Apesar da seca histórica sobre os reservatórios das hidrelétricas do país, especialistas do setor descartam o risco de apagão declarado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em redes sociais nesta terça (1). A expectativa, porém, é que os impactos da escassez na conta de luz sejam duradouros.
Em novembro, o volume de energia armazenada nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro Oeste atingiu a média de 18,1%, a menor para o mês desde 2014. E as perspectivas de chuvas para dezembro não são animadoras: apontam para volumes menores que a metade da média histórica das regiões.
A situação é crítica também no Sul, onde os reservatórios fecharam novembro com 18,6% de sua capacidade de geração de energia, o menor valor para o mês pelo menos dos últimos 20 anos, segundo mostram os dados disponíveis do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
A situação só é mais favorável no Nordeste, beneficiado pelo crescimento da geração eólica e por restrições operativas nas usinas do rio São Francisco, com o objetivo de recuperar os reservatórios da seca severa que assolou a região entre 2014 e 2018.
De acordo com o ONS, o nível dos reservatórios do Nordeste chegou fechou novembro, em média, em 52,3% da capacidade, quase 20 pontos percentuais acima do mesmo período do ano anterior e o melhor volume para o mês desde 2009.
O operador diz que a situação reflete a escassez hídrica vivida pelo país nos últimos anos. Nas regiões Sudeste e Centro-oeste, consideradas a caixa d’água do sistema elétrico brasileiro, o volume de chuvas no período seco de 2020 foi o terceiro pior da série histórica.
O cenário força o governo a autorizar, em 17 de outubro, o uso de térmicas mais caras para tentar poupar água nos reservatórios das hidrelétricas. Na sexta (27), o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) autorizou a manutenção da estratégia.
Além disso, propôs a revisão de restrições operativas nas hidrelétricas da bacia do São Francisco, liberando mais energia para o intercâmbio com outras regiões, e em usinas dos rios Paraná e Tietê. Também está autorizada a importação de países vizinhos.
Com o maior de térmicas, que representam hoje cerca de 20% da geração de energia o país, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) decidiu na segunda (30) implantar a bandeira vermelha patamar 2 na conta de luz, com a cobrança adicional de R$ 6,24 por cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.
Fonte: FOLHAPRESS
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