domingo, 27 de novembro de 2016

Desemprego sobe no RN, que tem a sexta maior taxa do país

Entre todos os estados brasileiros, o Rio Grande do Norte é o sexto com mais pessoas sem empregos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A taxa de desocupação do terceiro trimestre de 2016 ficou em 14.1% e é segunda maior apresentada no estado desde 2012. São 51 mil pessoas a mais sem ocupação nos últimos doze meses, com 32 mil que perderam esperanças de conseguir emprego.

O IBGE constatou que, entre julho e setembro passado, 19 mil pessoas não estavam executando nenhuma atividade remuneratória (formal ou informal), mas procurava emprego. "Entre o terceiro trimestre de 2015 para 2016 subiu de 198 mil para 217 mil a quantidade de pessoas desocupadas, que são as que estão a procura de trabalho. As outras 32 mil que ficaram sem emprego nos últimos doze meses, desistiram de procurar [trabalho]", explica o Chefe da Unidade Estadual do IBGE no RN, economista José Aldemir Freire. 

Este segundo grupo de desempregados conta Aldemir Freire, o IBGE classifica como as pessoas que abandonaram o mercado de trabalho e não se dispuseram a buscar uma nova ocupação. É o chamado grupo do "desalento", formado por pessoas que perderam as expectativas de ingresso no mercado de trabalho.

Além disso, parte das pessoas que estavam trabalhando não estavam tão ocupadas assim, pois não trabalhavam as 40 horas semanais e procuram uma segunda ocupação, são as pessoas que o IBGE chama de subocupadas. "Foram 1.316.000 pessoas ocupadas, mas entre estas, 120 mil trabalham menos de 40 horas por semana, têm disponibilidade e deseja trabalhar mais", explica Aldemir.

A maior taxa registrada no estado também é deste ano. Foi no primeiro trimestre, quando o saldo de pessoas sem ocupação chegou a 14,3%. Entre abril e junho, a situação parecia melhorar com a queda desse índice para 13.5%, mas nos meses seguintes, até setembro, voltou a subir. "A causa é nacional, a crise da economia, a recessão. Não tinha como ser diferente no estado. O IBGE não trabalha com expectativas, mas eu, enquanto economista, não vejo que haverá melhora nesse quadro nos próximos meses porque não vejo geração de ocupação", avalia o chefe da unidade do IBGE no RN.

A taxa de desocupação mostrou diferenças regionais de patamares ao longo de toda a série iniciada no primeiro trimestre de 2012. A região Nordeste permaneceu apresentando as maiores taxas de desocupação, tendo registrado, no 3º trimestre de 2016, uma taxa de 14,1%; enquanto a Região Sul teve a menor, 7,9%. O Rio Grande do Norte apresentou a melhor taxa na série histórica nos últimos meses de 2013, ficando em 9.8%. Atualmente, o estado só está abaixo dos estados da Bahia (15.9%), Pernambuco (15.3%), Amapá (14.9%), Alagoas (14.8%) e Sergipe (14.2%). Mato Grosso do Sul (7.7%) e Santa Catarina (6.4%) aparecem com as menores taxas de desocupação.


32 mil perderam esperanças de conseguir emprego
Os dados do IBGE se confirmam nas declarações de representantes de diferentes setores da economia potiguar que se manifestaram a respeito da crise econômica que tem afetado todas as áreas da economia e consequentemente provocado desempregos, contudo, eles acreditam que há sinais de recuperação da economia.

O presidente da Federação das Indústrias do estado (Fiern), Amaro Sales, relata que a situação tem ficado cada vez pior e que a tendência é piorar. “Por mais que haja otimismo na economia, não espero nenhuma notícia de que vá aumentar o número de empregos por enquanto”, diz. Ele sugere que, se o governo federal promover mudanças na política econômica, poderá trazer novo fôlego para a indústria.

“É assustador, como representante do setor industrial, nos preocupamos e diante disso esperamos que o governo federal incentive a produção. Tem que dar sinais positivos, como a redução de juros e a questão do crédito”. O presidente da Fiern reclama da morosidade para o governo implementar as reformas propostas. “Precisa rever reformas, como a trabalhista. Nossa CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) é de 1943 quando a economia era outra.Temos novas tecnologias, a indústria 4.0 e isso não pode confrontar. Vivemos com a insegurança jurídica, tem que ver as terceirizações. O governo deveria enfrentar e incentivar as empresas”, destaca.

Para ele, o aumento da taxa de desocupação traz impactos nas áreas da segurança e saúde, gerando mais preocupação e gastos para o governo. Na construção civil, um dos setores que mais perdeu postos de trabalho nos últimos três anos, a geração de empregos só deve acontecer com lançamento de novos empreendimentos ou de obras públicas.

CONSTRUÇÃO
A vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Ana Adalgisa, diz que o Sinduscon-RN acompanha mensalmente os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho que apontou o fechamento de 4.464 postos de trabalho na área, desde o início do ano até setembro passado.

“Em 2014 a gente tinha 40 mil trabalhadores com carteira assinada e hoje a gente tem 25,5 mil. São poucas obras acontecendo, não tem lançamentos. Com as obras que estão sendo concluídas, mais trabalhadores ficarão sem empregos e nossa preocupação é quando vamos ter novas obras”, diz. Uma das boas expectativas está no programa Minha Casa Minha Vida que será relançado pelo governo federal. Em relação a isso, diz Ana Adalgisa, a Caixa Econômica Federal, responsável pelos repasses tem demonstrado otimismo às construtoras.

“Quando o governo federal, estadual ou municipal investe em infraestrutura, gera potencial de emprego. Natal tem obras de saneamento da Caern, temos as obras na BR 101 pelo DNIT e espera-se que outras obras surjam. Gerando emprego na construção civil alimenta uma cadeia”, diz a vice-presidente do Sinduscon. A construção civil é visto como um grande fomentador de empregos porque também movimenta o comércio e a indústria. A expectativa do setor é de que no segundo semestre de 2016 já tenham sido lançados novos empreendimentos, gerando novos postos de trabalho.
Situação é preocupante e setores ativos torcem por reforma.
Fonte: Novo Jornal 

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