O mistério pode ter sido resolvido. Nem dengue, chikungunya ou virose. As pessoas que têm apresentado sintomas como febre branda, manchas na pele, diarreia, dores nos olhos podem estar infectadas com o zika vírus, uma doença inédita na América Latina, porém muito comum em diversas regiões dos continentes africano e asiático. Em 2013, inclusive, houve um surto no qual centenas de pessoas foram diagnosticadas com esse mal na Polinésia Francesa, na Oceania.
A descoberta foi feita pelos pesquisadores Gúbio Soares e Silvia Sardi, do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que conseguiram encontrar o zika vírus em oito das 25 amostras testadas nessa terça-feira (28). Todas eram de pacientes com os sintomas, supostamente da dengue, residentes na cidade Camaçari, município da Região Metropolitana de Salvador, na Bahia. As amostras de sangue foram analisadas por meio de uma técnica chamada RT-PCR.
Segundo Gúbio, a doença, que nunca havia sido registrada no Brasil, pode ter chegado ao País na época da Copa do Mundo, em 2014, porém acabou passando despercebida por causa da semelhança com a dengue. “O zika vírus é transmitido da mesma forma que a dengue e a chikungunya, ou seja, através do mosquito Aedes aegypti, além de outros mosquitos da mesma família, e o que mais se tem no Nordeste do Brasil é mosquito”, ressaltou o estudioso, que revelou: “Além dos sintomas que se confundem com a dengue, o paciente ainda pode apresentar sinais de conjuntivite”.
O pesquisador revela que, apesar do conhecimento “superficial” sobre a nova doença, é possível afirmar que a mesma é mais branda do que as “irmãs mais velhas”. Para ele, a menor letalidade do zika vírus não deve deixar a população relaxada quanto aos cuidados no combate ao mosquito transmissor. “As pessoas devem ficar atentas e lutar contra os focos do Aedes aegypti porque da mesma forma que ele está transmitindo dengue, chikungunya e zica vírus, pode passar a transmitir vírus muito mais letais; daí a importância de lutar contra o mosquito”, avaliou Gúbio Soares.
“A chegada da chikungunya na Bahia e o grande número de pessoas notificadas com dengue nos fez pesquisar melhor as amostras e identificar esse flavuvírus que nunca havia sido identificado na América Latina”, comentou Gúbio Soares. Apenas exames de sangue podem identificar a presença do zika vírus. O tratamento para esse mal é mesmo usado contra a dengue, podendo o doente se recuperar num período mais breve - cerca de cinco dias. A descoberta dos pesquisadores Gúbio Soares e Silvia Sardi foi possível graças ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), que disponibilizou recursos através do Programa de Apoio à Pesquisa para o SUS (PPSUS).
Fonte: NE 10/ Caicó Digital
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