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sábado, 26 de setembro de 2015

Papa Francisco condena exclusão social

Nova York - Em discurso na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o papa Francisco fez ontem uma ampla defesa dos direitos humanos e da proteção ao meio ambiente. Ele fez críticas ao lucro indiscriminado de organismos financeiros que não estão submetidos ao interesse coletivo, defendendo, inclusive, a regulação desses organismos. O Papa discursou diante de 150 chefes de Estado e de governo, entre eles a presidenta Dilma Rousseff, reunidas na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Joshua LottFrancisco é recebido pelo secretário-geral da ONU antes de ocupar a tribuna, onde proferiu discurso em defesa da justiça social
Ele chamou a gestão econômica global de “irresponsável" e disse que a economia mundial não deve ser guiada pela ambição e riqueza. Defendeu que os organismos financeiros internacionais devem se comprometer com o financiamento do desenvolvimento sustentável dos países. "Os organismos financeiros internacionais deveriam promover o progresso, ao invés de submeter as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência", declarou.

Durante os 35 minutos de discurso, o Papa tocou em vários pontos presentes na Agenda de Desenvolvimento Sustentável Pós-2015, a chamada Agenda 2030. Em diversos momentos chamou os líderes a combater a exclusão social e cobrou, dos países mais desenvolvidos, maior comprometimento com a principal meta do documento: a eliminação da pobreza extrema do mundo.

O papa Francisco também enfatizou a defesa do meio ambiente e disse que "a sede de poder e a propriedade material sem limites”, são fatores que favorecem a manutenção da miséria. Ele lembrou que a "destruição da biodiversidade ameaça a própria existência da espécie humana" e, ao defender o desenvolvimento sustentável, criticou a cultura do descarte.

Para o papa, o mau uso do meio ambiente está relacionado com os processos de exclusão social, em um mundo onde "os mais pobres também são descartados da sociedade". O pontífice pediu que todos os países cumpram as promessas e metas propostas conjuntamente pelos países-membros da ONU e que se esforcem para combater os efeitos do aquecimento global. Francisco também citou a Conferência sobre o Climpa, que vai ocorrer em dezembro, em Paris, e se disse otimista com a assinatura de um acordo global sobre o tema.

O papa Francisco citou a perseguição aos cristãos em alguns países, sobretudo no Oriente Médio e no Norte da África e a intolerância religiosa. "É uma situação dolorosa ver estes cristãos e patrimônios culturais e religiosos destruídos", frisou.

Ele elogiou o acordo para o fim da atividade nuclear no Irã – sem citar o país, como resultado da boa vontade política de líderes mundiais. "O recente acordo sobre a questão nuclear em uma região sensível da Ásia e do Oriente Médio é uma prova das possibilidades da boa vontade política e do direito exercitados com sinceridade, paciência e constância", disse.

Em outro momento do discurso, defendeu o combate a vários tipos de crimes, como o narcotráfico, a lavagem de dinheiro e o tráfico de seres humanos. Para ele, o narcotráfico mata milhões de pessoas silenciosamente e não é suficientemente combatido.

A visita de Francisco foi a quinta de um papa à sede das Nações Unidas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, saudou Francisco em sua chegada, dizendo que muitos se inspiravam na humildade dele. 

Dilma elogia discurso do papa 
Nova York (AE) - Após assistir ao discurso do papa Francisco na Organização das Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff desistiu de participar da cerimônia de abertura da Conferência das Nações Unidas para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e retornou ao hotel onde está hospedada, em Nova York. Na chegada, Dilma limitou-se fazer um gesto de "ok" com a mão ao elogiar o discurso feito pelo papa Francisco. "Gostei muito", disse a presidente, que chegou a comentar com seus assessores que ele tocou em pontos que considera "fundamentais", como a reforma do Conselho de Segurança da ONU e a adoção de medidas efetivas contra a degradação ambiental, apontada por ele como um dos fatores responsáveis pela exclusão econômica e uma ameaça à própria sobrevivência da humanidade. Para a presidente, o papa foi mais enfático em sua fala do que se esperava. 

Na segunda-feira (28), a presidente vai defender, mais uma vez, em discurso na ONU, a necessidade de reforma no Conselho de Segurança para abrigar mais países, citando as dificuldades da instituição em enfrentar graves problemas, como o dos refugiados da Síria e do Haiti. A reforma do Conselho da ONU será ainda tema principal da Cúpula do G-4, que engloba Brasil, Índia, Alemanha e Japão, na manhã deste sábado. Será o primeira reunião dos quatro presidentes do G-4 desde 2004. O acerto de um G-4 presidencial e não apenas de ministros foi fechado na visita de Angela Merkel ao Brasil, em agosto.

Dilma ficará pelo menos até segunda-feira nos Estados Unidos, para o discurso de abertura da 70ª assembleia-geral da ONU. Depois de enfrentar uma semana de muita pressão econômica, com seguidas altas do dólar pressionando a inflação, e política, com os partidos, principalmente o PMDB, buscando ampliar seu espaço na Esplanada, Dilma terá pelo menos quatro dias com mais atenção voltada para a agenda internacional, embora esteja em contato permanente com o Brasil.

Ao sair do hotel, mais cedo, a presidente Dilma não quis responder à pergunta sobre o "trabalho" que o PMDB lhe dera na reforma ministerial nos últimos dias.
TRIBUNA DO NORTE 

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