Compartilhamento:

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Conheça o drama da mãe que espera o filho desaparecido há dois anos

Sete de abril de 2014. A data não sai da cabeça da camareira Ana Cláudia de Oliveira Silva, 45. Este foi o dia em que seu filho mais novo, Fábio Alexandre de Oliveira Silva, à época com 14 anos, desapareceu da casa onde moravam, na Avenida Bom Pastor, no bairro de mesmo nome, Zona Oeste de Natal. Desde então, o adolescente não dá notícias à mãe ou à família. O drama vivido por Ana Cláudia é um dos vários em que outras famílias passam diariamente. Segundo dados repassados pela Delegacia Especializada em Capturas (Decap), para onde são encaminhadas as investigações envolvendo desaparecidos, somente neste ano 62 pessoas já sumiram, em Natal e na Região Metropolitana.

No ano de 2014, quando Fábio Alexandre desapareceu, foram 83 casos. As estatísticas da Polícia Civil indicam que nos últimos cinco anos – contando com 2016 – foram registrados 395 sumiços de pessoas. Destes casos, 187 seguem sem solução, como o de Fábio Alexandre. Sua mãe, até hoje espera o retorno do rapaz e diz ter certeza de que ele ainda está vivo.

“Não entendo porque ele não me procura, não vem em casa, não manda um recado. Não tenho na minha mente um motivo do porquê ele ter saido de casa. Vivo eu sei que está, meu coração diz que ele está vivo em algum lugar”, afirmou Ana Cláudia, angustiada.

O rapaz desapareceu em uma segunda-feira. Camareira, Ana Cláudia saiu para o trabalho e deixou o rapaz em casa, dormindo, como ocorria costumeiramente. Quando ela voltou, no fim do dia, o filho já não estava. Chegou a noite e nada dele, recorda a mãe. À 1h da madrugada, ela resolveu sair de casa para procurar o caçula. Nenhum vestígio. Pela manhã o marido foi à delegacia dar queixa do desaparecimento. A família também fez buscas por conta própria. O pai do garoto chegou a ser assaltado em uma de suas saídas: o dinheiro que tinha no bolso e a bicicleta em que estava foram tomados.

Hoje, Ana Cláudia diz ter certeza de que o filho caçula está vivo porque familiares e amigos garantem já tê-lo visto na rua. Uma das últimas informações é de uma pessoa próxima ter visto o rapaz vendendo um celular na feira de Nova Natal. A própria irmã já o avistou de longe na rua, há cerca de um mês. O adolescente chegou a acenar, mas não deu nenhuma palavra de onde está ou do que vive.

Essa incerteza sobre o paradeiro de Fábio é o que mais angustia Ana Cláudia, que recebeu a reportagem do NOVO na casa onde vive hoje com o marido e a mãe – uma senhora de 68 anos que precisa de cuidados devido a uma cirurgia que fez na perna esquerda –, na Rua Dr. Manoel Miranda, Bom Pastor.

No início da conversa sobre o filho, a camareira até segurou a emoção. Falava do fato com um olhar meio perdido, e em um momento olhou para a porta, como se, de repente, esperasse o retorno do rapaz. Mas quando segurou nas mãos a foto do jovem, não aguentou e chorou. “Estou em um beco sem saída, não sei mais onde procurar”, lamentou, com lágrimas no rosto.

Sobre o adolescente, Ana Cláudia lembra que ele era trabalhador, gostava de ajudar feirantes da região. Também foi de grande ajuda quando a avó fez a cirurgia, em 2013, e precisou amputar a perna. “É um menino muito bom, que me ajudou bastante quando fiz a cirurgia”, recordou Francinete de Oliveira, mãe de Ana Cláudia e avó de Fábio Alexandre.

A família diz não saber o que motivou o rapaz a sair de casa. Ele não tinha problemas com os pais, algum dos três irmãos ou qualquer parente. Também, segundo Ana Cláudia, não tinha envolvimento com drogas ou quaisquer contravenções. O que ela diz saber é da vontade de ver o filho novamente ou receber um recado que seja dele.

“Minha vida são meus quatro filhos. Ele é o mais novo. Sei que os outros estão bem, que comeram, dormiram bem, mas e ele? Nem sei se está na rua, se está se alimentando. Não sei o que dizer sobre o sumiço, não sei se estão prendendo ele, se ele não pode voltar”, contou a camareira. “É um quebra-cabeça que não sei nem como começa e se tem o fim. É um sofrimento. E grande”, complementou.
Fonte: Novo Jornal

Nenhum comentário:

Postar um comentário