Secretaria de Educação fiscalizará o cumprimento dos dias letivos perdidos nos últimos dois meses.
Após “férias prolongadas” em função da greve dos professores, alunos da rede estadual de ensino do RN começaram a voltar à rotina escolar nesta segunda-feira (24), primeiro dia do ano letivo.
Para repor quase dois meses de aulas perdidas, as escolas deverão readequar o calendário escolar ou, em alguns casos, refazê-lo, incluindo dias ou horários extras de aulas. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (SEEC), cada unidade escolar receberá orientações de como deverão repor os dias e conteúdos perdidos.
O coordenador das Diretorias Regionais de Educação (Dired), Eduardo Colin, esclareceu que cada escola receberá um documento conforme a sua realidade. “As escolas que pararam completamente nesse período de greve deverão refazer o calendário letivo, de modo a contemplar a reposição dos dias letivos que foram perdidos. Aquelas escolas que estavam funcionando parcialmente, terão que readequar os conteúdos perdidos. Apesar dessa diferenciação, o foco em todas as escolas da rede deverá ser no conteúdo que deixou de ser ministrado. Os alunos não podem ser prejudicados com a falta de conteúdo”, destacou.
Segundo a Secretaria, são poucas as escolas que deverão refazer o calendário letivo, por terem fugindo completamente do planejamento oficial da Educação. Nesses casos, cada escola deverá criar o ser calendário, com um projeto específico de reposição, e encaminhá-lo para avaliação da Dired) a qual pertence. “Eles fazem o projeto conforme a realidade da escola e nos encaminham para aprovação da Secretaria. Estamos fazendo isso para garantir que os alunos não percam nenhum conteúdo e nenhum dia letivo”, disse Eduardo Colin.
A Escola Estadual Walfredo Gurgel, no bairro de Candelária, é uma das escolas que passaram mais de 50 dias sem nenhuma atividade, uma vez que a adesão dos professores à greve se deu em sua totalidade. “Estamos aguardando as orientações da secretaria para vermos o que será possível fazer. Acredito que ainda hoje estaremos recebendo isso. De qualquer forma, todas as aulas foram retomadas hoje”, disse Walmir Lopes, vice-diretor da instituição de ensino.
“Iremos estabelecer metas para cumprir com o calendário letivo da melhor maneira. Porém, os professores que tiveram o ponto cortado estão ameaçando não repor as aulas, caso a secretaria não pague o que foi descontado. E quanto a isso não temos muito o que fazer, já que se trata de um direito deles” declarou.
Questionado sobre como avalia o prejuízo da greve para os alunos do Walfredo Gurgel, o vice-diretor disse que esse é um discurso “demagogo”. “Esse é o típico discurso de greve. Todos sofrem com uma paralisação dessas, não são apenas os alunos. Se os estudantes são prejudicados pelas aulas perdidas, os professores também são, pois terão que se desdobrar de diversas formas para cumprir com suas obrigações”, disse. “Infelizmente, greves são assim mesmo. Alguém tem que ser atingido, senão não valeu de nada”.
Edson Alves, professor de Filosofia e Geografia, é um dos profissionais que tiveram o ponto cortado e o salário diminuído durante a greve. Para ele, os profissionais ainda precisam entrar em consenso e avaliar o que será melhor para ambos os lados. “Nós temos dois direcionamentos. A orientação da Secretaria de Educação e a orientação do sindicato. Temos que a analisar as condições que temos e ver o que será melhor”, afirmou.”A reposição das aulas é uma obrigação nossa, mas o corte do ponto foi uma medida ilegal, uma retaliação. A greve só aconteceu porque não tínhamos outra saída para buscar nossos direitos”, disse Edson.
A Secretaria de Educação recorreu à decisão do Tribunal de Justiça e poderá não ser obrigada a pagar os pontos cortados dos professores. Entretanto, Eduardo Colin garantiu que há intenção de pagar aos profissionais. “Nós iremos pagar a todos os professores, mas para isso precisaremos que eles cumpram com o planejamento de reposição das aulas”, afirmou o coordenador das Direds.
Para a estudante Maria Heloisa Nobre, 12 anos, todas essas discussões não irão melhorar a situação que os alunos terão que enfrentar durante o pós-greve. “Contando com o período normal de férias, ficamos quase quatro meses sem nenhuma aula. Apesar de reconhecer que a escola irá tentar correr atrás do tempo perdido, no final das contas nós continuaremos sendo os mais prejudicados. Teremos mais horas/aula e tudo ficará mais puxado. Já ouvi que há possibilidade de termos aulas aos sábados. Isso não é do agrado de ninguém”, destacou.
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