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domingo, 13 de outubro de 2013

A questão passa mais pela educação”

Publicação: 13 de Outubro de 2013 às 00:00

Psicóloga por formação, Luciana Rocha atua como psicopedagoga em uma escola de atividades complementares, voltada para crianças entre 2 e 8 anos. Ela convive com a meninada e entende seus anseios e mudanças de comportamento. Luciana concedeu entrevista para o TN Família onde comentou a lei que proíbe a fabricação e comercialização de armas de brinquedos, aprovada no Distrito Federal, entre outras opiniões sobre educação, pais e brinquedos violentos. Confira alguns trechos da conversa.
DivulgaçãoPsicopedagoga Luciana Rocha comenta que no imaginário lúdico das crianças, qualquer objeto e até um dedo podem virar uma armaPsicopedagoga Luciana Rocha comenta que no imaginário lúdico das crianças, qualquer objeto e até um dedo podem virar uma arma

Formação de valores de vida 

“A criança, principalmente na primeira infância, está na fase de formação de hábitos, de caráter, da personalidade, mas isso aí depende muito do entorno dela, de que forma ela vive. A gente encontra algumas crianças que vivem num ambiente agressivo mas têm uma capacidade, uma resiliência, que não se envolvem. Outras não; elas usam aquilo de forma a se espelhar — porque a criança passa por essa fase de identificação  com os pais, com os responsáveis. E se ela vive num ambiente que o pai, o responsável, faz uso disso, ou até não faz uso da arma em si, mas é um ambiente hostil, agressivo, a criança pode, de alguma forma, usar aquilo ali como um estímulo. Acho que a proibição da venda de armas de brinquedo é uma medida prudente, mas ela por si não basta. A questão passa mais pela educação do que simplesmente pela retirada do brinquedo de arma.”

Papel da escola 
“O papel da escola é estar junto à família nessa formação de valores, nessa orientação aos pais, para que possa formar essa criança de uma maneira positiva, digamos assim. Não se pode negar mais, porque os noticiários estão aí, os jogos estão aí, os brinquedos estão aí, mas é muito importante acompanhar; e para isso, é tanto a escola quanto a família. “Ah, eu vou proibir meu filho de assistir a um filme, de jogar determinado jogo...” Muitas vezes é importante olhar com ele  e dizer: “Será que isso é legal?”, “Você acha que esse tipo de jogo é um jogo legal, que você tem que matar para ganhar pontos?” E aí refletir com a criança e dizer: “Não é legal você jogar”. Mas criar também esse ambiente de restringir muito a criança cria curiosidade, porque o mundo está aí, a violência está aí.”

Só tirar o brinquedo basta? 
“A internet e os jogos eletrônicos podem estimular da mesma forma, tanto quanto a arma de brinquedo. Porque a arma em si é uma réplica, mas principalmente a criança pequena, quando ela está no jogo do faz de conta, tudo pode virar qualquer coisa. O próprio dedinho vira arma! Qualquer coisa, qualquer brinquedo vira uma arma para a criança. Então, não é o brinquedo em si, mas o conceito, a simbologia. De qual forma as pessoas da minha casa vêm a arma e a violência? De qual forma minha escola lida com isso? A sugestão é: esteja atento, acompanhe seu filho em todas as questões, acompanhe os coleguinhas, as outras famílias, os jogos, os vídeos e faça uma leitura crítica com ele, porque isso vai continuar a existir.  Você pode até fazer a opção que ele não assista determinado programa, mas é interessante que alguma vez você sente com ele e explique porque não quer que ele assista. Não adianta esconder da criança, porque o acesso ela tem, basta clicar na internet. É poder estar junto para discutir com, para avaliar com.”

Brinquedos educativos   
“Acho que o brinquedo que não vem acabado é muito interessante. Hoje já existem algumas opções de brinquedos assim. Por exemplo, o jogo da memória que não vem concluído; a criança vai ter que pintar para formar aquele jogo da memória, vai pintar para mostrar o jogo da velha. A criança se sente muito importante  em realizar algo, em ser autora de algo. Então, esses jogos que não vêm prontos , esses brinquedos,  eu acho que é uma opção muito interessante para a criança. Não é aquele brinquedo que ela usa por cinco minutos e perde o interesse, porque esse ela concluiu, ela preparou. E para crianças maiores, jogos  que permitam a interação. Acho que a palavra de ordem é interagir  com a criança, porque as atividades que são prazerosas, as lembranças que ficam para as crianças são esses momentos que foram vividos com os pais e com a família. 

Então, algo que permita a família jogar junto, que permita brincar junto, que a criança não fique sozinha. Hoje o que se vê em casa  são muitas crianças que ficam uma com o celular, outra  com o iPad, outra com o computador. A família está junta mas é cada um no seu mundo. Jogos, atividades, brinquedos que permitam a interação.”

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