Julgamento acontece nesta sexta (28), no Fórum Miguel Seabra, em Natal.
Eugênio Becegato é foragido e acusado de matar Clara Rubianny em 2013.
Começou às 8h desta sexta-feira (28), no Fórum Desembargador Miguel Seabra Fagundes, em Natal, o júri popular do empresário paulista Eugênio Becegato Júnior, de 36 anos, acusado de matar estrangulada a pernambucana Clara Rubianny Ferreira, de 26 anos. O crime aconteceu em julho do ano passado dentro de um apartamento no bairro de Ponta Negra, na zona Sul de Natal. O julgamento acontece à revelia, já que o réu encontra-se foragido.
Becegato é natural de Ribeirão Preto. Ele foi preso no dia 23 julho, um dia após o corpo da vítima ter sido encontrado por vizinhos que reclamaram à polícia do mau cheiro que vinha do apartamento do acusado. O empresário foi preso ao ser abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal que realizaram uma barreira na BR-116, na região de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia.
De lá, ele foi levado para Natal e indiciado pelo crime de homicídio qualificado. Porém, no dia 16 de fevereiro deste ano ele conseguiu fugir do CDP de Parnamirim, unidade de detenção provisória localizada na região metropolitana da capital potiguar. Desde então, é considerado procurado pela Justiça.
À época da prisão, também em julho do ano passado, a defesa de Becegato afirmou que o homicídio foi cometido em legítima defesa, pois a vítima teria tentado aplicar o golpe conhecido como 'Boa noite, Cinderela' para roubar pertences do empresário.
De acordo com o advogado do réu, Rilke Barth, mesmo sem a presença de Becegato a defesa irá atuar normalmente e promete manter a tese de legítima defesa. “O fato dele não estar presente realmente prejudica, porque uma coisa é ele estar aqui para se defender. Mas, vamos atuar normalmente e manter a tese de que ele matou para se defender”, disse.
O promotor do caso, Augusto Flávio Azevedo, explicou que a legislação permite que o réu seja julgado mesmo não estando presente - “até porque ele tomou ciência das acusações e do julgamento”, afirmou. “O réu terá todas as garantias como se estivesse lá. Neste caso, há a intenção deliberada do réu de não comparecer, e isso demonstra que ele tem a defesa comprometida. A gente parte do pressuposto de que quem não deve não teme”, observou.
Relembre o caso
Clara Rubianny Ferreira tinha 26 anos e era natural
de Caruaru (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)
Clara Rubianny era natural de Caruaru, em Pernambuco. O corpo dela foi achado dentro do apartamento de Becegato no dia 22 de julho de 2013. Estava enrolado em lençóis e sacos plásticos e com um fio em volta do pescoço. De acordo com a polícia, vestígios achados no apartamento indicam que houve consumo de drogas. Uma tatuagem na perna possibilitou a identificação da vítima.
Segundo o médico legista Manoel Marques, na época coordenador de medicina legal do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), a jovem morreu em decorrência de um estrangulamento. "O laudo foi assinado pelo legista Cícero Tibério e revela que a jovem foi estrangulada por um pedaço de fio que estava enrolado no pescoço dela", afirmou Marques.
A polícia chegou ao apartamento após uma denúncia anônima de moradores. Vizinhos reclamaram do mau cheiro vindo do imóvel. Os policiais arrombaram a porta e acharam o corpo já em estado de decomposição. Antes da descoberta, Edson Barreto chegou a entrar em contato com o pai de Clara, que mora em Caruaru. "Ele não tinha notícias dela faziam seis dias", contou.
O vídeo mostra os últimos momentos de vida da jovem pernambucana
Eugênio Becegato Júnior deixou o prédio por volta das 13h do domingo (21) em uma Cherokee vermelha e não retornou.
O policial também contou que a Polícia Militar esteve no apartamento no dia 19, mas teve a entrada impedida pelo dono do apartamento. "Como não tinham mandado, os policiais preferiram não arriscar", ressaltou o chefe de investigações da 15ª DP.
Ele, inclusive, teria pensado em esquartejar o corpo e tirá-lo de lá em um carrinho de supermercado"
Karen Lopes,
delegada de polícia
Materialidade
A delegada Karen Lopes, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Zona Sul de Natal, foi a Bahia no dia seguinte à prisão e buscou o empresário. Na capital potiguar, Eugênio disse que só iria se pronunciar após a emissão do laudo cadavérico.
Apesar do silêncio do suspeito na ocasião, a delegada disse acredita ter materialidade suficiente da culpa do empresário. Segundo ela, o crime teria acontecido após uma briga entre Eugênio e Clara. “Nós encontramos evidências do consumo de drogas”, apontou. Além disso, Karen afirmou que uma testemunha teria dito que o homem pediu ajuda para ocultar o cadáver. “Ele, inclusive, teria pensado em esquartejar o corpo e tirá-lo de lá em um carrinho de supermercado. Ele tentou conservar o corpo inclusive deixando o ar condicionado ligado direto”, comentou.
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