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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Mãe e irmã de gêmeos estupradores abandonam casas e deixam tudo para trás

Dona Rosa e Kelinha, mãe e filha, respectivamente, dos gêmeos que confessaram participação nos estupros coletivos, deixaram suas casas depois do fatídico episódio que trouxe tudo à tona.

Na casa da irmã, o vazio. (foto: Dinarte Assunção)

Os laços de família que ligavam mãe e irmã dos adolescentes envolvidos em estupros coletivos em Natal foram deixados para trás. Epitáfio desse desfecho poderia ser um trecho da música do alemão Herbert Grönemeyer, quando escreveu que “lar não é lugar, lar é sentimento”. E tentando não sentir, a mãe e a irmã dos garotos deixaram suas casas. Numa delas, onde a reportagem esteve nesta terça-feira (25), ficou apenas o vazio. E ainda assim um vazio que comprime e dá para sentir.

O casebre visitado na periferia de Felipe Camarão, na zona Oeste de Natal, foi abandonado nos últimos dias. Vizinhos não souberam precisar a data, mas informaram que Kelinha, como é conhecida a irmã dos garotos, que era casada com o terceiro personagem que compõe o trio de estupradores, Alexsandro Faustino do Nascimento, saiu numa manhã com a bebê recém-nascida, filha de Alexsandro, e nunca mais voltou.

A casa tem três vãos, todos preenchidos de vazio. O chão queimado, as paredes com um desbotado azul e o sol que corta o ambiente pelos buracos da telhas são uma impressão assustadora para quem sabe que ali um dia foi um lar, sentimento, como a música de Grönemeryer, até que na quinta-feira (20) tudo ruiu quando o trio foi preso e confessou os estupros.

Se por um lado ninguém sabe o paradeiro da moça em Felipe Camarão; por outro, tem-se notícia, em outro ponto da região metropolitana de Natal, de Kelinha e sua mãe, dona Rosa. As duas estiveram na casa da matriarca da família, em Parnamirim. Saíram tão rápido quanto entraram. Nas mãos, duas sacolas. O paradeiro de ambas é incógnita.

O densenlace do elo entre mãe, irmã e os gêmeos tem outro fator. Os adolescentes foram transferidos de Natal sigilosamente. Um está em Caicó. O outro foi abrigado em Mossoró. No Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator (Ciad), em Cidade da Esperança, onde estavam reclusos, havia a iminente ameaça de morte contra ambos. Apenas a lei escrita é diferente para Alexsandro e os gêmeos. Na lei do crime, estuprador não tem perdão.

Na Delegacia de Atendimento ao Menor Infrator, na Cidade da Esperança, a reportagem colheu uma impressão que ajudou a entender a fuga de dona Rosa e Kelinha. Desnorteadas com o baque, elas deixaram os gêmeos à própria sorte. A maioria, no entanto, volta para reatar os laços de família. Mas ninguém sabe se dona Rosa e Kelinha terão capacidade de restabelecer o sentimento que um dia foi o lar.
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