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sábado, 1 de agosto de 2015

O brasileiro e o medo de ficar desempregado

Por Maurício Garcia

diretor regional do Ibope, especial para o Blog de Jamildo

Volto a esse espaço, depois de ter escrito sobre o nível de satisfação do brasileiro com a sua vida – dado que teve leve queda em 2015. Ainda dentro da mesma pesquisa CNI IBOPE, outra pergunta importante teve pouco espaço na mídia em geral: a que trata especificamente da opinião dos brasileiros em relação ao desemprego.

Pelo menos nos últimos anos, até o final de 2014, as opiniões sobre o tema mantinham-se estáveis: quase metade dos brasileiros dizia-se “sem medo” do desemprego, um quarto dizia ter apenas “um pouco de medo” do desemprego, enquanto apenas cerca de 15% afirmavam ter, efetivamente, medo de ficarem sem trabalho. Nessa mesma questão, cerca de 8% a 10% dos brasileiros diziam-se já afetados pela falta de emprego.

Nos dois levantamentos feitos para a CNI pelo IBOPE Inteligência em 2015 a tendência mudou bastante. O gráfico abaixo ilustra melhor esse cenário:

Se em dezembro do ano passado apenas 15% afirmavam ter medo do desemprego, em junho esse número chegou a quase metade da população (45%). Por outro lado, a falta de medo do desemprego caiu 26 pontos percentuais, de 47% em dezembro de 2014 para 21% em junho deste ano. O dado que se mantém estável é o índice daqueles que se dizem com “um pouco“ de medo do desemprego.

Vale a pena observar algumas particularidades desses números:

Os que mais afirmam estar muito preocupados com o desemprego são:

As mulheres (48% delas)

As pessoas com idade entre 35 a 44 anos (a fatia mais economicamente ativa da sociedade, com 50%)

Aqueles com grau de escolaridade entre 5ª e 8ª séries do ensino fundamental (49%)

Os moradores do Sudeste e Nordeste (48% e 47%, respectivamente)

Os mais pobres, aqueles com rendimento mensal de até um salário mínimo, 52%.

Os brasileiros com menor poder aquisitivo e os moradores dos municípios das periferias das Regiões Metropolitanas são os que mais admitem que já estão sendo prejudicados pelo desemprego (ambos com 9% de citações).

No Nordeste esses números de “desempregados” é o mais alto em relação às outras regiões do país (8%). No Norte/Centro-Oeste é 6% e no Sul/Sudeste, 5%.

O percentual de pessoas já afetadas pelo desemprego cresce proporcionalmente ao nível de instrução dos brasileiros, variando de 3% para aqueles com nível superior, para 8% entre aqueles com até a 4ª série do ensino fundamental.

Esses dados mostram exatamente o quanto a opinião pública brasileira está atenta e preocupada com o atual momento da nossa economia. E como a expectativa de futuro é algo fundamental para a economia, essa informação é extremamente valiosa, principalmente vista no tempo, com a possibilidade de se observar essa grande mudança de 2014 para 2015.
Fonte: Anna Ruth

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