quarta-feira, 27 de julho de 2016

PT “recebeu propina por obra realizada até na Venezuela”

Um dos delatores da Andrade Gutierrez na Operação Lava Jato, o executivo Flávio Gomes Machado Filho, relatou em quase 30 minutos de depoimento ao juiz federal Sérgio Moro que a empreiteira pagou propina ao PT sobre obras na Venezuela financiadas pelo BNDES. O empresário declarou que o pagamento foi feito por meio de ‘doações oficiais’.

Os valores, segundo Machado, estariam dentro de uma exigência de 1% de propina feita em 2008 pelo então presidente do PT, Ricardo Berzoini.

A imposição de Berzoini, segundo o delator contou a Moro, ocorreu durante reunião que teria tido também a presença do tesoureiro do PT à época, Paulo Ferreira, de seu sucessor João Vaccari Neto e do então presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.

“Teve uma outra participação também que eu fui envolvido, também nada a ver com Petrobrás, um assunto ligado a um financiamento no exterior, uma obra na Venezuela, que quando começou a liberação financeira do BNDES me solicitaram também dentro deste acordo. Tudo isso eu voltava para dentro da empresa. Eu era demandado pelo João Vaccari, eu voltava para dentro da empresa, porque eu não tinha autonomia para tomar decisão nenhuma nesse sentido. No caso do BNDES foi pago, referente ao financiamento que correspondia a 35% do valor total do contrato.”

Flávio Machado declarou que a Andrade Gutierrez pagou propina também sobre obras da Eletronuclear. “No caso específico, da Venezuela, do BNDES, e da Eletronuclear, foram feitos pagamentos através de doações oficiais. E, no caso específico da Eletronuclear, foi pago não o solicitado 1%, que segundo o diretor da área específica não teria como fazê-lo. Isso foi feito com 0,5%.”

“O que acontecia na verdade é que eu não tinha nenhum tipo de controle de nenhuma ação. Era uma situação, seguinte: nós tomávamos uma decisão na empresa, capitaneada pelo dr Otávio Azevedo, no sentido de ‘vamos dar uma ajuda ao Partido dos Trabalhadores, no valor x’, ou qualquer outro partido. Não tinha nenhuma regra preestabelecida, nenhum controle. Eu recebia já uma situação concluída, definida que vamos fazer uma ajuda tal. Eu levava a demanda para o Otávio e eventualmente depois voltava, recebia de volta e se fazia a operacionalização através de doação oficial para o Partido dos Trabalhadores.”

O executivo afirmou que ‘era demandado por diversos políticos, partidos, principalmente em épocas de campanha, mas não era exclusividade’.

“Eventualmente, políticos, como têm bases em outros Estados, procuravam outros executivos da Andrade em outras situações”, disse.

Diário do Poder/Blog do BG

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