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domingo, 4 de setembro de 2016

Jessier Quirino diz que a poesia está no detalhe das coisas

Poeta falou sobre seu trabalho e valorização da cultura nordestina em entrevista para Diógenes Dantas.

O poeta Jessier Quirino defende sua poesia matuta a golpes de declamações há mais de 20 anos. Esse paraibano se considera o porta-voz do sentimento popular de muita gente. Quirino foi entrevistado pelo jornalista Diógenes Dantas neste domingo (4), na TV Tropical.

Jessier Quirino, considerado por muitos como um grande “domador de palavras”, contou sua trajetória desde os bancos escolares até os palcos da vida. 

Com estilo próprio o contador de histórias, segue buscando inspiração nas pequenas coisas. “O poeta precisa descobrir nos detalhes das coisas o que há ali de poesia”, provoca.

Quirino se diz uma pessoa extremamente retraída. “Sou de dentro de casa, é uma característica de muitos artistas, faz parte do processo criativo”, explica.

Ele relembra que sempre fez poesia por prazer, para valorizar os momentos com amigos em reuniões, confraternizações e cantorias.

“Antes eu fazia poesia, no dito popular, para beber cachaça mesmo, poetas e artistas até morrem com a tuberculose gerada pela boemia, mas ainda bem que eu não bebo”, brincou.

O poeta paraibano falou que a cidade de Recife de uma forma geral possui uma cultura muito forte, e revela que trabalhos realizados por lá o ajudaram a descobrir que o "Jessier aclamador" vem em primeiro lugar.

Durante a entrevista ele não escondeu o gosto pelo popular. “Eu vi discussões filosóficas, até relacionadas a meu trabalho, onde na verdade não entendo nada. Minha poesia se sustenta muito no recital e menos na escrita", contou.Rádio

Para o artista, o meio de comunicação rádio, diferente da televisão, provoca o lado imaginativo das pessoas. Ele se diz um discípulo da Rádio Borborema de Campina Grande, e cita como grandes influenciadores da sua obra artistas como Jackson Padeiro, Eliano Julião, Luiz Gonzaga, Hélio Ferreira, Genival Lacerda e Ary Toledo.

“Na minha infância, mesmo em meio às brincadeiras, eu sempre ficava atento ao rádio e aos artistas. Jackson do Pandeiro, por exemplo, foi professor de gerações como a de Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Zé entre outros. Ele era um verdadeiro malabarista vocal brasileiro”, explica.

Para Jessier, hoje em dia, a nova geração com hormônios em alta, está concentrada apenas nos rebolados poéticos e alguns aspectos importantes da arte perderam espaço no interesse das pessoas. 

"Nem o elemento poético, nem, regionalístico, nem musical, nem malabarismos vocais são levados em conta, até o instrumental melódico é zero", detalha.

Seu pai era também um poeta, mas erudito, Jessier conta que foi pelo lado de Zé Laurentino que tinha muitos poemas engraçados, e isto foi para ele um importante instrumento de defesa contra a timidez.

"Invencionices, é na cachorrada mesmo para o povo presta atenção e gosta! Se você for fazer poesia tradicional você leva uma vaia ou até uma dedada", exagera.

Trabalho literário

O poeta começou a publicar livros em 1996, e confessa que nunca teve intenção de publicar, o que aconteceu após editores o virem fazer um recital. 
"No ato declamatório as pessoas se envolvem muito, e isso despertou o interesse deles", revela. Se eu não fosse um declamador, um contador de histórias talvez meus livros estivessem somente nas prateleiras das livrarias", lembra. 

Seus dois primeiro livros foram "Paisagem de interior" de 1996 e "Agruras da lata d´água", de 1998. As duas publicações diferente de hoje em dia não tiveram um CD com as aclamações.

Música

A música "Bolero de Isabel" foi a primeira canção que o artista participou como interprete e compositor. Ele revela que tem receio e reserva na hora de cantar, mas que a ajuda de Maciel Melo o "Caboclo Sonhador" que canta junto com ele ajudou.

"Eu o usei como moleta porque todo mundo coloca o Maciel no patamar importante da musicalidade nordestina, e fui junto com ele, porque a música é 100% minha", explica.

"Ela tem uma métrica totalmente Quiriniana, com rimas internas, a última palavra rima com a primeira e isso vale para toda a música", finaliza.

O programa de entrevista do jornalista Diógenes Dantas vai ao ar sempre aos domingos, 10h, na TV Tropical.

Confira a entrevista:

                     
Fonte: nominuto.com

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