Estado tem 348 casos prováveis nas três primeiras semanas, 25% a mais que no ano passado - Foto: Divulgação |
Por redação Tribuna do Norte
O primeiro lote de vacinas contra a dengue do Ministério da Saúde beneficiará, num primeiro momento, apenas 19 cidades de duas regiões de saúde do Rio Grande do Norte. No Brasil, serão distribuídas 759 mil doses da vacina, no entanto, o quantitativo de doses para o Estado não foi revelado pelo Ministério da Saúde (MS). A expectativa é de que a vacinação comece no início de fevereiro para um público-alvo de crianças de 10 a 14 anos. Nesta sexta-feira (26), a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) promoverá uma coletiva para detalhar as ações de vacinação no RN. Em 2024, a Sesap já notificou 348 casos prováveis de dengue nas três primeiras semanas, 25% a mais que no mesmo período do ano passado.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), 521 municípios brasileiros em regiões endêmicas foram selecionados neste primeiro momento para receber a vacina contra a dengue. As regiões de saúde selecionadas atenderam a três critérios: são formadas por municípios de grande porte, ou seja, mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024, e com maior predominância do sorotipo DENV-2. Com isso, 16 estados e o Distrito Federal têm municípios que preenchem os requisitos para o início da vacinação a partir de 2024.
As cidades beneficiadas no Rio Grande do Norte pertencem a apenas duas regiões de sete de Saúde que o Estado possui. São elas: Natal, Parnamirim, Extremoz, Macaíba, São Gonçalo do Amarante (7ª região); Mossoró, Baraúna, Apodi, Upanema, Tibau, Governador Dix-Sept Rosado, Felipe Guerra, Caraúbas, Serra do Mel, Areia Branca, Messias Targino, Grossos, Janduís e Augusto Severo (2ª região).
Na avaliação do médico e infectologista André Prudente, o quantitativo de vacinas enviada num primeiro momento é abaixo do ideal, mas ressalta a importância do início da vacinação no Rio Grande do Norte e no Brasil.
“Tem duas maneiras de se analisar isso: pelo lado positivo, é a primeira vez que será disponibilizada essa vacina pelo SUS, algo que nunca havia acontecido, pois tinha-se apenas na rede privada. Mas, realmente o número inicial é bastante baixo, bem aquém do que realmente precisamos. O ideal era imunizarmos todos os municípios, não apenas na faixa etária prioritária. Esse ano estamos vendo alertas sob risco de uma grande epidemia de dengue. Nos primeiros 15 dias de 2024 já tivemos mais casos no Brasil do que em todo o ano de 2023. Então a vacina cairia muito bem como forma de prevenir essa possível grande epidemia que pode vir”, explica.
“Como não há vacina disponível para todas as cidades, foi feito uma escolha por prioridades que o MS consegue atender. Destes 19 municípios, foram escolhidas as cidades que tiveram mais casos proporcionalmente no ano passado e que estão numa iminência de terem um surto de novos casos em 2024”, analisa o imunologista Leonardo Lima, professor da UFRN.
Em 2024, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil já registra 12 mortes por dengue e 120.874 casos prováveis da doença nas três primeiras semanas de 2024. No mesmo período de 2023, foram tabulados 26 óbitos e 44.753 casos prováveis.
Público-Alvo
Segundo o Ministério da Saúde, serão vacinadas as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023, depois das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada pela Anvisa. Esse é um recorte que reúne o maior número de regiões de saúde. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
“Existem quatro sorotipos do vírus dengue. Quando se adoece por um deles, adquire-se imunidade para o resto da vida. Por exemplo, se temos circulando o sorotipo 1 quem adoece por ele nunca mais vai adoecer por ele. Mas, o sorotipo 3, que há muitos anos não circulava, voltou a aparecer, então boa parte da população está suscetível a adquirir esse vírus, não tendo imunidade a ele, principalmente as crianças, pois da última vez que ele circulou as crianças não eram nascidas ainda. Há realmente o risco em todo o Brasil termos essa epidemia de dengue esse ano”, explica o médico infectologista André Prudente.
A definição de um público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da vacina. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no último sábado (20). O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro. Além dessas, o Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. O Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023. A inclusão foi analisada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS), que recomendou a incorporação.
Fonte: Tribuna do Norte
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