O fotógrafo Ney Douglas tem uma relação a certo ponto transcendental com o Pico do Cabugi. Durante o projeto Caminhos do Sertão (caminhada a pé que fez de Natal a Campo Grande-RN), ele sempre enfatizou o momento fundamental que a passagem pelo local teve. Na semana passada, ele voltou ao topo de lá - uma das mais belas paisagens potiguares. Foram mais de três horas de subida, dessa vez junto com uma equipe do canal Sportv, que queria contar sua história.
O equipamento de vídeo e áudio para a matéria era grande. Ney, assim, auxiliou os repórteres levando a mochila de um tripé durante todo o trajeto. Lá em cima, no ponto mais bonito, crítico e importante da sua caminhada, contou toda sua história à reportagem. Ao final, foi retirar o equipamento da mochila que carregou a pedido da reportagem. E deu de cara com a tocha olímpica.
O fotógrafo de 38 anos foi um dos potiguares escolhidos para conduzir a tocha no Rio Grande do Norte. "Foi uma emoção gigantesca, porque eu pensava tudo menos na possibilidade de estar com a tocha olímpica em cima do Pico do Cabugi, que foi um ponto estratégico de decisão da minha viagem do Caminhos do Sertão", contou Ney à reportagem do NOVO.
Além dele, alguns nomes já estão confirmados na passagem do principal símbolo esportivo da história do esporte em terras potiguares. Eles são desconhecidos do grande público, mas com algo em comum: alguma mensagem a passar, seja através de projetos sociais ou histórias de vida.
Pessoas como a bodyboarder Aline Mello, que ajuda crianças e adolescentes na Vila de Ponta Negra e o seu próprio aluno Erick Richard, o estudante Danilo Bezerra, que montou uma biblioteca na sala de sua casa no interior do estado e a adolescente paratleta de Bocha Jéssika Azevedo, de apenas 13 anos.
Como esportista simbólico na passagem da tocha, o Comitê Olímpico já confirmou também o nome do nadador potiguar Clodoaldo Silva, paratleta brasileiro com mais medalhas de ouro em uma edição dos Jogos - seis em Atenas, em 2004, além de uma prata.
Desde essa semana, Ney Douglas passou a integrar essa seleta e orgulhosa lista. Toda essa possibilidade na vida dele aconteceu há menos de um ano. Para colocar a cabeça no lugar e se encontrar com todos seus conflitos internos e pensamentos, o fotógrafo decidiu fazer uma caminhada solitária de Natal para a cidade de Campo Grande, distante cerca de 280 quilômetro da capital potiguar.
O trajeto foi pesado, mas valeu o esforço. O objetivo foi cumprido com êxito pelo fotógrafo e ainda rendeu uma grande exposição de algumas das fotografias feitas pelo longo caminho - foram mais de 3.500.
A história de superação física aliada a um trabalho exigente de fotografias pelo sertão rendeu a Ney grande repercussão, o que atraiu os olhos de um projeto audiovisual produzido pela montadora Nissan.
"O pessoal da Vetor Filmes [empresa que produz os mini documentários da Nissan] me ligou dizendo que tinha se interessado pela história e queria saber um pouco mais sobre mim para a produção de um vídeo. Eles me indicaram para a Nissan como um possível condutor da tocha olímpica, porque o que eu fiz foi algo que foi além de todos os princípios do corpo, principalmente por ter sido eu sozinho e não sendo um atleta", conta.
Dois meses de ansiedade
Ney Douglas já vivia a expectativa de poder carregar a tocha olímpica no Rio Grande do Norte. Há dois meses, ele recebeu uma ligação de pessoas ligadas à própria Nissan para informar que a indicação ao Comitê Olímpico havia sido aceito e ele seria um dos condutores no RN. “Eu fiquei naquela tensão de ser realmente um condutor da tocha”.
A confirmação, para alegria de Ney Douglas, chegou nesta semana - com a oportunidade de ser contada em cima do próprio Pico do Cabugi.
“Lá foi um ponto estratégico de decisão da minha viagem do Caminhos do Sertão, que foi onde eu tive um problema na unha e eu tive que cortar o canto da unha para continuar meu trajeto. A subida, que foi dificil também, marcou muito. Foi uma emoção muito forte estar com a tocha lá em cima”, avaliou.
A possibilidade de levar a tocha na terra em que vive e ama, para Ney, será também a de homenagear quem lhe fez chegar até lá.
“Eu recebi com muita alegria e muita felicidade a responsabilidade de carregar a tocha. Vou carregá-la em homenagem a toda galera da fotografia do Rio Grande do Norte e em homenagem também ao povo do sertão, que foi o caminho que eu fiz e que deu origem a toda essa história até chegar neste momento importante”, diz.
Lista oficial
Nos próximos dias, o Comitê Paralímpico divulgará oficialmente os nomes de todos os potiguares que terão a responsabilidade de carregar a tocha pelo Rio Grande do Norte. Mas,m mesmo antes disso, eles já sabem por onde farão esse percurso. O fogo olímpico estará presente em seis cidades do estado: Nova Cruz, Monte Alegre, Angicos, Assu e Mossoró, além da capital Natal.
Na capital potiguar, inclusive, a tocha irá pernoitar para cumprir o trajeto total de 82 cidades por todo o país antes de chegar ao Rio de Janeiro, no dia 5 agosto, para a abertura dos Jogos.
Fonte: Novo Jornal
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