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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

'Vaquinha' arrecada R$ 45 mil para pedreiro que perdeu casa em incêndio reconstruir vida ao lado de cachorro

Alcides Soares teve casa completamente destruída e se emocionou ao reencontrar Quinho, o cachorrinho dele: 'Foi uma benção'.
Seu Alcides e o inseparável companheiro Quinho — Foto: Bruno Vital/G1 RN
Por Bruno Vital, G1 RN
O pedreiro Alcides Soares, ou simplesmente “Seu Alcides”, começou a reconstruir a vida após perder a casa em um incêndio no bairro Planalto, Zona Oeste de Natal, em novembro do ano passado. O homem de 58 anos comoveu amigos, familiares e outras pessoas Brasil afora ao se reencontrar com o cachorrinho Quinho, que foi salvo das chamas. Uma vaquinha organizada por um projeto social de São Paulo arrecadou R$ 45 mil para Alcides reconstruir sua casa.

O objetivo era arrecadar R$ 19,5 mil, mas em menos de um mês a vaquinha foi apoiada por 917 pessoas e recebeu R$ 45,3 mil - mais que o dobro da meta inicial. “Agora vou me programar, comprar o material e terminar de construir minha casa. Se não fosse essa ajuda da vaquinha eu não ia ter condições de fazer isso não”, comenta Alcides, que pretende terminar a obra nos próximos meses.

"A gente imagina que quando uma pessoa perde o lugar onde mora, ela perde tudo. Mas seu Alcides nos ensinou que para ele, a casa não tinha tanto significado naquele momento. O que importava era que seu cachorrinho, o Quinho, estava bem. Isso mexeu demais com a gente. Ficamos felizes com a vaquinha e esperamos que ele construa logo a casinha dele", diz Jéssica Souza, uma das criadoras da campanha.
Obra da nova casa do pedreiro foi paralisada por falta de material — Foto: Bruno Vital/G1 RN
O pedreiro “faz-tudo” de 58 anos, que atualmente trabalha como vigilante, até começou a reconstruir a casa com materiais doados pela população, mas a obra parou por falta de recursos. O alicerce da nova residência de Alcides e Quinho foi erguido por dois amigos pedreiros, que ofereceram trabalho voluntário.

“Foi uma benção. É muito bom saber que tanta gente resolver ajudar. Não esperava que ia ser assim tão rápido. Na hora foi muito difícil eu só pensava no que ia fazer porque há seis anos estou desempregado e vivo de bicos de pedreiro, eletricista e encanador. Eu só não fiquei num mato sem cachorro, como diz o ditado, porque fiquei com Quinho”, relembra o bem humorado Alcides com um semblante de esperança no rosto.

“A gente nem se conhecia direito, mas aí eu vi ele na reportagem e reconheci. Fui atrás e disse a ele que não tinha como ajudar na compra de material, mas prometi dar uma força na construção da casa”, explica Paulo Eduardo, pedreiro que se tornou amigo de Seu Alcides. Apesar de prestar serviços a uma construtora privada, Paulo se dispõe a ajudar a terminar a casa do amigo trabalhando nos fins de semana. Enquanto o novo lar não fica pronto, Alcides recebe abrigo da irmã, no bairro Guarapes, Zona Oeste da capital potiguar.

Relembre o caso:
No dia 26 de novembro de 2019, a casa de número 75 da Rua Tarumã, no Planalto, foi completamente destruída por um incêndio. As chamas derrubaram a estrutura, que foi o lar de Alcides Soares por 11 anos. A residência pegou fogo quando o pedreiro havia saído para visitar a irmã, que mora no Guarapes.

O dono da casa foi alertado sobre o incêndio pelos vizinhos e em meio à tragédia se alegrou ao encontrar o fiel companheiro dele, o cachorrinho Quinho. O animal, que já tem 12 anos de vida e não tem parte da visão, foi salvo pela vizinhança de Alcides. “Eu escutei o barulho e quando vi as labaredas entrei para tentar salvar o cachorro dele, graças a Deus deu tudo certo”, conta Washington Lima, morador da Rua Tarumã.

“Quinho é mais que um filho pra mim. Eu quase morri quando soube que ele tinha ficado preso dentro de casa. Os meus vizinhos foram os anjos que salvaram ele. Na verdade, eles salvaram a mim, isso que é importante”, disse Alcides à época.
Alcides e o amigo pedreiro Paulo — Foto: Bruno Vital/G1 RN
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte (CBMRN), o fogo pode ter sido causado por um curto-circuito. A suspeita é de que as chamas tenham se espalhado rapidamente por causa do material inflamável que havia no imóvel. Desempregado, parte do sustento de Alcides vem da venda de material reciclável.

Fonte: G1 RN

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