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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Um potiguar na arena dos games


“League of Legends” e “Defense of the Ancients 2” (DOTA2) são exemplos de MOBA e/ou Action RTS; e em Natal Daniel SagaZ é especialista no assunto. Se você, caro leitor incauto, não faz ideia que ‘assunto’ é esse, nada de pânico: só iniciados no universo dos vídeos games são capazes de traduzir as siglas e identificar (sem maiores explicações) que se trata de dois jogos de estratégia em tempo real com partidas travadas por várias pessoas via internet. Craque da ‘Liga do Lendários’, SagaZ é jogador profissional e vem treinando de 4 a 7 horas por dia para mais uma peleja entre seres mitológicos e extraordinários durante campeonato que acontece em Santiago, Chile, no próximo dia 10 de agosto. O potiguar é o mais novo contratado da equipe Kaos Latin Games, o melhor time chileno e entre os melhores da América Latina.


Reprodução

Daniel SagaZ Gomes, 22, é jogador profissional de vídeo game, especializado no título “League of Legends”. O natalense foi contratado pela Kaos Latin Games, melhor equipe do ChileDaniel SagaZ Gomes, 22, é jogador profissional de vídeo game, especializado no título “League of Legends”. O natalense foi contratado pela Kaos Latin Games, melhor equipe do Chile
O mercado de games já é três vezes maior que o do cinema, e para se ter uma noção do tanto que eventos do gênero mobilizam basta dizer que na Liga Nacional Chilena são esperados 20 mil competidores – agrupados em equipes de cinco jogadores.“A fase inicial é online, depois que rolam os confrontos presenciais”, explicou Daniel Augusto Brito Gomes, 22, que há 13 anos é mais conhecido por Daniel SagaZ entre seus adversários. As principais competições do mundo oferecem prêmios milionários. 

Mas a vida de jogador profissional de vídeo game não é nada fácil. Primeiro ele precisa vencer a resistência dentro de casa, seguido do preconceito de quem não enxerga a atividade como um esporte ou mesmo como trabalho: “No começo não tinha nenhum incentivo da família. Não os culpo, pois o cenário era fraco na época que comecei (início dos anos 2000). De uns tempos para cá é que, finalmente, ganhou mais força. Atualmente recebo muito apoio e sou muito grato por isso”, recorda Daniel SagaZ, filho do publicitário Augusto Lula e da produtora cultural Danielle Brito.

A profissionalização veio em 2005, quando começou a se destacar no game DOTA. “Sempre amei jogo, desde criança, e acabou que eu fui me destacando muito no gênero ‘MOBA’ (multiplayer online battle arena). Atualmente me dedico exclusivamente ao League of Legends, que apesar da semelhança com o DOTA2 são bem diferentes”. Esses dois jogos são os que possuem maior cenário competitivo, sendo as equipes chinesas as melhores em DOTA2 e as coreanas campeãs em League of Legends. 

“O Brasil está bastante desenvolvido no contexto latino americano, porém, estamos bastante atrás ao resto do mundo”, disse Daniel, revelando sua fórmula para entrar no mercado: dedicação, tempo, habilidade e, principalmente, força de vontade. Outra possibilidade é se envolver no desenvolvimento de novos jogos.

Apesar de já ganhar algum dinheiro para jogar, SagaZ ainda não considera sua atividade uma profissão propriamente dita. “Um jogador só é bem pago caso tenha bons resultados, tornando qualquer deslize muito frustrante”, disse. O potiguar está no grupo dos que acreditam que, no futuro, os games farão parte de modalidades olímpicas. “Os esportes demoraram muito tempo para se tornar o que são, é uma questão de tempo”, profetiza.

Daniel, é preciso treinar vários jogos para conquistar espaço nesse mercado, ou o ideal é focar em um único ou alguns poucos jogos?
O melhor é a pessoa dedicar seu tempo para aprender um, do que jogar vários. Em diferentes jogos pode ser possível treinar alguma habilidades comuns como reflexos, resiliência, comunicação e agilidade.

Jogar vídeo game, de alguma maneira, atrapalha a vida social e o desempenho na escola? 
Não diretamente, claro que você vai se relacionar pessoalmente com menor frequência no dia-a-dia, mas, sempre mantenho contato com outras pessoas que querem o mesmo objetivo. Sempre fui uma pessoa social, nunca deixei isso afetar minha vida pessoal. Sobre desempenho da escola, depende muito de cada um, têm pessoas que possuem uma força de vontade maior e conseguem administrar bem o tempo entre o colégio e os jogos. Infelizmente eu não sou um deles.

E qual o primeiro sintoma que é preciso perceber quando se passa do ponto em termos de tempo dedicado aos jogos?
Quando você se estressa mais do que normal e desconta nas pessoas ao seu redor – família e amigos por exemplo.

O que você já teve de fazer para jogar? 
Nunca cheguei a fazer loucuras, o máximo que devo ter feito foi gazear aula durante os JERNs (jogos escolares). Mas fico sabendo de muita história bizarra, gente que parte para agressão física.

Sobre sua contratação pela equipe chilena, o que representa? A equipe (formada por três chilenos, um venezuelano e o natalense) está bem no ranking mundial ou o alcance é mais latino-americano?
Eu sempre tive uma amizade com os jogadores do time (Kaos Latin Games) e sempre vi potencial neles. Quando decidiram subir o nível com um plano ambicioso (para conquistar mais espaço), me vi tentado a aceitar o convite de integrar a equipe. O time que estou é considerado o melhor de todo o Chile, e por enquanto só estamos no cenário latino-americano.

Fonte: Tribuna do Norte

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