ENTRE VALES
Por Maria Helena de Oliveira
Professora mestra em Psicologia na UNI-RN (Centro Universitário do Rio Grande do Norte).
Entre Vales estreia em breve nos cinemas!
Segundo longa de Philippe Barcinski estreia em maio
" Recentemente, Maria de Fátima de 43 anos e mãe de três filhos, foi vítima de um acidente no lixão de Tangará/RN. Ela residia no assentamento Uirapurú e trabalhava com o esposo no lixão da cidade quando, segundo informações, tentava subir por trás de um caminhão caçamba que estava dando ré. Soube também que os catadores sobem na caçamba, ainda com o caminhão em movimento, disputando a coleta de materiais, ou seja, cata mais quem for mais ágil. Ela perdeu a vida.
A história dessa trabalhadora (como de tantas outras) é muito tocante. Embora não a tenha conhecido pessoalmente, senti vontade de compartilhar porque me sensibilizei bastante, especialmente quando fiquei sabendo dos detalhes de sua trajetória de vida, seu cotidiano, do seu resgate após o acidente e do diálogo que a mesma manteve com o marido durante o trajeto Tangará - Natal.
Aproveito para recomendar um filme que desde 2012 espero a exibição nos cinemas (prevista para maio de 2014): Entre Vales. O filme conta a história de Vicente, um economista que após sofrer perdas significativas, vê-se obrigado a modificar drasticamente, sua presença no mundo.
De Maria de Fátima ficou a ausência, o não-dito, e também a certeza de que é preciso criar mais espaços de escuta para os "trabalhadores socialmente invisíveis".
Quem é você de verdade? Despido de tudo?"
Por Maria Helena de Oliveira
Professora mestra em Psicologia na UNI-RN (Centro Universitário do Rio Grande do Norte).
Entre Vales estreia em breve nos cinemas!
O filme mostra a dor e a recuperação humana nos cenários de lixões e cooperativas de reciclagem
Em "Entre Vales", Vicente, vivido por Ângelo Antônio, tem uma vida comum, até que uma sucessão de perdas o leva a percorrer o complexo universo da dor, de onde emergem emoções soterradas pelo cotidiano das grandes metrópoles. O novo filme de Philippe Barcinski, ambientado em lixões, aterros sanitários e cooperativas de reciclagem, tem roteiro escrito em parceria com sua esposa Fabiana Werneck Barcinski e atuação elogiada de Ângelo Antônio. O segundo longa do diretor carioca radicado em São Paulo chega aos cinemas em 08 de maio com o II Prêmio Itamaraty para o Cinema Sul-Americano e o Prêmio do Público, no 8º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, na bagagem.
Qual foi o ponto de partida para o roteiro?
Há alguns anos, comecei uma pesquisa após a forte impressão que os filmes "Estamira", do Marcos Prado, e "Boca do Lixo", do Coutinho, me causaram. Visitei o lixão do Gramacho no Rio e entrei em contato com cooperativas de catadores de lixo em São Paulo. Fiquei muito comovido com o que vi. No lixão, quase a totalidade de pessoas tem histórias muitas perdas na vida e as pessoas estão sem dinheiro, casa, higiene ou dignidade. Já nos espaços das cooperativas de reciclagem, me deparei com a recuperação. Em meio a tudo isso, pensei que seria incrível escrever uma história de perda e recuperação, um prato cheio para a construção narrativa, dramática e visual.
Mas essa é uma realidade que está perto do fim, certo?
O Brasil está encerrando as atividades dos lixões e o filme marca esse processo também, mas não se trata de um filme sobre lixo e sim de uma metáfora. "Entre Vales" é uma fábula visual da natureza humana, como ela se reconstrói. A ideia é que seja uma experiência vivenciar a jornada de Vicente e de suas emoções.
O filme se passa em São Paulo?
A história desenrola em uma grande metrópole, inspirada em São Paulo e Rio. Eu sou do Rio, mas moro em São Paulo há 20 anos e a vejo com um grande potencial fotográfico, apesar de ser mais difícil encontrar a poesia, pois é preciso fazer uma pesquisa mais densa do que em locais com paisagens naturais. Ainda assim eu a vejo como um ambiente muito instigante e plural.
Você já havia trabalhado com Walter Carvalho, que assina a direção de fotografia?
Eu o conheço há muito tempo, temos amigos comuns. Como o filme continha uma diversidade de universos reais, logo pensei nele. E foi ótimo, aprendi muita coisa, ele é um verdadeiro mestre.
Qual a perspectiva de distribuição do filme?
Circulamos em alguns festivais e nos últimos meses trabalhamos com a parte burocrática do lançamento. Estreamos em oito de maio com um pouco de atraso por conta desses acertos. O filme será exibido no circuito de arte, com estreia em duas salas no Rio e em São Paulo, além de uma sala em Belo Horizonte e uma em Recife. Trabalhamos em poucos lugares, mas com a ideia de que o filme permaneça por mais tempo, para ganhar sustentação.
Por que em poucas salas?
As salas do circuito alternativo estão diminuindo, as produtoras que trabalham com filmes de arte também. Em relação ao mercado brasileiro, o cinema comercial é o que tem crescido, com um número muito maior de títulos.
Você se vê como um diretor de arte ou um blockbuster?
O "Não por Acaso", meu primeiro longa, é muito equilibrado e tem elementos das duas formas, já o "Entre Vales" é um filme de arte. Meu próximo projeto terá que ter uma pegada mais comercial, provavelmente.
http://brasileconomico.ig.com.br/noticias/segundo-longa-de-philippe-barcinski-estreia-em-maio_139983.html
O filme mostra a dor e a recuperação humana nos cenários de lixões e cooperativas de reciclagem
Em "Entre Vales", Vicente, vivido por Ângelo Antônio, tem uma vida comum, até que uma sucessão de perdas o leva a percorrer o complexo universo da dor, de onde emergem emoções soterradas pelo cotidiano das grandes metrópoles. O novo filme de Philippe Barcinski, ambientado em lixões, aterros sanitários e cooperativas de reciclagem, tem roteiro escrito em parceria com sua esposa Fabiana Werneck Barcinski e atuação elogiada de Ângelo Antônio. O segundo longa do diretor carioca radicado em São Paulo chega aos cinemas em 08 de maio com o II Prêmio Itamaraty para o Cinema Sul-Americano e o Prêmio do Público, no 8º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, na bagagem.
Qual foi o ponto de partida para o roteiro?
Há alguns anos, comecei uma pesquisa após a forte impressão que os filmes "Estamira", do Marcos Prado, e "Boca do Lixo", do Coutinho, me causaram. Visitei o lixão do Gramacho no Rio e entrei em contato com cooperativas de catadores de lixo em São Paulo. Fiquei muito comovido com o que vi. No lixão, quase a totalidade de pessoas tem histórias muitas perdas na vida e as pessoas estão sem dinheiro, casa, higiene ou dignidade. Já nos espaços das cooperativas de reciclagem, me deparei com a recuperação. Em meio a tudo isso, pensei que seria incrível escrever uma história de perda e recuperação, um prato cheio para a construção narrativa, dramática e visual.
Mas essa é uma realidade que está perto do fim, certo?
O Brasil está encerrando as atividades dos lixões e o filme marca esse processo também, mas não se trata de um filme sobre lixo e sim de uma metáfora. "Entre Vales" é uma fábula visual da natureza humana, como ela se reconstrói. A ideia é que seja uma experiência vivenciar a jornada de Vicente e de suas emoções.
O filme se passa em São Paulo?
A história desenrola em uma grande metrópole, inspirada em São Paulo e Rio. Eu sou do Rio, mas moro em São Paulo há 20 anos e a vejo com um grande potencial fotográfico, apesar de ser mais difícil encontrar a poesia, pois é preciso fazer uma pesquisa mais densa do que em locais com paisagens naturais. Ainda assim eu a vejo como um ambiente muito instigante e plural.
Você já havia trabalhado com Walter Carvalho, que assina a direção de fotografia?
Eu o conheço há muito tempo, temos amigos comuns. Como o filme continha uma diversidade de universos reais, logo pensei nele. E foi ótimo, aprendi muita coisa, ele é um verdadeiro mestre.
Qual a perspectiva de distribuição do filme?
Circulamos em alguns festivais e nos últimos meses trabalhamos com a parte burocrática do lançamento. Estreamos em oito de maio com um pouco de atraso por conta desses acertos. O filme será exibido no circuito de arte, com estreia em duas salas no Rio e em São Paulo, além de uma sala em Belo Horizonte e uma em Recife. Trabalhamos em poucos lugares, mas com a ideia de que o filme permaneça por mais tempo, para ganhar sustentação.
Por que em poucas salas?
As salas do circuito alternativo estão diminuindo, as produtoras que trabalham com filmes de arte também. Em relação ao mercado brasileiro, o cinema comercial é o que tem crescido, com um número muito maior de títulos.
Você se vê como um diretor de arte ou um blockbuster?
O "Não por Acaso", meu primeiro longa, é muito equilibrado e tem elementos das duas formas, já o "Entre Vales" é um filme de arte. Meu próximo projeto terá que ter uma pegada mais comercial, provavelmente.
http://brasileconomico.ig.com.br/noticias/segundo-longa-de-philippe-barcinski-estreia-em-maio_139983.html
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