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terça-feira, 1 de setembro de 2020

Crianças assintomáticas podem transmitir o novo coronavírus por semanas, diz estudo

Crianças infectadas podem transmitir o novo coronavírus mesmo que nunca tenham apresentado sintomas ou algum tempo depois de eles terem desaparecido. É o que sugere um estudo publicado na última sexta-feira, 28, na revista científica Jama Pediatrics. A investigação, que avaliou 91 crianças em hospitais da Coreia do Sul, mostrou também que a duração dos sintomas, quando ocorrem, “variou amplamente”, desde três dias até quase três semanas. Um estudo anterior tinha apontado que crianças têm alta carga viral e podem ser mais infecciosas do que adultos.

Além disso, houve uma diferença considerável nos resultados quanto ao tempo que as crianças continuam transmitindo o vírus e “poderiam ser potencialmente infecciosas”, indica um comunicado do Children’s National Hospital, de Washington, a quem a revista pediu um comentário sobre o estudo. Dessa forma, enquanto o vírus foi detectado em uma média de cerca de duas semanas e meia em todo o grupo, cerca de um quinto dos assintomáticos e metade dos sintomáticos seguiam transmitindo o vírus até perto de três semanas.

O trabalho foi realizado entre fevereiro e março deste ano com pacientes menores de 19 anos – idade média de 11 – que foram acompanhados por três semanas em 22 hospitais, onde os que testam positivo para o novo coronavírus permanecem internados mesmo que sejam assintomáticos. O comentário que acompanha o estudo considera que a investigação acrescenta alguns pontos importantes ao conhecimento que se tem sobre a covid-19 em crianças, enter eles o “grande número” de pessoas assintomáticas, cerca de um quinto do grupo.

Os dados indicam que por volta de 22% dos pacientes nunca desenvolveram sintomas, 20% foi inicialmente assintomático, mas apresentou sinais depois, e 58% foi sintomático no teste inicial. Ao longo do estudo, o grupo foi submetido ao teste a cada três dias, em média. Outros resultados mostram que a duração dos sintomas varia muito e alguns podem permanecer por semanas, ainda que a média tenha sido de 13 dias. O comentário da revista também destaca que até mesmo os assintomáticos “continuam espalhando o vírus durante muito tempo depois do teste inicial, o que faz deles possível vetores”.

Em crianças com infecções respiratórias nas vias aéreas superiores, o RNA viral foi detectado durante uma média de 18,7 dias; naqueles com infecções nas vias baixas, durante 19,9 dias; já nas assintomáticas, foi possível detectar o vírus durante uma média de 14,1 dias. Porém, o estudo adverte que, neste caso, a detecção do RNA do vírus em amostras respiratórias “não implica necessariamente na presença de um vírus viável”.

Sobre a gravidade da covid-19 entre as crianças com sintomas, o estudo indica que 65% delas apresentaram quadro leve, 28% moderado e 3% grave, e nenhuma precisou de ventilação mecânica. Entre os sintomas identificados estão: respiratórios (60%), gastrointestinais (18%), febre (30%) e perda de olfato ou paladar (16%).

Os especialistas que comentaram o estudo destacaram algumas limitações, como a análise apenas da excreção do vírus pelo trato respiratório, embora várias pesquisas tenham detectado o agente infeccioso em outros fluidos corporais, inclusive nas fezes. Além disso, falam sobre a ligação entre testes e transmissão, uma vez que um resultado positivo ou negativo para covid-19 pode não refletir necessariamente infecciosidade. “Alguns positivos refletem pedaços de material genético que talvez podem não deixar alguém doente, e os negativos refletem baixos níveis de vírus que podem permanecer infecciosos.”

ESTADÃO CONTEÚDO

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