terça-feira, 3 de maio de 2016

BRILHANTE IDÉIA: Empreendedores potiguares criam produtos ortopédicos feitos à base de bagaço de cana

Cinco jovens se reuniram em um café para montar uma pequena empresa, motivados pelos eventos de Startups onde se conheceram. O intuito era pensar um produto que pudesse ser desenvolvido na impressora 3D que um integrante do grupo já tinha. 

Dentre muitas outras ideias jogadas na mesa, eles decidiram seguir pela intersecção entre tecnologia e saúde. Explica Rodolfo Teles, membro da empresa: “A gente trabalha dentro do setor de soluções ortopédicas com tecnologias sustentáveis”. 
O grupo é formado por Rodolfo, que trabalha com os projetos; Ebert Costa, que atua na produção; Ycaro Ravel, na parte administrativa/financeira; Felipe Neves, responsável pelo comercial e Carlos Lima, do setor de Relacionamentos.

A partir deste conceito, em novembro do ano passado surgiu a Fix It, que atualmente produz órteses biodegradáveis confeccionadas pela impressora 3D. A matéria prima utilizada é um plástico desenvolvido com bagaço de cana de açúcar. 

Rodolfo afirma que a sustentabilidade é uma das principais preocupações da empresa. “Não podemos aumentar a qualidade do produto sem ter a preocupação de ser sustentável. Não adianta pensar em evoluir sem pensar no meio ambiente.”

A órtese é produzida com PLA, um polímero feito a partir de materiais biodegradáveis como bagaço de cana de açúcar, beterraba ou milho. O material tem semelhanças com um fio de nylon, sendo mais grosso. Este tipo de plástico já é bastante usado em impressoras 3D para a confecção de protótipos. 

Entretanto, ainda de acordo com Rodolfo, as pesquisas feitas pelo grupo revelam que nenhuma outra empresa no Brasil segue o mesmo ramo da Fix It. Essa inovação faz parte do sucesso da pequena empresa, que já foi vencedora de dois prêmios nacionais de SartUps.

A base multidisciplinar em que os jovens apostaram também é um fator importante. Todos eles são graduandos ou recém-formados de cursos variados da UNP, como fisioterapia, administração, mecatrônica, biomedicina e engenharia de telecomunicações. Ainda de acordo com Rodolfo, isso deixa o processo mais rápido e objetivo, aumentando a eficiência do trabalho em equipe.

Tecnologia a serviço da saúde
Órteses são dispositivos médicos que controlam o movimento, posicionando corretamente a articulação em caso de lesão. Os modelos mais comuns no mercado atual são os de pano ou neoprene. Estes dispositivos envolvem a área e controlam a movimentação com uma tala. 

O modelo desenvolvido pelos potiguares ainda está em fase de testes, mas já apresenta vantagens quando comparado às órteses convencionais. O dispositivo biodegradável é não só mais sustentável como mais confortável e higiênico por ser lavável a arejado.

Os estudos também apontam que a eficácia no tratamento é maior. A órtese é aquecida em água quente por um profissional que vai analisar a lesão e moldar o produto ao braço do paciente. Por ser um material mais rígido e adaptável, o modelo biodegradável consegue delimitar melhor os movimentos.

O mercado atual também conta com modelos feitos sob medida. Quando comparada a esta opção, Rodolfo explica que a principal diferença é o modelo de negócios - já que estas tem uma capacidade limitada de vendas.

A intenção da FixIt é ampliar a produção e vender em larga escala. Por isso a empresa trabalha com um modelo padrão que pode ser moldado após a compra. 

A empresa se baseia no modelo de negócios “business to business”, que pode ser definido como comércio estabelecido entre empresas. Dessa forma, a meta é vender em grandes quantidades para clínicas e lojas ortopédicas. 

O primeiro modelo de órteses produzida é para o pulso, mas a equipe já está estudando produtos para outras partes do corpo. Além disso, estão sendo feitas pesquisas sobre outras formas de produção em larga escala que sejam mais rápidas que a impressora 3D.

Uma das opções que está sendo estudada é a injeção gráfica. O processo de produção industrial é o mesmo usado para fabricar copos de plástico. Desta forma, são trabalhados moldes de acordo com o tipo de plástico determinado pela empresa contratante. 

Até junho deste ano, os testes devem ter sido concluídos para que o produto seja comercializado. A estimativa é que o valor de mercado fique entre 45 e 60 reais. O preço é semelhante ao das órteses convencionais que custam entre 50 e 60 reais.

Ramo promissor:
O próprio ramo em que está inserida é um modelo em ascensão. Alguns especialistas acreditam que toda empresa que está começando é uma Startup. Entretanto, o conceito mais aceito atualmente é o que define como empresas que surgem com um produto inovador e uma estrutura pequena. Geralmente estão ligadas a tecnologia e alcançam o retorno financeiro rapidamente. 

A união entre um produto inovador e tendências mundiais podem ser apontados como fator de sucesso da Fix It. A pequena empresa se destaca no ramo e foi vencedora de dois eventos nacionais, além do 12º lugar global no Startup Weekend.

Um dos prêmios nacionais foi o do Administradores.com, que aconteceu em Recife em março de 2015, aumentando a visibilidade da Fix It no mercado. A empresa também venceu as etapas regional e nacional do Ideation – Sua Ideia Na Prática. Este último teve como prêmio uma viagem para o Vale di Silício que deve acontecer ainda este ano.

Paralelo aos eventos, a empresa também está no Empreende, que funciona como uma incubadora da UNP, oferecendo consultoria a novas empresas e projetos. A estimativa é que no máximo até o final do próximo mês a Fix It esteja completamente regularizada como empresa.

“Nossa meta é transformar a Fix It em uma referência no mercado nacional. Nossa missão é desengessar as soluções em saúde promovendo liberdade e bem estar e os nossos valores são inovação, integridade, valorização do ser humano e sustentabilidade”, finaliza Rodolfo Teles.

Fonte: O Novo

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