O atual quadro de ocupação dos leitos de terapia intensiva do Sistema Único de Saúde (SUS) para adultos com covid-19 fez com que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitisse uma nota técnica sobre o tema nesta quinta-feira (3). De acordo com dados do último dia 31 de janeiro, o percentual em nove unidades da federação, entre elas o Rio Grande do Norte, ultrapassou os 80%. Além disso, 13 capitais suplantaram o mesmo percentual, sendo Natal a maior ocupação proporcional de leitos críticos do Nordeste (89%).
Pesquisadores da Fiocruz consideram que, embora distante do cenário do ano passado, crescimento da ocupação é preocupante
O percentual de 80% é considerado a fronteira de uma zona de alerta crítico. Os dados foram retirados do último dia 31 de janeiro. De acordo com a nota, a capital potiguar tinha, na data verificada, uma estimativa de 89% de leitos públicos ou privados contratualizados para o tratamento da covid ocupados. O percentual é maior do que Teresina (83%), Maceió (81%) e Fortaleza (80%), demais capitais de estados nordestinos que igualaram ou ultrapassaram o panorama de 80% de ocupação. O quadro mais crítico do País era verificado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde foi verificada 109% de ocupação dos leitos.
Em relação aos estados, o RN estava, na data verificada, com 86% de ocupação de leitos covid de terapia intensiva. Outros estados como Piauí (87%), Pernambuco (88%), Espírito Santo (83%), Mato Grosso do Sul (103%), Goiás (91%), Distrito Federal (97%), Amazonas (80%) e Mato Grosso (91%) também ultrapassaram os 80% de ocupação. A nota técnica destaca, ainda, que os aumentos no percentual de ocupação em alguns estados ocorrem ao mesmo tempo que a abertura de leitos. Pernambuco, por exemplo, ampliou a oferta de vagas de UTI de 991 para 1106, entre 24 e 31 de janeiro, e a taxa de ocupação aumentou de 81% para 88%.
Os pesquisadores ressaltam que, apesar disso, o cenário não é o mesmo do momento mais crítico da pandemia, entre março e junho de 2021, quando a maior parte do país estava na zona de alerta crítico e o número de leitos para covid-19 era maior.
"Ainda assim, o crescimento nas taxas de ocupação de leitos de UTI SRAG/Covid-19 para adultos no SUS é preocupante, principalmente frente às baixas coberturas vacinais em diversas áreas do país, onde também são mais precários os recursos assistenciais, especialmente os de alta complexidade", afirma a nota técnica. Ela explica que, mesmo com uma proporção menor de casos graves, a variante Ômicron pode produzir um número expressivo de internações devido a sua grande transmissibilidade.
A Fiocruz reforça que pessoas que já receberam a dose de reforço são pouco suscetíveis à internação, mas podem ter sua vulnerabilidade aumentada por comorbidades graves ou idade avançada. Além disso, a fundação acrescenta que ainda há uma proporção considerável da população que não recebeu a dose de reforço, que é suscetível a formas mais graves de infecção com a Ômicron e, principalmente, há uma parte da população não vacinada e, portanto, muito mais suscetível.
"Insistimos que é fundamental empreender esforços para avançar na vacinação, incluindo-se a exigência do passaporte vacinal. É também fundamental controlar a disseminação da covid-19, com maior rigor na obrigatoriedade de uso de máscaras em locais públicos, e campanhas para orientar a população sobre o autoisolamento ao apresentarem sintomas, evitando a transmissão intradomiciliar entre outras", acrescenta.
Para os pesquisadores do Observatório Covid-19, o comportamento das taxas de ocupação em estados e capitais indica a interiorização da variante Ômicron. Algumas capitais já apresentam mais estabilidade ou mesmo queda nas suas taxas, enquanto as taxas dos estados crescem expressivamente.
SRAG
A Fiocruz considera também que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) tem sinal forte de crescimento nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas).
A análise indica que 20 das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas 6 semanas) até a SE 4: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Embora Bahia, Pará e Pernambuco apresentem sinal de estabilidade na tendência de longo prazo, a tendência das últimas três semanas é de crescimento. O Distrito Federal apresenta sinal de estabilidade nas duas tendências analisadas, enquanto Espírito Santo, Rondônia e Sergipe apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo e estabilidade. Os Estados apresentam ao menos uma macrorregião de saúde em nível de casos semanais alto ou superior, sendo que em 22 há pelo menos uma macrorregião com nível muito alto ou extremamente alto.
Fonte: Tribuna do Norte
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