últimos quatro anos, os institutos de pesquisas meteorológicas registraram uma elevação progressiva nas condições climáticas de todo o planeta. De acordo com dados da agência americana National Oceanic and Atmosphere Administration (NOAA), que estuda as alterações na atmosfera e nos oceanos, desde 2012 a temperatura global já subiu 0,27ºC.

O ano menos quente da década foi registrado em 2011, quando houve a redução de 0,15ºC no período de apenas um ano. Antes de 2014, o ano que detinha a maior média histórica era 2010. Ambos apresentaram as maiores máximas já alcançadas desde que a temperatura mundial começou a ser medida no ano de 1880.

Em relação ao período posterior à Revolução Industrial, o planeta ficou 0,85ºC mais quente. Essa elevação foi atingida no ano passado, mas com a previsão de que as temperaturas continuem subindo em 2016, são baixas as esperanças de uma melhora no clima para breve.

Temperatura máxima na Grande Natal deve ficar 1º Celsius acima do habitual

Há cerca de duas semanas, no último dia 12 de dezembro, foi acordado no relatório final da Conferência do Clima da ONU, em Paris, que as 195 nações que assinaram o documento se comprometeriam a frear o aquecimento global, principal responsável pelas constantes elevações na temperatura. A intenção dos países é que esse aumento fique abaixo dos dois graus, mas com esforços para a elevação não supere os 1,5ºC.

Os estados mais desenvolvidos, inclusive, aceitaram financiar o combate ao aquecimento global dos países com menos recursos. O investimento total para isso deve ser de US$ 100 bilhões ao ano.

No entanto, com a projeção de que 2016 atinja a elevação de 1,14ºC na temperatura média global, em relação ao período pré-industrial, os arranjos acertados na Conferência do Clima (considerado um “dia histórico” pelo presidente francês François Hollande) se tornam bem mais complicados de serem obtidos.

Para se calcular a temperatura do planeta, são utilizados os dados de aproximadamente 6.300 estações meteorológicas espalhados pelo mundo, incluindo unidades localizadas em navios e na Antártida. Combinam-se os registros de temperaturas nos oceanos, que englobam quase dois terços da Terra, com as temperaturas encontradas nos continentes.

Portal: Novo Jornal

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