A Divisão Especial de Investigação e de Combate ao Crime Organizado (Deicor) tem conseguido prender integrantes de quadrilhas que atuam em roubos a caixas eletrônicos de bancos no Rio Grande do Norte, mas não demora muito para que os criminosos se encontrem novamente em liberdade e voltem a agir. A afirmação é da delegada adjunta da Deicor, Danielle Filgueira. Ela revela ainda que a maioria dos arrombamentos, com uso de explosivos ou maçarico, é praticada pelos mesmos bandidos.
Emanuel AmaralDelegada Daniele Filgueira reclama da impunidade: “Não dá para continuar enxugando gelo”
“São sempre os mesmos. Às vezes, tem um ou outro de fora. A maioria nós sabemos quem são”, diz a delegada, ressaltando que a polícia já prendeu vários desses criminosos - alguns, mais de uma vez -, mas eles são sempre soltos. “Há muito tempo a gente vem clamando para que o Judiciário e o Ministério Público façam sua parte. Não dá para continuar enxugando gelo”, reclama Danielle Filgueira, para quem o maior problema nesse trabalho não é a estrutura da polícia, mas, sim, a Justiça.
“É uma prisão preventiva que não sai, uma interceptação telefônica que você pede, mas tem uma burocracia maior do mundo pra poder interceptar um criminoso desse, mesmo com ele totalmente identificado”. Danielle Filgueira cita o caso do arrombador de banco Victor Alexandro Siqueira Magalhães Barros, que só pela Deicor já foi preso cinco vezes, mas está em liberdade. Conhecido também pelos apelidos de Victor Bombado e Victor Playboy, ele responde a 11 ações criminais na Justiça do RN.
Segundo a delegada, Victor e outros seis homens foram presos no dia 1º de março de 2013, quando tentavam arrombar o terminal do Banco do Brasil da Prefeitura de Macaíba, mas nenhum deles continua preso. “Todos estão na rua”, fala Danielle Filgueira, acrescentando ainda que em janeiro de 2014 a Deicor voltou a prender Victor em flagrante, dessa vez em São José de Campestre, após ele e mais dois homens explodirem um caixa do BB na pequena cidade do Agreste potiguar.
“Pegamos ele com armas e dinheiro. Junto com Victor, prendemos Rogério Reinaldo da Silva, que também está solto. Na semana passada, ele passou aqui num corola branco, na maior pose, para pegar sua CNH, que estava apreendida. Perguntei: Já está solto? E ele respondeu: Estou”, narrou a delegada, sem conseguir esconder sua indignação.
Outro caso que revoltou Danielle Filgueira foi a fuga de dois procurados ladrões de banco do Pará – André Luiz de Assunção e Fredson dos Santos Figueiredo - que a Deicor havia prendido em flagrante no mês de dezembro do ano passado. Segundo a delegada, há, espalhados pelo Brasil, mais de 12 processos contra a dupla. Somente no Espírito Santo, são seis mandados de prisão contra eles.
“Nós os surpreendemos quando iam arrombar o terminal do Banco do Brasil do Vilarte, em Ponta Negra. Alertamos que o presídio para onde eles foram levados era inseguro e pedimos sua transferência, mas o Judiciário negou. No dia 1º de fevereiro deste ano, depois de eu ficar uma semana como uma louca pedindo ao juiz e ao promotor para transferi-los, os dois fugiram”, conta a delegada.
Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário