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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

José Tomaz, um eletricista potiguar na missão de Paz da ONU no Haiti

Nascido no sítio Molambos em Currais novos, Tomaz é filho de Seu Antonio e Dona Cota, marido de Fátima e pai de Thompson e Antony - que ainda está na barriga da mãe

O portalnoar.com reproduz a seguir a história do eletricista José Silva Tomaz contada na Série Retratos, do Grupo Neoenergia.

Era dezembro de 2005 quando José Silva Tomaz embarcou para Porto Príncipe, capital do Haiti, para uma viagem que mudaria a sua vida. Enviado pela missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) através do Exército Brasileiro, ele estava disposto a se entregar de corpo e alma àquela experiência. E ela era para poucos.

Nascido e criado no sítio Molambos em Currais novos, interior do Rio Grande do Norte, Tomaz, teve uma infância feliz, mas também de muito esforço. Acordava cedo e caminhava seis quilômetros com os irmãos todos os dias para ir à escola, trabalhava nas plantações da família e enxergou no Exército uma maneira de sair da casa do pais, melhorar a vida deles e aprender uma profissão. E assim aconteceu: se alistou aos 17 e durante seis anos permaneceu como soldado. Foi quando em 2004 se voluntariou para a missão do Haiti sendo chamado para participar da primeira companhia de engenharia de força de paz. Passou por seis meses de treinamento intenso em Natal e chegou a perder oito quilos tamanho o esforço. De 516 soldados, José Tomaz passou em quarto lugar. “Lá treinamos para todo o tipo de situação, passamos por testes criteriosos para participar e muitos desistem. O Exército prepara perfeitamente, mas também te exige muito” diz.
Eletricista da Cosern, José Tomaz é filho de Seu Antonio e Dona Cota (Foto: Divulgação/Neoenergia)

O embarque aconteceu em junho de 2005. Representando o Brasil, Tomaz fazia de tudo na capital haitiana: desde carregar lixo nas favelas até fazer escolta de autoridades “Andávamos em camburões e as temperaturas lá dentro chegavam a 52 graus, atuávamos como policiais nas ruas, a poluição na cidade era enorme. Uma das coisas que mais me tocou lá foi a pobreza do lugar, vi crianças carregando armas, passando fome”, diz. Os soldados dormiam em pequenos contêineres com seis beliches. Fora a tensão do momento, eles ainda precisavam estar 24 horas por dia de colete a prova de balas e armados, até na hora do descanso. O convívio era intenso e as diferenças de cultura muito grandes. “Precisávamos nos adaptar e nos entender para não deixar nossos dias mais difíceis do que já eram. Posso ficar um ano descrevendo o que vi lá e não vai chegar nem perto do que eu senti”, diz.

E a distância? Era um dos maiores sofrimentos. “No dia que esse menino foi embora eu chorei o dia inteiro aqui nessa janela. Não sabia se ele voltava, foi o pior dia da minha vida”, diz Seu Antonio, pai do eletricista que hoje trabalha na Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), apontando para o local da casa onde estava naquele dia. Os pais de Tomaz ainda moram no sítio Molambos. Durante esses longos seis meses que mais pareceram anos para a família, a comunicação era difícil. “Só tínhamos sete minutos por semana para conversar por telefone, às vezes não dava tempo de falar tudo. A saudade era muito grande, diz Fátima, esposa de Tomaz, emocionada. Como havia uma diferença de fuso horário, os pais de Tomaz passaram todo esse tempo sem ouvir a voz do filho. “Quem passava as notícias pra mim era Fátima. Foi difícil, viu”?, completa a mãe, dona Cota.

Tomaz retornou ao Brasil em dezembro de 2005 com uma certeza: a missão foi cumprida.

Da estada em Porto Principe ele trouxe ensinamentos que vão guiar sua vida pra sempre. “Essa experiência me marcou demais. Aprendi que o que a gente precisa saber é lidar com as diferenças e ter sempre humildade. Lá tive oportunidade de conviver com soldados de Filipinas, Guatemala, Nepal e todas as pessoas, todas mesmo, por mais que não pareça, sempre têm algo para ensinar para você. E essas lições eu vou ensinar para os meus filhos”.

Tomaz é filho de Seu Antonio e Dona Cota, marido de Fátima e pai de Thompson e Antony (que ainda está na barriga da mãe).

Fonte: Portal no Ar

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