A direção do jornal Tribuna do Norte ignorou o impacto da pandemia do novo Coronavírus na vida dos funcionários e demitiu mais de 20 profissionais na segunda-feira (30), entre jornalistas, diagramadores e trabalhadores de outros setores da empresa.
Alguns funcionários trabalhavam há mais de 30 anos no jornal, outros já tinham ultrapassado as duas décadas dentro da redação. A maioria dos jornalistas demitidos ocupava cargos de chefia, seja na pauta ou em editorias. Só na redação foram despedidos sete profissionais. Há três anos, 60 trabalhadores foram mandados embora no maior passaralho (nome dado às demissões em veículos de comunicação) da história do jornal.
Fundada em 1950 pelo jornalista e ex-governador Aluízio Alves, recentemente a Tribuna do Norte teve a maioria das ações comprada pelo empresário e ex-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte Flávio Azevedo, antigo dono do Portal NoAR.
Numa reunião realizada nesta terça-feira (31) pela manhã, a direção da empresa informou aos jornalistas demitidos que fará uma proposta de rescisão com o parcelamento da dívida a ser apresentada em breve aos trabalhadores.
“Solidariedade tem que vir também dos empresários”, diz presidente do Sindjorn
Procurado pela agência Saiba Mais, o Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Norte disse que vai acompanhar o caso, dando suporte jurídico aos funcionários.
O presidente do SindJorn Alexandre Othon classificou as demissões como “inoportunas” e disse que a empresa poderia ter buscado alternativas para vencer a crise sem descontar nos trabalhadores:
– Dentro da própria legislação a partir do decreto de calamidade pública é possível tomar outras medidas que não sejam as demissões, como antecipação de férias, pagamento no quinto dia útil do mês subsequente, redução de carga horária e, até mesmo, economia de insumos como energia dentro da própria empresa”, disse.
Outra possibilidade levantada pelo sindicalista a partir de uma medida proposta pelo governo Federal é a suspensão temporária do pagamento do FGTS por três meses e o posterior pagamento retroativo num prazo futuro.
A direção da Tribuna do Norte mostra, com as demissões em plena pandemia, que os exemplos de solidariedade que estampam as páginas do periódico são, na verdade, retóricas para vender jornal.
Segundo Othon, a solidariedade precisa partir dos empresários também:
– A gente sabe que a crise é nacional, mas geralmente quem sofre mais é o trabalhador que está na ponta. Se fala em quarentena, então que se faça pelo menos o mínimo. Solidariedade tem que vir também dos empresários em relação ao empregador também. O Carrefour está contratando pessoas”, lembrou.
O Sindjorn informou ainda que está acompanhando os veículos para saber se há redução de salário em curso ou mais demissões.
Fonte: www.saibamais.jor.br
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