Atual campeão mundial de surfe, o potiguar Ítalo Ferreira está feliz da vida em Tóquio. Ele conheceu a Vila Olímpica, encontrou outros atletas e está na expectativa da estreia de sua modalidade no programa olímpico. Ele tem no currículo uma vitória no ISA Games em 2019, que foi disputado no Japão (mas em outra praia) e quer repetir a dose a partir de sábado (horário de Brasília).
Como está a ansiedade para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio?
Estou ansioso sim, mas deu para aproveitar um pouco mais as últimas semanas para ficar com a família e surfar em casa. No segundo semestre tudo pode mudar, pois além da Olimpíada tem a reta final do Circuito Mundial. Então, treinei pesado e acho que alcancei o auge da forma física e mental.
Você vai disputar os Jogos de Tóquio ao lado de outras lendas do esporte. Já parou para pensar nisso?
Percebi um pouco isso quando fui no Prêmio Laureus (o Oscar do esporte). Os atletas que estavam ali eram enormes e isso chamou minha atenção.
Qual é a primeira lembrança que você tem da Olimpíada?
As que mais me marcaram foram as vitórias do Usain Bolt no atletismo. Ele é um cara exemplar e motivo de inspiração para mim. Ele saiu do zero, batalhou e conquistou muitas medalhas. Sei que ele não está mais competindo, mas seria legal se eu pudesse encontrar ele em Tóquio.
As ondas em Tsurigasaki costumam ser pequenas. Você precisou perder peso para estar mais leve nesta competição?
Estou mais magro em comparação a outros anos. Treinei bastante, mas não com pesos. Foram exercícios um pouco mais leves, com mais repetições, para ter mais resistência e não ganhar tanta musculatura. Também mantive uma boa alimentação.
Como é a estrutura que você montou em sua casa na Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, para treinar?
Eu já tinha uma academia, mas demos uma melhorada. Aumentei meu espaço, até porque tenho muitos amigos e gosto de receber todo mundo bem e ter a galera em casa. E aí tem muitas brincadeiras, mas também o lado do surfe.
Talvez seu maior adversário para o ouro nos Jogos seja o Gabriel Medina. Ter essa disputa interna também é agradável?
Não vejo ele como o maior problema, a mente é o maior problema. Muitos atletas estão buscando o mesmo que eu. Tem o Gabriel, o Kolohe Andino (americano), o Kanoa Igarashi (japonês), o Hiroto Ohhara (japonês)… São caras que, nas condições em que deve estar o mar, podem ser uma pedra no sapato.
A torcida brasileira sonha com uma dobradinha no pódio na Olimpíada. Já imaginou?
Se tiver os dois brasileiros na final, na disputa pela medalha de ouro, seria incrível. Mas quero ganhar, sair com o melhor resultado possível. A chance de poder representar o País nos Jogos é incrível.
É possível que as manobras aéreas sejam determinantes. Tem praticado muito?
Faço isso todos os dias, mas estou apostando em outras manobras também, com combinações de borda e linha. Só aéreo pode não dar certo, precisa ter outro repertório. Então é bom estar treinado para poder criar outras manobras na bateria.
Você acha que o local de competição parece um pouco com o “quintal” da sua casa, na Baía Formosa?
É um ‘beach break’ e gosto de competir assim, sem pressão e trocando as notas. Não sei como é a questão do vento, mas ondas pequenas e condições do mar são algo que vivo diariamente no Nordeste. A praia de Tsurigasaki é um lugar quente, então preciso ficar ligado nos equipamentos, principalmente na parafina, que pode derreter e atrapalhar na hora da onda, então precisa prestar atenção para trocar.
Fonte: Estadão Conteúdo
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