A indicação do líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), para o Itamaraty obedece à lógica política do presidente Michel Temer de abraçar o Congresso Nacional para tentar aprovar as reformas que ele julga importantes, como a da Previdência e a trabalhista.
Também é uma maneira de comprometer e reforçar ainda mais o apoio do PSDB ao governo Temer num momento de novas turbulências políticas, como as causadas pelo depoimento de José Yunes à Procuradoria Geral da República e o de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral.
O Ministério das Relações Exteriores já estava na cota do PSDB. Quando Temer assumiu, ele colocou o senador José Serra (SP) no Itamaraty porque não queria o tucano na área econômica. O presidente manteve o ministério na cota do PSDB para evitar qualquer desculpa política que pudesse causar qualquer insatisfação no partido aliado.
Havia insatisfação no Itamaraty com a opção de Temer por um político para comandar a pasta. A gestão de Serra não foi bem avaliada pelos próprios funcionários do ministério.
O senador Aloysio Nunes tem experiência na área de relações exteriores. Trabalhou na Comissão de Relações Exteriores do Senado. É alguém dedicado a esses assuntos. No entanto, é político. Certamente, continuará a circular internamente no Itamaraty uma crítica velada a essa linha estratégica que Temer traçou para o Ministério das Relações Exteriores _sobretudo num momento de enormes desafios globais, como os criados pelo governo Trump nos EUA.
Mas a prioridade de Temer é manter o apoio no Congresso. Nesse contexto, a política externa ficou em segundo plano por causa da necessidade de evitar perda de apoio congressual.
Blog do Kennedy
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