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domingo, 3 de junho de 2018

A PÁTRIA DE CHUTEIRA: Como linha de transporte virou a obra inacabada mais cara da Copa do Mundo no Brasil em 2014

Vagões do VLT estão parados em estacionamento desde novembro de 2013
Os canteiros de obras abandonados em meio às principais avenidas de Cuiabá e Várzea Grande representam resquícios daquele que era para ser o maior legado da Copa do Mundo de 2014 para Mato Grosso, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Anunciado pelo então governador do estado, Sival Barbosa (na época no MDB), como o melhor meio de locomoção para torcedores que fossem aos jogos sediados na capital mato-grossense, o VLT nunca chegou a transportar passageiros.

O estado investiu, até o momento, R$ 1,066 bilhão na construção do meio de transporte, que está paralisada. Somente 30% das obras físicas foram executadas até hoje. Envolto em esquemas de corrupção e alvo de operação da Polícia Federal, o VLT tornou-se a obra incompleta mais cara da Copa no Brasil.

A duas semanas de mais um Mundial de futebol, desta vez na Rússia, a construção, marcada por um enredo que mistura promessas frustradas, uma sequência de atrasos, corrupção e brigas na Justiça, nem sequer tem previsão para ser retomada.

Aposta alta:
Em 2009, pouco após o anúncio da cidade como uma das sedes da Copa, era dado como certo que a obra de mobilidade urbana seria o Bus Rapid Transit (BRT) - sistema de ônibus rápidos. O meio de transporte era visto como o mais adequado, em custos e benefícios, para a região metropolitana de Cuiabá.

Em 2011, porém, logo após ser eleito governador de Mato Grosso, Silval Barbosa mudou os planos e determinou a construção do VLT. As obras foram orçadas em R$ 1,2 bilhão --posteriormente, o valor subiu para R$ 1,4 bilhão--, cerca de R$ 700 milhões a mais do que o estimado com o BRT.

Tratava-se então da terceira obra de infraestrutura para o evento mais cara do país. À frente, estavam apenas a construção do BRT carioca, que custou R$ 1,6 bilhão, e a reforma do Aeroporto Internacional de Guarulhos, avaliada em R$ 2,3 bilhões, ambas entregues antes do evento.

Para o engenheiro civil Miguel Miranda, doutor em transporte, o Veículo Leve sobre Trilhos tornou-se um problema difícil de ser solucionado.

"O VLT começou errado e vai dar errado até o fim. É um projeto de modal incompatível com o custo de manutenção. Ele tem uma capacidade muito maior que a da cidade. Para a região metropolitana de Cuiabá, o ideal seria o BRT", afirmou à BBC Brasil.
População da cidade convive há anos com marcas do abandono da obra, como essa estação.
Segundo o projeto, o modal deveria ter duas linhas - uma delas ligando o aeroporto ao Centro Político Administrativo, onde estão concentrados os Poderes do Estado. A outra levaria do bairro Coxipó ao Porto, região tradicional de Cuiabá. Ao todo, seriam 22 quilômetros de trilhos. No trajeto, foram planejadas 33 estações de embarque e desembarque, além de três terminais de integração.

A estimativa era de que o veículo transportasse 160 mil pessoas por dia - segundo estimativa do IBGE, toda a região metropolitana tem cerca de 1 milhão de habitantes.

Os recursos para as obras vieram do Estado, que obteve empréstimo na Caixa Econômica Federal. Hoje, o governo diz pagar parcelas de aproximadamente R$ 13,9 milhões mensais, valor que inclui juros e correção monetária.

Fonte: noticias.uol.com.br

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