Encontrei o Gordinho da Mercatto à noite, lá mesmo. Na padaria que serviu como cenário para a peleja épica de 29 de dezembro de 2013. Naquela tarde de domingo o empresário Alexadre Azevedo enfrentou o desembargador Dilermando Mota, que teria destratado um garçom da padaria. De lá pra cá se passaram praticamente cinco meses. O fuzuê resultou em um processo administrativo disciplinar contra o desembargador, que está em curso desde março no Tribunal de Justiça.
E se no Brasil processo contra cabra sem eira nem beira já demora, imagina
contra “seu dotô com anel no dedo”. A burocratização da justiça tira o juízo de qualquer sujeito e neste caso do Gordinho da Mercatto, cria no mínimo uma curiosidade em um monte de gente. O que aconteceu com o desembargador? E será que vai acontecer alguma coisa? E o gordinho, o que tem feito da vida? E o pobre do garçom, a mais humilde parte da história?
Para tentar responder algumas dessas perguntas, convidei o empresário Alexandre Azevedo ( o gordinho em questão) para um café na padaria mais badalada da capitá. Como apareceu nas entrevistas de TV meses atrás, o cara continua tranqüilo, bonachão, bem humorado. Logo na chegada perguntamos pelo garçom do dia da confusão (cujo nome prefiro não citar). Somos informados que ele continua trabalhando no local, normalmente, considerado um ótimo funcionário. Preferiu não botar o desembargador no pau, por razões óbvias.
Aliás, antes de falar sobre a situação de Alexandre, preciso contar que há cerca de dez dias, ele e o magistrado iam se encontrando novamente. Sendo que no Mangai. Faltou uma peinha de nada. Os garçons contaram que foi o gordinho entrando por uma porta e o desembargador saindo pela outra. “Seu amigo saiu daqui agora”, disse um dos garçons. Fico até imaginando, banana voando pra um lado, sino voando pro outro, pamonha na cara do povo… Felizmente (ou não), o encontro não ocorreu. Mas o empresário diz que não agiria com agressividade. “Pra mim seria normal. Só sentiria frieza e desprezo”
Empresário conta que pessoas ainda o reconhecem na rua
Alexandre conta que continua levando a vida normalmente, tocando sua empresa, e tal. Mas que aguarda ansioso por um resultado no processo contra Dilermando. “Sinto uma espécie de expectativa impaciente pelo fato de ninguém ter sido chamado ainda para prestar esclarecimento. Eu continuo me colocando à disposição”.
O processo corre em segredo de justiça, mas o Gordinho da Mercatto acaba tendo algumas informações pela imprensa. Ele diz que confia nos desembargadores que formam o pleno do TJ e que vão julgar Dilermando, mas é cismado com a forma como o sistema funciona. Com a burocracia da coisa. “Queria que ele fosse punido exemplarmente. Para servir de modelo para as pessoas que agem como ele age”, reafirma. Alexandre diz que apesar de todo o tempo passado as pessoas continuam o reconhecendo na rua e perguntam pelo “fim da novela”, dão apoio.
O processo que Dilermando enfrenta tem o prazo de 45 dias, podendo ser prorrogado. As penas previstas são advertência, censura, remoção compulsória, disponibilidade, aposentadoria compulsória e demissão. Pelo sistema de rodízio que tradicionalmente vigora no TJ o Presidente do TRE/RN para as próximas eleições seria Dilermando Mota. Entretanto, não existe escolha oficial até o momento. Pelas informações que circulam nos bastidores, deve prosperar a indicação da desembargadora Zeneide Bezerra que ocuparia o cargo de Corregedora do TRE, enquanto o desembargador Virgílio Macedo seria o presidente da Corte eleitoral a partir de agosto deste ano.
por Jacson Damasceno
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